São Paulo, quinta-feira, 29 de outubro de 2009

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Entrada de dólares no país recua 73% após IOF

Apesar disso, fluxo cambial segue positivo em outubro

EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fluxo de dólares para o país sofreu desaceleração na primeira semana de taxação dos investimentos estrangeiros em ações e renda fixa. De acordo com dados do Banco Central, nos quatro primeiros dias de cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nessas aplicações, houve uma redução de 73% na entrada de moeda estrangeira no segmento financeiro, considerando a média diária do mês de outubro antes da taxação.
Mesmo se forem descontados os mais de US$ 4 bilhões referentes à oferta de ações do Santander Brasil, que atraiu um grande número de estrangeiros, ainda há uma queda de quase 60% nesse fluxo.
Desde a última terça-feira, os investimentos estrangeiros no mercado financeiro estão sendo taxados em 2%. O objetivo do governo era evitar que a entrada de dólares no Brasil derrubasse ainda mais a cotação da moeda norte-americana, o que prejudica, principalmente, as exportações.
Apesar dessa queda, o fluxo cambial continua positivo em quase US$ 13 bilhões em outubro, segundo dados registrados até o último dia 23. Isso representa mais da metade do dinheiro que entrou no país durante todo este ano. É também o segundo maior valor mensal da série histórica iniciada em 1947 pelo BC.
Na última semana, houve também uma reversão na tendência de valorização do real diante do dólar, que voltou a ser negociado acima de R$ 1,70. Além da queda no fluxo registrada após a taxação, houve também uma procura maior por moeda estrangeira no mercado financeiro.
Até setembro, o BC vinha comprando valores superiores aos dos dólares que entravam no país. Em outubro, porém, as intervenções representam apenas metade do fluxo. Isso pode ser visto na redução das intervenções do BC após o dia 20. Antes da taxação, a média diária de compras estava em US$ 520 milhões em outubro. Depois, caiu para US$ 65 milhões.
Para Reginaldo Galhardo, da corretora de câmbio Treviso, a saída de dólares do país reflete também a piora no cenário econômico internacional, que vem provocando desvalorização nas Bolsas em todo o mundo nesta semana. Também pesa a expectativa de que o governo adote novas medidas na área de câmbio. "Os investidores já estão tendo lucro tanto com o dólar como na Bolsa. Se ele achar que haverá uma piora, vai sair [do país] mesmo", afirmou.


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