|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA VERDE
Blitz aponta presença de grãos transgênicos; exportadores do vizinho estimam perdas em até US$ 35 milhões
Porto do PR barra soja paraguaia e país reage
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARANAGUÁ
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Os primeiros testes da blitz desencadeada ontem pela administração do porto de Paranaguá
(PR) em armazéns e silos acusaram presença de soja transgênica
no terminal de exportação do Paraguai. O superintendente dos
portos de Paranaguá e Antonina,
Eduardo Requião, anunciou a interdição do estoque.
Ele disse que pode impedir o Paraguai de usar a estrutura que pertence ao governo paranaense para
embarcar a soja. O superintendente se baseia na lei que proibiu
organismos geneticamente modificados no Estado, sancionada anteontem por seu irmão, o governador Roberto Requião (PMDB).
A proibição de escoar a soja e as
consequentes perdas para a economia paraguaia provocaram
reunião de urgência a ser realizada hoje entre exportadores paraguaios e o ministro da Agricultura
do país, Antonio Ibañez.
Os paraguaios projetam perdas
de até US$ 35 milhões com a proibição das exportações. ""Estamos
preocupados. Há custos logísticos, como o do frete, e o da própria demora dos produtos para
chegar a seu destino. A situação é
grave", diz o presidente da Câmara Paraguaia de Exportadores de
Cereais e Oleaginosas, César Jure.
As análises foram realizadas em
amostras de um estoque de pouco
mais de mil toneladas no terminal
controlado pela ADM, uma multinacional de importação e exportação de grãos que há quatro anos
obteve do governo paraguaio o
direito de movimentar a soja daquele país no porto paranaense.
Testes realizados em estoque de
produto brasileiro em um segundo armazém controlado pela
mesma empresa também indicaram resíduos de transgênicos.
Nos próximos quatro dias a
blitz vai atingir mais três terminais -todos de empresas brasileiras. O período é de entressafra,
e o volume do estoque residual
nos armazéns é de 70 mil toneladas. Segundo o diretor técnico do
porto, Ogarito Linhares, o próximo navio para o embarque de soja atraca amanhã, vindo da Argentina e com destino à Itália. Paranaguá escoou neste ano 5,6 milhões de toneladas de soja.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Maçao Tadano, disse que
existe conflito entre a legislação
estadual e a federal, que autorizou
a comercialização de transgênicos
na atual safra. Além disso, decreto
de 1957 considera o porto de Paranaguá um entreposto franco,
no quais as mercadorias poderiam circular livremente. O porto
é federal, mas o Estado tem concessão para administrá-lo.
Colaborou a Sucursal de Brasília
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Rio Grande do Sul se coloca como opção Índice
|