São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desprotegida e com receita em reais, empresa sofre com a alta do dólar

ISABEL CAMPOS
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Da dívida de US$ 2,63 bilhões que a Globopar tinha em 31 de março, data do último balanço publicado, US$ 2,21 bilhões eram em moeda estrangeira, ou 84% da dívida. Neste ano, vencem US$ 562 milhões. No próximo dia 12 a empresa tem de quitar US$ 53,8 milhões em eurobônus.
Com esse perfil de endividamento, a Globopar vive um dilema comum a todas as empresas brasileiras endividadas em moeda estrangeira. Quitar débitos no momento em que o dólar está no pico das cotações, após subir 63% no ano, ou tentar esticar os prazos e voltar a fazer pagamentos dentro de alguns meses, quando o câmbio pode se acalmar após a posse do novo governo.
A disparada do dólar pegou a empresa desprotegida. Segundo analistas, a maior parte da receita da Globopar é em reais e haveria hedge (proteção cambial) apenas de uma pequena parte das dívidas de curto prazo. Além disso, a empresa passa por dificuldades de caixa, segundo analistas.
Em julho, a Standard & Poor's rebaixou de "B+" para "B" os ratings de crédito corporativos da Globopar e da TV Globo. Segundo a agência de avaliação de riscos informou na época, "o ambiente macroeconômico brasileiro hostil traz incertezas significativas sobre a possibilidade de as receitas com anunciantes se manterem nos níveis atuais, bem como a de o grupo levar adiante suas estratégias de negócios e financeira".
Segundo analistas, o rating da Globopar deve ser rebaixado de novo após a decisão de ontem. Isso poderá dificultar mais as negociações de outras empresas brasileiras endividadas no exterior.
A Globopar informou que já está negociando com alguns dos seus credores e que contratou a Goldman Sachs para assessorá-la. "Fomos contratados pela Globopar para ajudar na reavaliação do processo e na missão de atrair novos investidores no mercado externo", limitou-se a dizer Andrea Rachman, porta-voz do Goldman Sachs em Nova York.


Colaborou Sérgio Dávila, de Nova York

Texto Anterior: Empresas: Globopar diz que vai "reescalonar" dívida
Próximo Texto: Transe: Dólar e risco sobem em dia de cautela
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.