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FMI elevará previsão de crescimento global
No ano que vem, a economia do mundo crescerá 3%, e não 2,5%, afirmou Murilo Portugal, diretor-adjunto do Fundo
O desemprego nos países ricos e a fraqueza dos seus bancos, que não voltaram
a emprestar com vigor,
são riscos à retomada, diz
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) vai revisar as
suas projeções para o desempenho da economia mundial neste ano e no próximo, disse ontem Murilo Portugal, diretor-adjunto do organismo. Em
2009, o PIB (Produto Interno
Bruto) global deve recuar 1%
-e não mais 1,3%, como colocado em julho último. A previsão de aumento para 2010 foi
elevada de 2,5% para 3%.
"O ritmo da retomada está
mais forte do que inicialmente
esperávamos", afirmou Portugal ao justificar a decisão, a ser
anunciada oficialmente hoje ou
amanhã. Ele participou do congresso do setor manufatureiro
realizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo) na capital paulista.
Apesar de o cenário se mostrar mais favorável, ainda há
"riscos importantes" no caminho, alertou o executivo. "A
força e a sustentabilidade" do
reerguimento são "bastante incertas". Até agora, frisa o diretor-adjunto do FMI, os progressos se devem a fatores temporários, como a reposição dos
estoques das indústrias, que foram muito reduzidos nos dois
primeiros trimestres do ano, e
os pacotes de estímulo fiscal
lançados por diversos governos. "Tais medidas perderão
força ao longo do tempo."
Por isso, preocupa, primeiramente, o alto desemprego nos
países desenvolvidos. "O consumo privado, que é o principal
componente do crescimento
na maioria dos países, ficará
fraco, e portanto a recuperação
será gradual", explicou Portugal. Além disso, os bancos das
nações mais avançadas, embora tenham sido recapitalizados,
não possuem recursos suficientes para voltar a emprestar com
vigor ao setor privado.
A recomendação do Fundo
para os países onde a expansão
da atividade se mostra mais fraca é de que mantenham sua política monetária de juros baixos
e os estímulos fiscais.
Melhor do que o mundo
Portugal não quis adiantar os
novos números do FMI a respeito do Brasil. Comentou apenas que o país "vai avançar mais
do que a média global [em
2010] e lidera a retomada da
América Latina graças a políticas adotadas para enfrentar a
crise e a boas medidas que já vigoravam antes, como o câmbio
flutuante, a responsabilidade
fiscal e o controle da inflação".
De acordo com ele, o maior
risco para a economia brasileira seria uma recaída do crescimento mundial, o que é improvável. "Os perigos que apontei
[acima] são manejáveis."
A pesquisa Focus, realizada
semanalmente pelo Banco
Central com os analistas de
mercado financeiro, aponta
uma alta de 4,5% do PIB nacional no ano que vem.
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