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Odebrecht desiste de exclusividade em leilão do Madeira
Para evitar mais um adiamento, empreiteira acaba com restrição imposta a fornecedores de geradores e turbinas
Decisão foi comunicada ao Cade na sexta-feira pela empresa, que se antecipa a uma provável derrota no órgão na reunião de hoje
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para evitar um novo adiamento do leilão da hidrelétrica
de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), a empreiteira Norberto Odebrecht abriu mão dos
acordos de exclusividade com
fornecedores de equipamentos. Esses acordos são apontados como obstáculo à disputa
para construir e operar a usina,
uma das principais obras do
PAC (Programa de Aceleração
de Crescimento), e poderiam
aumentar o preço da energia a
ser produzida a partir de 2012.
A decisão foi comunicada pela Odebrecht na noite de sexta-feira ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Por meio dela, a empreiteira se antecipa a uma provável
derrota no órgão, em reunião
extraordinária marcada para
hoje. Os acordos de exclusividade com fornecedores de geradores e turbinas são objeto de
batalha jurídica e em órgãos de
defesa da concorrência desde
setembro.
A decisão ainda precisa formalmente do aval de Furnas
Centrais Elétricas, estatal parceira da empreiteira no negócio
de cerca de R$ 10 bilhões. Mas é
tida como fato consumado.
A expectativa é que a Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica) lance o edital do leilão
na quarta-feira, depois de definir a tarifa máxima pela venda
da energia a ser produzida.
"A Odebrecht abre mão de direitos para que o leilão da usina
de Santo Antônio se realize em
ambiente de absoluta tranqüilidade e segurança jurídica. E
também para que seja afastada
qualquer infundada alegação
de sua responsabilidade por
uma tarifa inadequada da energia", afirma comunicado divulgado ontem pela Odebrecht.
Em recurso ao STJ (Superior
Tribunal de Justiça) há duas semanas, a Advocacia Geral da
União admitiu adiar o leilão por
tempo indeterminado como alternativa à falta de concorrência, que poderia elevar em R$
8,5 bilhões o custo de construção da usina e em R$ 8 por megawatt-hora o preço da energia
a ser gerada pela hidrelétrica.
O governo já adiou quatro vezes o leilão, remarcado na semana passada para 10 de dezembro. Um novo adiamento
comprometeria os planos de
entrada em funcionamento das
primeiras das 44 turbinas de
Santo Antônio nos últimos meses de 2012.
"Qualquer novo adiamento
colocará em risco a segurança
energética e o crescimento sustentável do país", pondera a
própria Odebrecht na decisão,
comemorada pelo ministro
Nelson Hubner (Minas e Energia): "O ministério fica muito
satisfeito com a decisão da
Odebrecht e tem certeza de que
ela contribuirá para aumentar
a competitividade do leilão".
Como efeito prático da decisão, a General Electric fica liberada a negociar parcerias com
os demais grupos que disputarão o leilão.
Já as empresas Voith Siemens, Alstom e Va Tech ficarão
liberadas a fornecer equipamentos aos demais grupos caso
a Odebrecht perca o leilão.
Segundo análise da SDE (Secretaria de Direito Econômico), endossada por parecer da
Aneel, nenhuma das demais
empresas fornecedoras de geradores e turbinas detém fábrica no país. Ou seja, mantidos os
acordos, os concorrentes da
Odebrecht teriam de recorrer à
importação (sobre a qual incidiriam impostos extras) e ficariam impedidos de contratar financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A SDE chegou a suspender os
acordos de exclusividade por
meio de despacho publicado
em setembro, mas a empreiteira recorreu à Justiça e conseguiu manter a validade das parcerias acertadas em 2006.
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