São Paulo, terça-feira, 29 de setembro de 2009

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FMI elevará previsão de crescimento global

No ano que vem, a economia do mundo crescerá 3%, e não 2,5%, afirmou Murilo Portugal, diretor-adjunto do Fundo

O desemprego nos países ricos e a fraqueza dos seus bancos, que não voltaram a emprestar com vigor, são riscos à retomada, diz

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O FMI (Fundo Monetário Internacional) vai revisar as suas projeções para o desempenho da economia mundial neste ano e no próximo, disse ontem Murilo Portugal, diretor-adjunto do organismo. Em 2009, o PIB (Produto Interno Bruto) global deve recuar 1% -e não mais 1,3%, como colocado em julho último. A previsão de aumento para 2010 foi elevada de 2,5% para 3%.
"O ritmo da retomada está mais forte do que inicialmente esperávamos", afirmou Portugal ao justificar a decisão, a ser anunciada oficialmente hoje ou amanhã. Ele participou do congresso do setor manufatureiro realizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) na capital paulista.
Apesar de o cenário se mostrar mais favorável, ainda há "riscos importantes" no caminho, alertou o executivo. "A força e a sustentabilidade" do reerguimento são "bastante incertas". Até agora, frisa o diretor-adjunto do FMI, os progressos se devem a fatores temporários, como a reposição dos estoques das indústrias, que foram muito reduzidos nos dois primeiros trimestres do ano, e os pacotes de estímulo fiscal lançados por diversos governos. "Tais medidas perderão força ao longo do tempo."
Por isso, preocupa, primeiramente, o alto desemprego nos países desenvolvidos. "O consumo privado, que é o principal componente do crescimento na maioria dos países, ficará fraco, e portanto a recuperação será gradual", explicou Portugal. Além disso, os bancos das nações mais avançadas, embora tenham sido recapitalizados, não possuem recursos suficientes para voltar a emprestar com vigor ao setor privado.
A recomendação do Fundo para os países onde a expansão da atividade se mostra mais fraca é de que mantenham sua política monetária de juros baixos e os estímulos fiscais.

Melhor do que o mundo
Portugal não quis adiantar os novos números do FMI a respeito do Brasil. Comentou apenas que o país "vai avançar mais do que a média global [em 2010] e lidera a retomada da América Latina graças a políticas adotadas para enfrentar a crise e a boas medidas que já vigoravam antes, como o câmbio flutuante, a responsabilidade fiscal e o controle da inflação".
De acordo com ele, o maior risco para a economia brasileira seria uma recaída do crescimento mundial, o que é improvável. "Os perigos que apontei [acima] são manejáveis."
A pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central com os analistas de mercado financeiro, aponta uma alta de 4,5% do PIB nacional no ano que vem.


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