São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONJUNTURA

Presidentes de empresas iniciam previsões sobre a economia com Lula; inflação deve superar a deste ano, avaliam

Múltis fazem "relatório 2003" para matrizes

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Chegou a hora de as multinacionais instaladas no país enviarem às matrizes os relatórios anuais a respeito das previsões de desempenho no país em 2003. Presidentes de empresas começam a se debruçar sobre as estimativas de produção, taxas de juros, câmbio e inflação para o próximo ano. Com a avaliação fechada, enviam o material às matrizes no exterior.
No relatório interno da Colgate, a companhia estima inflação superior a 40% em 2003, segundo a Folha apurou. A empresa nega. A Voith Siemens, que produz equipamentos para usinas hidrelétricas, já conta com o adiamento de projetos e queda de 30% na produção a partir de março.
Companhias estrangeiras da área eletrônica (TVs e videocassetes), que precisam prestar contas lá fora, estimam inflação entre 10% e 12%. E esperam desempenho semelhante ao deste ano.
As previsões são feitas, e discutidas com a matriz, ao se considerar expectativas a respeito de atividade econômica, preços e renda disponível, basicamente. Os relatórios são elaborados normalmente neste mês e enviados no próximo.
Neste ano, por conta das eleições presidenciais, algumas empresas informaram que ocorreriam atrasos devido ao cenário de incerteza política.
Com isso, as avaliações são elaboradas agora e enviadas nas próximas semanas, como informa a Panasonic, fabricante de eletroeletrônicos.
"Vamos começar a preparar isso na próxima semana e acho que as empresas vão ter de mexer nessas avaliações para traçar um cenário próximo da realidade", diz Rui Pena, diretor comercial da companhia.
A empresa deve comunicar aos japoneses uma expectativa de inflação entre 10% e 12% em 2003. Até setembro, o IPCA estava em 7,93%. Não deve haver revisão nesse relatório da empresa.

Por telefone
Dependendo da situação, as companhias têm espaço para rever previsões. A tendência é as companhias jogarem com perspectivas negativas e, caso o cenário melhore durante os primeiros meses do ano, rever parte desses dados.
"Algumas exageram nos números. Até porque, se o cenário se concretizar, elas podem dizer: "Eu avisei'", diz um ex-presidente de multinacional.
"Nós reportamos nossos dados financeiros à matriz trimestralmente. Já as expectativas e previsões são sempre rediscutidas. Quando a situação econômica do país se torna mais instável, então os contatos ficam constantes", afirma o presidente da Voith Siemens Hydro (VSH), Julio Fenner. "Em situações de crise, a linha telefônica esquenta", disse ele.
Na opinião do executivo, a inflação deve ficar dois ou três pontos percentuais acima da verificada neste ano. Segundo ele, o mais difícil é explicar "a mudança de humor tão brusca" na economia aos estrangeiros. "É complicado explicar tantas coisas. Até porque, tanto a disparada do dólar como a retração interna aconteceram muito depressa", diz Fenner.


Texto Anterior: Transe: Dólar e risco sobem em dia de cautela
Próximo Texto: Mercado: Ação de exportadoras dá fôlego à Bovespa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.