São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crise aérea segura turismo interno no verão

Venda de pacotes para dezembro já caiu 8% e recuo pode ser ainda maior, segundo associação de agências de viagem

Cruzeiros marítimos e pacotes para países vizinhos ganham mercado, e previsão de crescimento do setor já é revista para baixo


DA REUTERS

A crise do controle aéreo está prejudicando a expansão do turismo dentro do Brasil neste fim de ano, o que estimula as viagens a países vizinhos e cruzeiros marítimos.
Por isso, o volume de vendas de pacotes turísticos para dezembro, mês de alta temporada devido às férias escolares, caiu 8%, apesar dos roteiros alternativos, informou ontem a Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagem). A entidade atribui a maior parte disso aos atrasos nos aeroportos.
"A continuidade dessa dúvida pode ampliar o recuo das vendas, já que ainda não sentimos todos os efeitos da crise aérea. Podem vir mais cancelamentos de reservas", disse o vice-presidente da Abav, Eduardo Nascimento.
"As expectativas de começo de ano foram bem afetadas porque o setor crescia muito neste ano. Hotéis foram criados, pacotes foram fechados antes desse caos e, por isso, tudo que envolve passagem aérea está hoje atraindo muito menos."
A incerteza no ar afeta principalmente os moradores da região Sudeste, de onde parte a maioria dos turistas domésticos rumo ao Norte e Nordeste.
"A hotelaria de Salvador já sinalizou cancelamento de eventos e congressos no fim do ano. Nós vimos que a crise aérea aumenta as dúvidas dia a dia e, por isso, temos estimativas piores sobre o crescimento", disse o presidente da empresa estatal Bahiatursa, Cláudio Tabuada.
Os profissionais mais otimistas esperavam aumento de até dois dígitos no fluxo de visitantes à Bahia no fim de ano. A Bahiatursa esperava 8%, mas revisou a projeção para 6%, mesmo número de 2005, por causa da crise do tráfego aéreo.

Rio
O Rio, com a festa de Réveillon mais badalada do país, terá prejuízo menor. Segundo a Riotur, a alta neste ano deve ser 2%, menor que os 2,2% previstos, passando de 680 milhões para 694 milhões de visitantes. Boa parte deles deve, no entanto, viajar de ônibus. As empresas de transporte rodoviário já detectam aumento de até 30% no número de passageiros no trecho Rio-São Paulo.
Esse tráfego maior também existe na costa marítima. Cruzeiros atraem viajantes que não querem correr riscos no fim de ano. A CVC, maior operadora de turismo do Brasil, prevê que o número de passageiros que transportará em cinco navios vai quase dobrar entre dezembro e março do ano que vem, para 130 mil.
De acordo com Nascimento, da Abav, houve neste ano um aumento de cerca de 50% nas vendas de pacotes marítimos e 41% de rodoviários.
Pesquisa da FGV divulgada anteontem apontou queda na disposição de o brasileiro viajar de avião: de 45,2% em outubro para 35,7% neste mês.
Mas há quem mantenha a empolgação com o turismo doméstico. A CVC terá mais de 190 vôos fretados por semana na alta temporada para todo o país e cinco destinos internacionais. No ano passado, a empresa operou 150 vôos fretados por semana. O crescimento é basicamente no turismo local.
Os autores da pesquisa da FGV apontaram que o desânimo dos turistas tem como principais fatores a crise no controle do tráfego aéreo e o acidente com o avião da Gol no fim de setembro. Com 154 mortos, a maior tragédia da aviação brasileira está na origem do caos nos aeroportos.


Texto Anterior: Fiscalização: Governo quer agência para fundo de pensão
Próximo Texto: Varig lança novos destinos para as férias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.