São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Argentina manda fundo tirar dinheiro do Brasil

Governo Kirchner ordena a volta dos investimentos

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

O governo argentino determinou que os fundos de pensão privados devem repatriar cerca de US$ 550 milhões investidos no Brasil. A Argentina anunciou a estatização da previdência na semana passada, mas o projeto de lei ainda deve ser aprovado pelo Congresso.
A repatriação dos investimentos alocados no país vizinho visa dar mais liquidez ao mercado argentino e tentar conter a disparada do dólar, que subiu 12 centavos desde o anúncio da estatização da previdência e fechou ontem a 3,36 pesos.
Ao pedido de repatriação do governo, os fundos de pensão responderam que é preciso uma resolução ditando a norma para impedir futuras reclamações de seus afiliados, já que esses investimentos brasileiros seriam vendidos a valores muito baixos por causa das perdas dos ativos na crise atual.
O valor investido no Brasil teria rendido boa parte dos lucros obtidos pelos fundos nos últimos dois anos. Segundo o novo gerente da Superintendência das Administradoras, Sergio Chodos, o dinheiro aplicado no Brasil poderia voltar à Argentina até o fim desta semana. "Calculo que efeito [no Brasil] vai haver com certeza. Vai depender de se eles estão em alta ou em baixa, mas isso é um problema deles, que não me corresponde avaliar", afirmou Chodos à imprensa local.
O governo também determinou que as administradoras não podem comprar dólares nem vender títulos da dívida pública argentina para reduzir a especulação no mercado local. Além disso, colocou observadores em cada um dos fundos de previdência para assegurar que estão seguindo as regras.
O Congresso argentino começou a discutir ontem o projeto de lei que determina a estatização da previdência privada. Para promover a medida, o governo argumenta que os fundos privados tiveram perdas de até 40% nos últimos meses devido à crise financeira internacional.
A oposição, no entanto, acredita que o governo quer buscar recursos para pagar os vencimentos da dívida no próximo ano e deve criar empecilhos à aprovação do projeto. Com a estatização, o governo absorveria US$ 30 bilhões dos fundos privados, além de outros US$ 5 bilhões anuais.


Texto Anterior: Eletrodomésticos: Whirlpool corta nos EUA, mas mantém plano no Brasil
Próximo Texto: Islândia volta atrás e eleva juros em seis pontos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.