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TECNOLOGIA
Técnica mostra sintomas antes que apareçam
Diagnóstico precoce do cancro cítrico pode ser feito com laser
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma técnica -ainda em fase
experimental- já é capaz de fazer um diagnóstico do cancro cítrico antes mesmo que os primeiros sintomas se manifestem.
O método em questão é o uso
do laser. O projeto é conduzido
pelos pesquisadores do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) em parceria com a USP
(Universidade de São Paulo) de
São Carlos.
A idéia de usar o laser para diagnosticar o cancro cítrico foi desenvolvida a partir da aplicação
do mesmo método na detecção
de alguns tipos de câncer em seres
humanos. Atualmente, o Brasil é
o único país a testar a tecnologia e
o seu uso foi patenteado pelas instituições envolvidas no projeto.
A técnica consiste em direcionar o laser para a parte da planta a
ser examinada. Nas plantas doentes, as bactérias causadoras da
doença refletem uma luz diferente da que seria emitida por uma
planta saudável.
Segundo especialistas, a nova
tecnologia pode vir a substituir o
método tradicional de diagnóstico da doença. Hoje, as inspeções
são feitas por amostragem direta
no campo. Os técnicos fazem a
identificação visual nas folhas das
plantas à procura de manchas típicas da doença que aparecem
nas folhas e nos frutos.
Em talhões onde não há histórico da doença, 20% das árvores são
vistoriadas. Nos outros, onde já
houve casos registrados, os inspetores têm que examinar todas as
plantas.
No entanto a tarefa torna-se
complicada em árvores adultas
-com mais de cinco anos. "Essas
plantas, em geral, têm mais de 40
mil folhas, e a doença pode se manifestar em apenas duas folhas,
por exemplo", afirma José Belasque, pesquisador do Fundecitrus.
Escala comercial
Com a utilização do laser, a inspeção dos pomares seria facilitada, mas o desafio dos pesquisadores é tornar a aplicação da técnica
viável no campo.
Hoje, o aparelho utilizado no laboratório consegue emitir um feixe de luz de 10 cm de diâmetro.
Para abranger o grande número
de árvores nos laranjais, os pesquisadores do Fundecitrus afirmam que seria necessária a criação de um equipamento semelhante a um farol portátil.
O projeto foi encaminhado ao
CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e à Fapesp (Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo). A expectativa dos
pesquisadores do Fundecitrus é
que em seis meses o aparelho possa ser utilizado nas lavouras. Espera-se que em dois anos ele possa ser utilizado em escala comercial.
Cancro cresce
Enquanto a tecnologia não chega para o produtor, levantamento
anual realizado pelo Fundecitrus
revela que 0,11% dos 10 milhões
de plantas visitados pela instituição estão contaminados. Em
2001, o índice era de 0,08%.
O maior volume de chuvas neste ano é o principal culpado pelo
aumento da doença, já que a bactéria causadora do cancro cítrico- Xanthomanas axonopodis- é transmitida pelas chuvas e
também por ventos.
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