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Lula pode adotar meio-termo na economia
Nessa hipótese, Meirelles fica no BC, e Fazenda terá desenvolvimentista, para elevar crescimento sem descuidar da inflação
Presidente faz sinalização pública de que Mantega será mantido em eventual segundo mandato, mas analisa se precisará de troca
DO DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL
DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na disputa sobre os rumos da
política econômica, Lula pode
adotar um meio-termo, uma
"visão conciliadora", diz um auxiliar. Manter Guido Mantega
ou escolher alguém com perfil
desenvolvimentista para a Fazenda na busca de agradar ao
grupo liderado por Dilma
Rousseff, Tarso Genro e Marco
Aurélio Garcia.
Essa saída seria José Sergio
Gabrielli, de uma linha menos
paloccista. Economista como o
prefeito Fernando Pimentel,
tem agradado a Lula em reuniões sobre economia. Ele teria
ainda a simpatia do governador
eleito da Bahia, Jaques Wagner, um dos "vencedores" do
PT e amigo de Lula. Gabrielli
teria mais densidade política
do que Mantega.
Nessa hipótese, Meirelles ficaria no Banco Central, como
defende o grupo mais alinhado
com o ex-ministro Palocci, hoje
em desvantagem política.
Diante da maior força do outro grupo, Lula tem sido um
aliado tático do segundo grupo.
Antes havia Palocci para se
contrapor a Dilma. Como Mantega tenta ficar no cargo em
aliança com Dilma e Tarso, ele
não exerce esse contraditório.
Assim, Lula, conforme o ditado popular, "solta com uma
mão e puxa com a outra". Um
exemplo é o corte no Orçamento do ano que vem. O presidente sabe que, para fechar as contas, terá que cortar despesas.
Foi alertado por Paulo Bernardo (Planejamento) e já bancou
essa decisão. O tamanho dela é
que está em disputa.
Sobre Mantega ficar na Fazenda, Lula não quer estimular
turbulência desnecessária. Por
ora, tem dado sinais públicos
de que o ministro continuará,
mas analisa, em privado, a
eventualidade de uma troca.
Reservadamente, Lula tem
dito que deseja fazer modificações que levem o PIB do país a
crescer a 5% ao ano. No entanto, afirma também que não deseja fazer nenhuma loucura.
Sabe que a inflação baixa, que
aumentou o poder de compra
da população de baixa renda,
foi um dos grandes trunfos de
sua campanha pela reeleição.
Não estaria disposto a tomar
medidas que comprometessem
a conquista, o que conta a favor
de Meirelles no BC.
(VALDO CRUZ, KENNEDY ALENCAR e SHEILA D'AMORIM)
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