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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Casas Bahia suspendem compras para não subir preços
Apesar de a crise ainda não
ter abalado as vendas nas Casas
Bahia, a maior rede de eletrodomésticos do país, a empresa
já está tomando algumas providências para não ser surpreendida mais na frente.
Uma das medidas tomadas
foi suspender as compras dos
fornecedores que estiverem
reajustando os preços em razão
da alta do dólar.
O objetivo de Michael Klein,
diretor-executivo das Casas
Bahia, ao tomar essa decisão, é
não frear as vendas. Mesmo
com toda essa crise, ele mantém a aposta de atingir a meta
de R$ 14 bilhões de faturamento neste ano, R$ 1 bilhão acima
do registrado em 2007.
"Estamos deixando de comprar dos fornecedores que estão subindo os preços", diz Michael Klein. "A minha preocupação é com o poder aquisitivo
da população."
O empresário sabe que a elevação dos preços afeta diretamente o poder aquisitivo da população. É esse efeito que ele
quer evitar ao rejeitar os aumentos de preços da indústria.
Nos últimos dias, Klein afirma que vários fornecedores começaram a subir os preços de
seus produtos usando o argumento da alta do dólar. Os reajustes vão de 10% a 30%, dependendo do peso do componente importado.
As TVs de plasma e de LCD
têm, por exemplo, cerca de 70%
de importados. Já as geladeiras,
mais ou menos 15%. As indústrias estão tentando repassar
para o comércio os efeitos da alta do dólar sobre os seus custos.
Klein não diz, no entanto,
quais são as empresas que estão
tentando repassar esses aumentos. Apenas afirma que só
está trabalhando com os fornecedores que estão mantendo os
seus preços.
Sobre a crise financeira global, Klein afirma que o cliente
das Casas Bahia ainda não sentiu seus efeitos. De acordo com
ele, o consumidor de baixa renda não está preocupado se a
ação da Vale caiu ou subiu 50%
ou 60% no ano, se o preço do
barril de petróleo despencou
para US$ 60 ou se quebrou algum banco americano, mas sim
com o seu emprego e com a manutenção do crédito.
Por isso, o empresário diz
que as vendas das Casas Bahia
não foram afetadas pela crise,
pelo menos por enquanto. A
empresa não só manteve os
preços como também as mesmas condições de financiamento -taxa de juros e prazo de pagamento.
De qualquer forma, Klein
afirma que vai esperar assentar
a poeira da crise para fazer o
planejamento da empresa para
2009. No ano passado, a empresa já estava com os planos
prontos para 2008.
"O mercado ainda está se
comportando de forma irracional. Não há condições de se planejar nada para 2009", diz
Klein. "O melhor é esperar o
mercado assentar para planejar
qualquer coisa."
Segundo Michael Klein, o
que ele observa, no entanto, é
que as empresas que não se endividaram, não dependem de
dinheiro de fora nem de capital
de giro dos bancos estão trabalhando normalmente, como o
caso das Casas Bahia. "A crise
ainda não chegou aqui."
SUSPENSO
HOLCIM ADIA PROGRAMA DE TRAINEE EM RAZÃO DA CRISE ECONÔMICA
A Holcim, uma das líderes de fornecimento de cimento e
concreto no Brasil, adiou seu programa de trainee previsto
para 2009 em razão do impacto da crise para a construção
civil. "As incertezas em relação aos rumos da economia poderiam prejudicar o cumprimento na íntegra das atividades", diz a empresa. A Holcim informa também que mantém
banco de dados dos candidatos e definirá os próximos passos
do trainee quando a situação econômica se normalizar.
CONSULTORIA DE CRÉDITO
Antonio Dabus, diretor da companhia de private equity
Trinity Investimentos, viu na crise global uma oportunidade
para impulsionar o serviço de consultoria de gestão de tesouraria da empresa. Antes da turbulência, a Trinity focava
a consultoria nas companhias em que realizava operações de
fusão e aquisição, mas agora oferece o atendimento como
um serviço à parte, que avalia soluções para a obtenção de
financiamentos, por exemplo. "Com o aperto do crédito, percebemos que as empresas precisavam de uma consultoria
para a gestão de crise em finanças", disse Dabus. Em apenas
20 dias, a Trinity conseguiu três clientes -dos setores de varejo de veículos, indústria de base e exportação de calçados.
Para Dabus, os empresários devem ser firmes na negociação
com os bancos e focar os investimentos no longo prazo.
DE CARONA
A Citroën está repensando os planos depois de sentir
a crise no Salão do Automóvel. O Grand C4 Picasso, importado da França, corre risco de ter o preço, hoje em
R$ 89 mil, elevado, segundo
Nívea Morato, diretora de
marketing da Citroën Brasil.
Já o novo C5, outro importado, que tinha previsão de
lançamento no Brasil no primeiro semestre de 2009, pode sofrer atraso. "Há uma
dúvida em relação a esse carro", diz. A expectativa de
crescimento estacionou. "Se
tivermos o mesmo crescimento deste ano está bom.
Não tem mais projeção de
crescer 25%."
JÓIA RARA
A indústria de jóias brasileira esperava alta expressiva nas vendas para o fim do
ano quando a crise chegou.
Hécliton Henriques, presidente do IBGM (instituto de
gemas e metais preciosos),
diz que "a expectativa era de
um Natal promissor, porque
as vendas vinham em alta".
Mas o cenário mudou. "Pelo
que sentimos, há uma redução de pedidos de até 30%."
Henriques, que participou
de uma feira com indústria e
varejo de jóias nos EUA, há
15 dias, diz que não houve
vendas para americanos.
ARIGATÔ
José Goldemberg, ex-reitor e professor da USP, ex-ministro do Meio Ambiente
e conselheiro do Instituto
Energias do Brasil, viaja ao
Japão no próximo mês para
receber o prêmio Blue Planet Prize 2008, o Nobel da
preservação ambiental, que
está na 17ª edição. O prêmio
é dado pela organização japonesa Asahi Glass Foundation. Goldemberg receberá
cerca de R$ 1,2 milhão.
À MESA
Os cereais matinais da
Nestlé ultrapassaram os da
Kelloggs pela primeira vez,
em setembro, segundo a
Nielsen. O "market share"
da Nestlé foi de 32,1%, o da
Kelloggs ficou em 31,2%.
TRANSPARENTE
O criminalista Antônio Sérgio de Moraes Pitombo, do Moraes Pitombo Advogados, que diz que, com a crise, o mercado de investigação de fraudes será aquecido porque empresas ficarão mais atentas na atuação de seus operadores para verificar se sofrem gestões temerárias
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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