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Prazo para pagar tributos pode ser ampliado
Governo estuda medida com o objetivo de deixar mais recursos com as empresas para serem usados como capital de giro
Maior empecilho à medida é a preocupação fiscal; regra vigoraria em 2009, quando a receita deverá cair com a desaceleração econômica
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o
governo estuda ampliar o prazo
para que as empresas paguem
seus tributos. O objetivo é liberar os recursos para capital de
giro, já que o empresariado está
com dificuldade para obter crédito nos bancos.
O maior empecilho para colocar a proposta em prática é a
preocupação fiscal. A medida
seria adotada no ano que vem,
quando a arrecadação deverá
cair por causa da desaceleração
da economia. Por outro lado, os
gastos continuarão crescendo,
já que o governo assumiu compromissos que afetam o Orçamento, como o aumento de salários dos servidores.
"Essa medida é cogitada. Mas
temos de ver o impacto da crise
nas contas públicas, por causa
da desaceleração da economia.
A redução dos lucros das empresas vai refletir na nossa arrecadação", disse Mantega em
debate no Encontro Nacional
da Indústria.
Com um tom mais pessimista do que vinha adotando, o ministro disse que o travamento
do crédito atingirá rapidamente a economia "real", ou seja, a
produção e o consumo. Segundo ele, os países em desenvolvimento têm a economia mais
fortalecida do que os desenvolvidos, que estão no centro da
turbulência financeira.
"Essa é uma crise de longa
duração, de uma magnitude
inédita que a nossa geração
nunca viu. Terá um forte impacto na economia real do
mundo todo. É impressionante
como o travamento do crédito
atinge rapidamente a economia real", afirmou Mantega.
O alargamento dos prazos
para pagar tributos foi um pedido da CNI (Confederação Nacional da Indústria) há três semanas. Seu presidente, o deputado Armando Monteiro Neto
(PTB-PE), estima que o prazo
médio de pagamento de tributos seja de 30 dias a partir do fato gerador, isto é, do fechamento do negócio a ser tributado.
A CNI sugere que o prazo
médio passe de 30 dias para 60
dias, por seis meses, a partir do
ano que vem. Para Monteiro
Neto, isso vai ajudar a liberar o
equivalente a 25% do faturamento médio das empresas. A
CNI pede que os tributos estaduais também entrem na medida, o que vai exigir negociação
com os governadores.
Em 2006, o governo aprovou
uma lei que estende o prazo de
pagamento dos principais tributos das empresas. Não entrou na mudança a cobrança de
tributos sobre o lucro, que continuou trimestral. Os tributos
sobre a folha de pagamento, como o INSS, passaram do dia 2
de cada mês para o dia 10. O IR
retido na fonte, que era recolhido semanalmente, passou a ser
pago mensalmente.
"Hoje [ontem] o ministro
deu uma sinalização. O tema
está sendo discutido. Mas temos de olhar o impacto fiscal
dessa medida e o benefício para
as empresas. Estamos ponderando o custo-benefício", disse
o secretário especial de Reformas Econômico-Fiscais, Bernard Appy.
Capital de giro
Mantega confirmou ontem
que a Caixa Econômica Federal
vai oferecer R$ 3 bilhões em
uma linha de capital de giro para o setor de construção civil. O
ministro disse que serão usados recursos próprios do banco
e não do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Ele não quis antecipar as
condições para obter o financiamento, o prazo e a taxa de juros. O ministro afirmou que os
detalhes serão anunciados hoje. Ele disse apenas que serão
cobrados juros "mais baixos do
que os de mercado".
Procurada, a assessoria de
imprensa da Caixa Econômica
Federal informou que "ainda
aguarda a orientação do Ministério da Fazenda".
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