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Desprotegida e com receita em reais,
empresa sofre com a alta do dólar
ISABEL CAMPOS
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Da dívida de US$ 2,63 bilhões
que a Globopar tinha em 31 de
março, data do último balanço
publicado, US$ 2,21 bilhões eram
em moeda estrangeira, ou 84% da
dívida. Neste ano, vencem US$
562 milhões. No próximo dia 12 a
empresa tem de quitar US$ 53,8
milhões em eurobônus.
Com esse perfil de endividamento, a Globopar vive um dilema comum a todas as empresas
brasileiras endividadas em moeda estrangeira. Quitar débitos no
momento em que o dólar está no
pico das cotações, após subir 63%
no ano, ou tentar esticar os prazos
e voltar a fazer pagamentos dentro de alguns meses, quando o
câmbio pode se acalmar após a
posse do novo governo.
A disparada do dólar pegou a
empresa desprotegida. Segundo
analistas, a maior parte da receita
da Globopar é em reais e haveria
hedge (proteção cambial) apenas
de uma pequena parte das dívidas
de curto prazo. Além disso, a empresa passa por dificuldades de
caixa, segundo analistas.
Em julho, a Standard & Poor's
rebaixou de "B+" para "B" os ratings de crédito corporativos da
Globopar e da TV Globo. Segundo a agência de avaliação de riscos
informou na época, "o ambiente
macroeconômico brasileiro hostil
traz incertezas significativas sobre
a possibilidade de as receitas com
anunciantes se manterem nos níveis atuais, bem como a de o grupo levar adiante suas estratégias
de negócios e financeira".
Segundo analistas, o rating da
Globopar deve ser rebaixado de
novo após a decisão de ontem. Isso poderá dificultar mais as negociações de outras empresas brasileiras endividadas no exterior.
A Globopar informou que já está negociando com alguns dos
seus credores e que contratou a
Goldman Sachs para assessorá-la.
"Fomos contratados pela Globopar para ajudar na reavaliação do
processo e na missão de atrair novos investidores no mercado externo", limitou-se a dizer Andrea
Rachman, porta-voz do Goldman
Sachs em Nova York.
Colaborou Sérgio Dávila, de Nova York
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