|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crise aérea segura turismo interno no verão
Venda de pacotes para dezembro já caiu 8% e recuo pode ser ainda maior, segundo associação de agências de viagem
Cruzeiros marítimos e pacotes para países vizinhos ganham mercado, e previsão de crescimento do setor já é revista para baixo
DA REUTERS
A crise do controle aéreo está
prejudicando a expansão do turismo dentro do Brasil neste
fim de ano, o que estimula as
viagens a países vizinhos e cruzeiros marítimos.
Por isso, o volume de vendas
de pacotes turísticos para dezembro, mês de alta temporada
devido às férias escolares, caiu
8%, apesar dos roteiros alternativos, informou ontem a
Abav (Associação Brasileira das
Agências de Viagem). A entidade atribui a maior parte disso
aos atrasos nos aeroportos.
"A continuidade dessa dúvida pode ampliar o recuo das
vendas, já que ainda não sentimos todos os efeitos da crise aérea. Podem vir mais cancelamentos de reservas", disse o vice-presidente da Abav, Eduardo Nascimento.
"As expectativas de começo
de ano foram bem afetadas porque o setor crescia muito neste
ano. Hotéis foram criados, pacotes foram fechados antes
desse caos e, por isso, tudo que
envolve passagem aérea está
hoje atraindo muito menos."
A incerteza no ar afeta principalmente os moradores da região Sudeste, de onde parte a
maioria dos turistas domésticos rumo ao Norte e Nordeste.
"A hotelaria de Salvador já sinalizou cancelamento de eventos e congressos no fim do ano.
Nós vimos que a crise aérea aumenta as dúvidas dia a dia e,
por isso, temos estimativas piores sobre o crescimento", disse
o presidente da empresa estatal
Bahiatursa, Cláudio Tabuada.
Os profissionais mais otimistas esperavam aumento de até
dois dígitos no fluxo de visitantes à Bahia no fim de ano. A Bahiatursa esperava 8%, mas revisou a projeção para 6%, mesmo
número de 2005, por causa da
crise do tráfego aéreo.
Rio
O Rio, com a festa de Réveillon mais badalada do país, terá
prejuízo menor. Segundo a Riotur, a alta neste ano deve ser
2%, menor que os 2,2% previstos, passando de 680 milhões
para 694 milhões de visitantes.
Boa parte deles deve, no entanto, viajar de ônibus. As empresas de transporte rodoviário já
detectam aumento de até 30%
no número de passageiros no
trecho Rio-São Paulo.
Esse tráfego maior também
existe na costa marítima. Cruzeiros atraem viajantes que não
querem correr riscos no fim de
ano. A CVC, maior operadora
de turismo do Brasil, prevê que
o número de passageiros que
transportará em cinco navios
vai quase dobrar entre dezembro e março do ano que vem,
para 130 mil.
De acordo com Nascimento,
da Abav, houve neste ano um
aumento de cerca de 50% nas
vendas de pacotes marítimos e
41% de rodoviários.
Pesquisa da FGV divulgada
anteontem apontou queda na
disposição de o brasileiro viajar
de avião: de 45,2% em outubro
para 35,7% neste mês.
Mas há quem mantenha a
empolgação com o turismo doméstico. A CVC terá mais de
190 vôos fretados por semana
na alta temporada para todo o
país e cinco destinos internacionais. No ano passado, a empresa operou 150 vôos fretados
por semana. O crescimento é
basicamente no turismo local.
Os autores da pesquisa da
FGV apontaram que o desânimo dos turistas tem como principais fatores a crise no controle do tráfego aéreo e o acidente
com o avião da Gol no fim de setembro. Com 154 mortos, a
maior tragédia da aviação brasileira está na origem do caos
nos aeroportos.
Texto Anterior: Fiscalização: Governo quer agência para fundo de pensão Próximo Texto: Varig lança novos destinos para as férias Índice
|