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Leilão de áreas de exploração de petróleo é suspenso por liminar
Ação movida por deputada petista provocou decisão da Justiça de Brasília
DA SUCURSAL DO RIO
A oitava rodada de licitações
de exploração de áreas de petróleo caminhava para um recorde na arrecadação de bônus
ontem, seu primeiro dia, quando uma liminar concedida pela
Justiça Federal de Brasília interrompeu o leilão. Até a conclusão desta edição, a ANP
(Agência Nacional do Petróleo)
não havia conseguido cassá-la.
Ainda assim, marcou para hoje
a continuidade da oferta.
Quando foi proferida a decisão, no meio da tarde, haviam
sido leiloados os blocos de só 3
dos 14 setores envolvidos na licitação. Até então, a arrecadação somava R$ 588 milhões
-em toda a sétima rodada, os
bônus foram de R$ 1,089 bilhão. Ou seja, já havia sido arrecadado mais que a metade do
valor de todo o leilão de 2005.
Foi uma das regras criadas
pela ANP (e criticada por empresas, inclusive a Petrobras)
para a rodada que acabou por
atrapalhar o seu andamento. É
que a liminar teve origem numa ação popular, impetrada
pela deputada petista Dra. Clair
(PR), que contesta uma limitação imposta pela agência: cada
empresa pode levar, no máximo, três blocos num mesmo setor (pedaço de uma bacia, subdividido em blocos).
Ontem, a Petrobras foi a única a fazer lance num bloco na
bacia de Santos, mas não ficou
com a área porque já havia arrematado outros três blocos.
Foi o único bloco da promissora bacia de Santos que encalhou até agora.
Dos 58 blocos ofertados, a
Petrobras arrematou, só ou em
consórcio, 20, destacando-se
mais uma vez como a líder dos
leilões da ANP. A Repsol ficou
com quatro blocos, sozinha e
em consórcio. A Norsk Hydro
levou três só ou consorciada. As
estreantes colombianas Ecopetrol e Hocol ficaram com um e
quatro blocos, respectivamente, juntas ou sozinhas, na bacia
de Tucano Sul (BA).
Foram vendidas 38 áreas.
Um dos destaques foi a indiana
ONGC Videshy, novata nos leilões da ANP. A estatal da Índia
arrematou um bloco na bacia
de Santos por R$ 1,5 milhão. A
maioria dos blocos encalhados
fica na bacia de Tucano Sul.
Leilão prossegue
Para o diretor-geral da ANP,
Haroldo Lima, a ação popular
foi "mal fundamentada, com
erros grosseiros", o que o leva a
crer que ela será caçada rapidamente e que o leilão continuará
hoje. Segundo o diretor, a decisão judicial não invalida os resultados parciais do leilão.
Para Lima, o fato de a ação ter
sido movida por uma deputada
do PT vai na "contramão da
reafirmação popular que o presidente Lula teve nas urnas".
Ágios
Os ágios oferecidos pelas empresas foram altos no primeiro
dia de ofertas. A italiana Eni pagou 15.250% a mais do que o
preço mínimo por um bloco na
bacia de Santos, em área ainda
inexplorada, que recebeu propostas também milionárias de
Petrobras, Shell (Reino Unido-Holanda) e do consórcio Norsk
Hydro-Repsol (Noruega-Espanha). O lance de R$ 307,4 milhões foi o maior até a interrupção do leilão e um dos mais elevados de todas as rodadas.
Em área de grande potencial
da bacia de Santos, a Petrobras
desembolsou R$ 167,2 milhões,
com ágio de 2.623%. "Gostaríamos de levar os dois, mas esse
era o melhor da bacia de Santos", disse Paulo Figueiredo,
gerente de Exploração da Petrobras.
(PEDRO SOARES)
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