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RETOMADA
Mercado de trabalho não segue ritmo de crescimento, dizem analistas
Criação de empregos perde força em São Paulo
EPAMINONDAS NETO
DA FOLHA ONLINE
A recuperação do mercado de
trabalho continua firme na Grande São Paulo, mas a velocidade da
criação de postos já não é a mesma do primeiro semestre, segundo pesquisa da Fundação Seade e
do Dieese. A taxa de desemprego
caiu em setembro pelo quinto
mês consecutivo e atingiu 17,9%,
a menor taxa desde janeiro de
2002.
No final do primeiro semestre
foram criadas três vezes mais postos que no início deste semestre.
Entre maio e junho, o saldo de novas vagas foi de 107 mil na região,
enquanto de agosto a setembro
não passou de 25 mil.
"Estamos gerando postos de
trabalho, mas num ritmo menor", afirmou ontem Sinésio Pires Ferreira, diretor-adjunto de
análise socioeconômica da Fundação Seade.
Para os técnicos de ambas as
instituições, o mercado de trabalho não acompanhou o crescimento da economia. Uma das hipóteses é que os investimentos
em tecnologia e na produtividade
diminuíram a necessidade de novas contratações.
Clemente Ganz Lúcio, diretor
técnico do Dieese, diz que os recentes anos de baixo crescimento
econômico afetaram a disposição
das empresas de contratar. Com
isso, elas fizeram ajustes para trabalhar com o limite da força de
trabalho necessária.
Para recompor os empregos
perdidos, afirma Lúcio, será necessário um período de crescimento continuado de pelo menos
cinco anos.
Comércio desemprega
O comércio foi o setor que mais
demitiu em setembro. O setor
despediu 45 mil pessoas, enquanto a indústria empregou 13 mil e o
setor de serviços contratou outros
46 mil.
"Nos meses anteriores, o comércio foi o que mais contratou
gente. Agora, as empresas podem
ter feito ajustes", afirma Ferreira.
A mola propulsora das contrações na indústria foi o comércio
exterior, que acabou beneficiando
também o setor de serviços, especialmente em razão da terceirização.
O comércio, no entanto, pode
voltar a contratar nos próximos
meses com os dissídios salariais e
o pagamento do 13º salário.
Por outro lado, a indústria deve
contratar menos neste final do
ano.
O economista do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Júlio de Almeida, diz que a indústria já adiantou
as contrações para o final de ano e
que o ritmo de geração de postos
será menor.
Piora da qualidade
A pesquisa também detectou
uma retração da renda e uma deterioração da qualidade do postos
gerados por conta da contratação
sem carteira assinada.
O rendimento médio dos trabalhadores ocupados caiu de R$
1.015 para R$ 1.003 entre julho e
agosto.
Segundo o Dieese, o setor que
mais contratou sem carteira foi o
de serviços.
Nos últimos 12 meses, por
exemplo, houve um incremento
de 15,5% dos empregos sem carteira. Ao mesmo tempo, o aumento dos postos com carteira foi
de 4,2%, e dos autônomos, de
3,6%.
"No setor de serviços, você tem
uma contratação maior de pessoas sem carteira do que na indústria, ou ainda de pessoas de
forma terceirizada. Isso afeta o
rendimento", diz o diretor do
Dieese.
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