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CAPITALISMO VERMELHO
Para tentar diminuir o ritmo de crescimento do país, governo decide elevar a taxa para 5,58%
Juros na China têm 1ª alta em nove anos
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
O banco central da China elevou
a taxa básica de juros do país pela
primeira vez em nove anos, em
uma indicação de que o governo
considera insuficientes as medidas adotadas até agora para controlar o ritmo de crescimento da
economia, que teve expansão de
9,5% nos nove primeiros meses
de 2004 em relação a igual período do ano passado.
Em nota veiculada em seu site
na internet, a autoridade monetária comunicou o aumento dos juros em 0,27 ponto percentual, o
que significa a elevação de 5,31%
para 5,58% da taxa básica de um
ano para operações de empréstimo. No caso de depósitos, a taxa
de referência de um ano passou
de 1,98% para 2,25%. O banco
central também ampliou a faixa
de flutuação dos juros para empréstimos em yuans.
Como a inflação do país está na
casa de 5%, porém, a taxa de juros
real chinesa é praticamente zero.
A do Brasil, por exemplo, beira os
10%, com taxa básica de 16,75%.
As mudanças entram em vigor
hoje, uma semana depois de o Departamento Nacional de Estatísticas divulgar que o PIB do terceiro
trimestre teve expansão de 9,1%
em relação ao terceiro trimestre
de 2003. Nos três meses anteriores, o crescimento havia sido de
9,7%.
Na nota oficial, o banco central
afirma que a alta dos juros tem o
objetivo de "consolidar os ajustes
macroeconômicos" adotados pelo governo e manter o "contínuo,
rápido, coordenado e saudável
desenvolvimento da economia
nacional".
Desde abril, o governo vem adotando medidas para frear o ritmo
de crescimento, considerado insustentável. Naquele mês, o banco central elevou de 7,0% para
7,5% o depósito compulsório que
os bancos têm de manter junto à
autoridade monetária, o que tirou
de circulação US$ 13 bilhões.
Medida clássica
A partir de então, o governo optou por medidas de caráter administrativo, como o veto a novos
empréstimos a setores superaquecidos da economia, entre os
quais aço e cimento. A alta dos juros é a primeira decisão clássica
de política monetária a ser adotada nos últimos seis meses.
Apesar de reduzir o ritmo de expansão no terceiro trimestre, a
economia ainda cresceu bem acima dos 7% projetados pelo primeiro-ministro Wen Jiabao no
início do ano. A alta dos investimentos também desacelerou o
passo, mas acumulou expansão
de 27,7% nos primeiros nove meses do ano, comparados a 30,3%
no período janeiro-agosto.
A inflação é outra fonte de preocupação da autoridade monetária. Nos últimos três meses, o Índice de Preços ao Consumidor subiu acima do estimado pelo governo. Em julho, o indicador foi
de 5,0% e, nos dois meses seguintes, 5,3%. A expectativa do governo era que a inflação estivesse
próxima de 3% em setembro.
A alta na taxa de juros vinha
sendo defendida por vários economistas chineses e foi objeto de
editorial publicado na semana
passada no "Diário do Povo", jornal oficial do Partido Comunista
da China.
As medidas adotadas nos últimos meses foram insuficientes
para esfriar determinados setores
da economia. Um dos mais impermeáveis às decisões governamentais é o segmento imobiliário,
que teve alta de preços de 9,9% no
terceiro trimestre de 2004, comparado a igual período do ano
passado.
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