São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

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PREÇOS

Estimada em 0,50%, taxa deste mês deverá ficar em 1,10%, prevê a Fipe

Dólar e alimentos mantêm em alta a inflação em SP

Moacyr Lopes Junior - 18.out.02/Folha Imagem
O economista Heron do Carmo, coordenador do IPC da Fipe


DA REDAÇÃO

Alimentos e dólar não permitirão o recuo previsto na inflação neste mês. Estimada inicialmente em 0,50%, a taxa deverá ficar em 1,10%, conforme nova previsão da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) feita ontem.
Apesar desse novo salto da taxa, o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, Heron do Carmo, não quer rever a estimativa para este ano.
O economista quer aguardar o término desta primeira semana após as eleições para uma eventual revisão. Se as expectativas forem favoráveis, ele manterá a estimativa de 5,50% porque acredita no recuo do dólar para R$ 3,20 até o final do ano. Uma pressão menor do dólar inibiria novos reajustes de preços dos alimentos na cidade de São Paulo.
"Os alimentos explicam a puxada de preços no IPC nas últimas semanas. Eles vêm sendo pressionados pelo dólar, que mantém ondas de repique desde 99", diz o economista da Fipe.
A taxa de inflação vive duas pressões de câmbio neste final de ano. Uma mais direta, como as sobre os combustíveis, e outra mais diluída. Esta última vem sendo repassada aos poucos, conforme as mudanças de patamar da moeda norte-americana, e se manifesta nos preços de embalagens, das tarifas públicas etc.
A alta da moeda norte-americana deu novo impulso aos preços de vários produtos que se mantinham calmos desde o apagão. Muitos desses produtos sobem de preço porque têm componentes importados. Outros sobem porque parte das matérias-primas utilizadas na fabricação são exportáveis e, consequentemente, são reajustadas conforme a alta do dólar.
Na lista dos produtos que mais subiram de preço nos últimos 30 dias, a Fipe incluiu aparelhos de televisão, videocassete, geladeiras, freezer, máquina de lavar, forno de microondas, ferro elétrico, microcomputador, alimentos industrializados (margarina, pão, macarrão e óleo de soja), móveis e produtos de higiene e de limpeza.
Apesar da alta generalizada, um setor ainda segura a inflação: o de serviços. Os aluguéis mantêm queda e os reajustes de serviços médicos e de dentistas são inferiores aos da inflação média.
Na terceira quadrissemana, o aumento médio dos preços em São Paulo foi de 1,07%, acima do 0,89% da quadrissemana imediatamente anterior.
Heron do Carmo reafirmou a previsão de inflação em 2003 menor do que a deste ano. Basta o governo não afrouxar na política econômica, diz ele. Heron afirma que, "se o governo afrouxar, poderá pôr tudo a perder".


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