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Dívida cai com alta da inflação e recuo do dólar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dólar em queda e inflação em
alta. A combinação desses dois fatores ajudou o governo a reduzir
o tamanho de sua dívida no mês
passado. O endividamento do setor público (União, Estados, municípios e estatais) recuou de R$
885,19 bilhões em setembro para
R$ 866,21 bilhões em outubro, segundo o Banco Central.
Já a relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto) caiu de 63,6% para 59,9% no
mesmo período. Essa proporção é
um dos indicadores usados para
avaliar a capacidade de um governo continuar honrando seus
compromissos.
A expectativa do BC é que a relação dívida/PIB recue para 58% até
o final do ano. Para que isso aconteça, é preciso que a cotação do
dólar fique entre R$ 3,50 e R$ 3,58
até dezembro, afirma Lopes. No
final de 2001, a dívida representava 53,3% do PIB do país.
Um dos motivos para a queda
na dívida foi o recuo de 6,42% registrado pela cotação do dólar no
mês passado. Essa valorização do
real foi responsável por uma redução de 1,9 ponto percentual na
relação dívida/PIB em outubro,
segundo cálculos do BC.
Isso acontece porque aproximadamente metade da dívida líquida
do setor público é corrigida pela
variação do câmbio. A dívida líquida corresponde ao saldo dos
débitos do setor público menos os
seus créditos.
Além disso, o aumento da inflação colaborou para a queda na relação entre dívida e PIB. Isso porque o PIB usado pelo BC no cálculo dessa estatística é medido de
acordo com os preços dos bens e
serviços negociados no país. Isso
significa que, se os preços são reajustados, levando ao aumento da
inflação, o PIB medido pelo BC
sobe, mesmo que a economia não
tenha registrado crescimento real.
Em outubro, a inflação medida
pelo IGP-DI (Índice Geral e Preços - Disponibilidade Interna) reduziu a relação dívida/PIB em
cerca de 1,5 ponto percentual.
Entre janeiro e outubro, a alta
acumulada pelo dólar provocou
uma elevação de 11,01 pontos na
relação dívida/PIB. Na direção inversa, a inflação registrada no período foi responsável pela redução de 7,25 pontos nessa proporção. A contribuição da inflação
superou até mesmo a do superávit primário, que, neste ano, ajudou a reduzir a proporção em
3,73 pontos percentuais.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz
que o governo seria capaz de controlar a elevação do endividamento mesmo sem a ajuda da inflação.
Segundo ele, se o dólar não tivesse
subido tanto, a alta dos preços
não seria tão expressiva. Assim, a
dívida não sofreria nem com o
efeito negativo do câmbio nem
com o efeito positivo da inflação.
O IGP-DI, índice usado pelo BC
no cálculo da estatística, é um dos
mais afetados pela alta do dólar,
pois considera também os preços
de matérias-primas, negociadas
no atacado. Esses preços sofrem
mais com a variação do câmbio,
pois muitas das mercadorias são
importadas.
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