São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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Depois da Hyundai, Kia anuncia adiamento de projetos no Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

A exemplo do que fez a Hyundai, a Kia anunciou ontem o adiamento de investimentos no Brasil.
Após comprar a massa falida de uma empresa em Salto (SP), José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil, vai prorrogar os investimentos para o início da produção no país do Soul -hatch colocado como destaque da sul-coreana no Salão do Automóvel de São Paulo, que abre ao público amanhã.
Há duas semanas, a coreana Hyundai anunciou que deixaria suspensos seus planos de abrir uma fábrica para carros compactos no Brasil.
"Não é o momento apropriado para negociar nada. Com a crise, puxamos o freio. O dólar sobe e desce muito rapidamente e não conseguimos cotar valores de peças", diz Gandini.
Ele afirma ainda que, se o dólar se estabilizar em R$ 2, irá começar a adaptação do galpão de 20 mil m2 adquirido para fabricar o carro, mas não informa o quanto foi investido para a aquisição da fábrica.

Americanas
As chamadas "três grandes de Detroit" -GM, Ford e Chrysler-, porém, disseram ontem que vêem os mercados emergentes como saída para a crise e que apostam no Brasil.
"Estamos vivendo tempos interessantes nos EUA, com o preço dos combustíveis subindo e a oferta de crédito caindo", disse Deborah Meyer, vice-presidente mundial de marketing da Chrysler. "Estamos focados nos carros certos para os mercados certos."
Prevendo vender 50 mil carros nas Américas Central e do Sul neste ano -pouco mais de 10% no Brasil-, Meyer diz que o país se destaca pelo crescimento. "O fato de lançarmos o Trazo no Salão de São Paulo mostra essa importância."
A montadora anunciou um novo modelo de negócios, formando parcerias com marcas como Hyundai, Nissan, Volks e Mitsubishi. Ela evita, porém, fazer previsões sobre possível fusão com a GM: "Tudo ainda é especulação".
David Schoch, responsável pela Ford nos mercados americanos, com exceção dos EUA, diz que a Ford reaplica o que ganha na América do Sul na própria região. "Estamos comprometidos com o Brasil, vamos continuar investindo aqui. Acreditamos no crescimento da economia", afirma ele.
Para Jaime Ardila, presidente da General Motors do Brasil e do Mercosul, a crise americana faz com que as montadoras invistam em produtos nos países emergentes. No ano que vem, a empresa começa a fazer um novo carro em Rosario (Argentina) e em São José dos Campos (SP).

Desaquecimento
Apesar do destaque dado ao Brasil, a projeção das montadoras considerada "otimista" para 2009 aponta para um crescimento das vendas entre 3% e 5%. Neste ano, até setembro, houve incremento de 26,8% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Em um cenário conservador, a GM prevê que o mercado interno absorverá 3 milhões de unidades no ano que vem.
Já a PSA Peugeot Citroën leva em conta a hipótese de que o mercado possa até cair dois dígitos. "Isso pode acontecer? Não é uma pergunta irrealista", disse o presidente do grupo, Vincent Rambaud, ontem seminário em SP.
O presidente da Volkswagen no Brasil, Thomas Schmall, conta com os "fundamentos macroeconômicos" do país para que não haja uma queda brusca no mercado. "Há um carro para cada oito habitantes; no México, é um para cinco."
(FABIANO SEVERO, JOSÉ AUGUSTO AMORIM e PAULO DE ARAUJO)


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