São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 2002

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Dívida cai com alta da inflação e recuo do dólar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dólar em queda e inflação em alta. A combinação desses dois fatores ajudou o governo a reduzir o tamanho de sua dívida no mês passado. O endividamento do setor público (União, Estados, municípios e estatais) recuou de R$ 885,19 bilhões em setembro para R$ 866,21 bilhões em outubro, segundo o Banco Central.
Já a relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto) caiu de 63,6% para 59,9% no mesmo período. Essa proporção é um dos indicadores usados para avaliar a capacidade de um governo continuar honrando seus compromissos.
A expectativa do BC é que a relação dívida/PIB recue para 58% até o final do ano. Para que isso aconteça, é preciso que a cotação do dólar fique entre R$ 3,50 e R$ 3,58 até dezembro, afirma Lopes. No final de 2001, a dívida representava 53,3% do PIB do país.
Um dos motivos para a queda na dívida foi o recuo de 6,42% registrado pela cotação do dólar no mês passado. Essa valorização do real foi responsável por uma redução de 1,9 ponto percentual na relação dívida/PIB em outubro, segundo cálculos do BC.
Isso acontece porque aproximadamente metade da dívida líquida do setor público é corrigida pela variação do câmbio. A dívida líquida corresponde ao saldo dos débitos do setor público menos os seus créditos.
Além disso, o aumento da inflação colaborou para a queda na relação entre dívida e PIB. Isso porque o PIB usado pelo BC no cálculo dessa estatística é medido de acordo com os preços dos bens e serviços negociados no país. Isso significa que, se os preços são reajustados, levando ao aumento da inflação, o PIB medido pelo BC sobe, mesmo que a economia não tenha registrado crescimento real.
Em outubro, a inflação medida pelo IGP-DI (Índice Geral e Preços - Disponibilidade Interna) reduziu a relação dívida/PIB em cerca de 1,5 ponto percentual.
Entre janeiro e outubro, a alta acumulada pelo dólar provocou uma elevação de 11,01 pontos na relação dívida/PIB. Na direção inversa, a inflação registrada no período foi responsável pela redução de 7,25 pontos nessa proporção. A contribuição da inflação superou até mesmo a do superávit primário, que, neste ano, ajudou a reduzir a proporção em 3,73 pontos percentuais.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que o governo seria capaz de controlar a elevação do endividamento mesmo sem a ajuda da inflação. Segundo ele, se o dólar não tivesse subido tanto, a alta dos preços não seria tão expressiva. Assim, a dívida não sofreria nem com o efeito negativo do câmbio nem com o efeito positivo da inflação.
O IGP-DI, índice usado pelo BC no cálculo da estatística, é um dos mais afetados pela alta do dólar, pois considera também os preços de matérias-primas, negociadas no atacado. Esses preços sofrem mais com a variação do câmbio, pois muitas das mercadorias são importadas.


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