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Argentina manda fundo tirar dinheiro do Brasil
Governo Kirchner ordena a volta dos investimentos
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
O governo argentino determinou que os fundos de pensão
privados devem repatriar cerca
de US$ 550 milhões investidos
no Brasil. A Argentina anunciou a estatização da previdência na semana passada, mas o
projeto de lei ainda deve ser
aprovado pelo Congresso.
A repatriação dos investimentos alocados no país vizinho visa dar mais liquidez ao
mercado argentino e tentar
conter a disparada do dólar,
que subiu 12 centavos desde o
anúncio da estatização da previdência e fechou ontem a 3,36
pesos.
Ao pedido de repatriação do
governo, os fundos de pensão
responderam que é preciso
uma resolução ditando a norma para impedir futuras reclamações de seus afiliados, já que
esses investimentos brasileiros
seriam vendidos a valores muito baixos por causa das perdas
dos ativos na crise atual.
O valor investido no Brasil
teria rendido boa parte dos lucros obtidos pelos fundos nos
últimos dois anos. Segundo o
novo gerente da Superintendência das Administradoras,
Sergio Chodos, o dinheiro aplicado no Brasil poderia voltar à
Argentina até o fim desta semana. "Calculo que efeito [no Brasil] vai haver com certeza. Vai
depender de se eles estão em alta ou em baixa, mas isso é um
problema deles, que não me
corresponde avaliar", afirmou
Chodos à imprensa local.
O governo também determinou que as administradoras
não podem comprar dólares
nem vender títulos da dívida
pública argentina para reduzir
a especulação no mercado local. Além disso, colocou observadores em cada um dos fundos
de previdência para assegurar
que estão seguindo as regras.
O Congresso argentino começou a discutir ontem o projeto de lei que determina a estatização da previdência privada.
Para promover a medida, o governo argumenta que os fundos
privados tiveram perdas de até
40% nos últimos meses devido
à crise financeira internacional.
A oposição, no entanto, acredita que o governo quer buscar
recursos para pagar os vencimentos da dívida no próximo
ano e deve criar empecilhos à
aprovação do projeto. Com a
estatização, o governo absorveria US$ 30 bilhões dos fundos
privados, além de outros US$ 5
bilhões anuais.
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