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CONJUNTURA
Presidentes de empresas iniciam previsões sobre a economia com Lula; inflação deve superar a deste ano, avaliam
Múltis fazem "relatório 2003" para matrizes
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Chegou a hora de as multinacionais instaladas no país enviarem
às matrizes os relatórios anuais a
respeito das previsões de desempenho no país em 2003. Presidentes de empresas começam a se debruçar sobre as estimativas de
produção, taxas de juros, câmbio
e inflação para o próximo ano.
Com a avaliação fechada, enviam
o material às matrizes no exterior.
No relatório interno da Colgate,
a companhia estima inflação superior a 40% em 2003, segundo a
Folha apurou. A empresa nega. A
Voith Siemens, que produz equipamentos para usinas hidrelétricas, já conta com o adiamento de
projetos e queda de 30% na produção a partir de março.
Companhias estrangeiras da
área eletrônica (TVs e videocassetes), que precisam prestar contas
lá fora, estimam inflação entre
10% e 12%. E esperam desempenho semelhante ao deste ano.
As previsões são feitas, e discutidas com a matriz, ao se considerar
expectativas a respeito de atividade econômica, preços e renda disponível, basicamente. Os relatórios são elaborados normalmente
neste mês e enviados no próximo.
Neste ano, por conta das eleições presidenciais, algumas empresas informaram que ocorreriam atrasos devido ao cenário de
incerteza política.
Com isso, as avaliações são elaboradas agora e enviadas nas próximas semanas, como informa a
Panasonic, fabricante de eletroeletrônicos.
"Vamos começar a preparar isso na próxima semana e acho que
as empresas vão ter de mexer nessas avaliações para traçar um cenário próximo da realidade", diz
Rui Pena, diretor comercial da
companhia.
A empresa deve comunicar aos
japoneses uma expectativa de inflação entre 10% e 12% em 2003.
Até setembro, o IPCA estava em
7,93%. Não deve haver revisão
nesse relatório da empresa.
Por telefone
Dependendo da situação, as
companhias têm espaço para rever previsões. A tendência é as
companhias jogarem com perspectivas negativas e, caso o cenário melhore durante os primeiros
meses do ano, rever parte desses
dados.
"Algumas exageram nos números. Até porque, se o cenário se
concretizar, elas podem dizer: "Eu
avisei'", diz um ex-presidente de
multinacional.
"Nós reportamos nossos dados
financeiros à matriz trimestralmente. Já as expectativas e previsões são sempre rediscutidas.
Quando a situação econômica do
país se torna mais instável, então
os contatos ficam constantes",
afirma o presidente da Voith Siemens Hydro (VSH), Julio Fenner.
"Em situações de crise, a linha telefônica esquenta", disse ele.
Na opinião do executivo, a inflação deve ficar dois ou três pontos
percentuais acima da verificada
neste ano. Segundo ele, o mais difícil é explicar "a mudança de humor tão brusca" na economia aos
estrangeiros. "É complicado explicar tantas coisas. Até porque,
tanto a disparada do dólar como a
retração interna aconteceram
muito depressa", diz Fenner.
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