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São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2003

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GUERRA VERDE

Blitz aponta presença de grãos transgênicos; exportadores do vizinho estimam perdas em até US$ 35 milhões

Porto do PR barra soja paraguaia e país reage

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARANAGUÁ
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Os primeiros testes da blitz desencadeada ontem pela administração do porto de Paranaguá (PR) em armazéns e silos acusaram presença de soja transgênica no terminal de exportação do Paraguai. O superintendente dos portos de Paranaguá e Antonina, Eduardo Requião, anunciou a interdição do estoque.
Ele disse que pode impedir o Paraguai de usar a estrutura que pertence ao governo paranaense para embarcar a soja. O superintendente se baseia na lei que proibiu organismos geneticamente modificados no Estado, sancionada anteontem por seu irmão, o governador Roberto Requião (PMDB).
A proibição de escoar a soja e as consequentes perdas para a economia paraguaia provocaram reunião de urgência a ser realizada hoje entre exportadores paraguaios e o ministro da Agricultura do país, Antonio Ibañez.
Os paraguaios projetam perdas de até US$ 35 milhões com a proibição das exportações. ""Estamos preocupados. Há custos logísticos, como o do frete, e o da própria demora dos produtos para chegar a seu destino. A situação é grave", diz o presidente da Câmara Paraguaia de Exportadores de Cereais e Oleaginosas, César Jure.
As análises foram realizadas em amostras de um estoque de pouco mais de mil toneladas no terminal controlado pela ADM, uma multinacional de importação e exportação de grãos que há quatro anos obteve do governo paraguaio o direito de movimentar a soja daquele país no porto paranaense.
Testes realizados em estoque de produto brasileiro em um segundo armazém controlado pela mesma empresa também indicaram resíduos de transgênicos.
Nos próximos quatro dias a blitz vai atingir mais três terminais -todos de empresas brasileiras. O período é de entressafra, e o volume do estoque residual nos armazéns é de 70 mil toneladas. Segundo o diretor técnico do porto, Ogarito Linhares, o próximo navio para o embarque de soja atraca amanhã, vindo da Argentina e com destino à Itália. Paranaguá escoou neste ano 5,6 milhões de toneladas de soja.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Maçao Tadano, disse que existe conflito entre a legislação estadual e a federal, que autorizou a comercialização de transgênicos na atual safra. Além disso, decreto de 1957 considera o porto de Paranaguá um entreposto franco, no quais as mercadorias poderiam circular livremente. O porto é federal, mas o Estado tem concessão para administrá-lo.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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