São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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Lula pode adotar meio-termo na economia

Nessa hipótese, Meirelles fica no BC, e Fazenda terá desenvolvimentista, para elevar crescimento sem descuidar da inflação

Presidente faz sinalização pública de que Mantega será mantido em eventual segundo mandato, mas analisa se precisará de troca

DO DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL
DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na disputa sobre os rumos da política econômica, Lula pode adotar um meio-termo, uma "visão conciliadora", diz um auxiliar. Manter Guido Mantega ou escolher alguém com perfil desenvolvimentista para a Fazenda na busca de agradar ao grupo liderado por Dilma Rousseff, Tarso Genro e Marco Aurélio Garcia.
Essa saída seria José Sergio Gabrielli, de uma linha menos paloccista. Economista como o prefeito Fernando Pimentel, tem agradado a Lula em reuniões sobre economia. Ele teria ainda a simpatia do governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, um dos "vencedores" do PT e amigo de Lula. Gabrielli teria mais densidade política do que Mantega.
Nessa hipótese, Meirelles ficaria no Banco Central, como defende o grupo mais alinhado com o ex-ministro Palocci, hoje em desvantagem política.
Diante da maior força do outro grupo, Lula tem sido um aliado tático do segundo grupo. Antes havia Palocci para se contrapor a Dilma. Como Mantega tenta ficar no cargo em aliança com Dilma e Tarso, ele não exerce esse contraditório.
Assim, Lula, conforme o ditado popular, "solta com uma mão e puxa com a outra". Um exemplo é o corte no Orçamento do ano que vem. O presidente sabe que, para fechar as contas, terá que cortar despesas. Foi alertado por Paulo Bernardo (Planejamento) e já bancou essa decisão. O tamanho dela é que está em disputa.
Sobre Mantega ficar na Fazenda, Lula não quer estimular turbulência desnecessária. Por ora, tem dado sinais públicos de que o ministro continuará, mas analisa, em privado, a eventualidade de uma troca.
Reservadamente, Lula tem dito que deseja fazer modificações que levem o PIB do país a crescer a 5% ao ano. No entanto, afirma também que não deseja fazer nenhuma loucura.
Sabe que a inflação baixa, que aumentou o poder de compra da população de baixa renda, foi um dos grandes trunfos de sua campanha pela reeleição. Não estaria disposto a tomar medidas que comprometessem a conquista, o que conta a favor de Meirelles no BC. (VALDO CRUZ, KENNEDY ALENCAR e SHEILA D'AMORIM)


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