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ANÁLISE
Nova equipe combina ortodoxia e "neointervenção"
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Continuidade no Tesouro Nacional e mudança na Secretaria de
Política Econômica. Esse deverá
ser o resultado das nomeações de
Joaquim Levy e Marcos Lisboa
para, respectivamente, esses dois
órgãos que integram o Ministério
da Fazenda.
Isso significará, possivelmente,
a manutenção de uma orientação
econômica de austeridade fiscal,
mas com um foco maior na implementação de políticas sociais e
de planejamento industrial.
Ou seja, as indicações feitas pelo
futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci, corroboram as diretrizes que ele já vinha defendendo como coordenador da equipe
de transição do governo eleito.
Levy já integra a equipe do atual
governo desde 2000 e, se nomeado, deverá representar a continuidade. Ocupa atualmente a assessoria econômica do Ministério do
Planejamento e já foi secretário-adjunto da Secretaria de Política
Econômica. Antes, o engenheiro,
que tem mestrado (FGV) e doutorado (Universidade de Chicago)
em economia havia trabalhado
no FMI (Fundo Monetário Internacional), entre 1992 e 2000.
É considerado um liberal, especializado no funcionamento dos
mercados financeiros e em outros
temas macroeconômicos.
Sua tese de mestrado-orientada pelo ex-diretor do Banco Central e atual diretor do Itaú, Sergio
Werlang- analisou os efeitos do
abono salarial sobre a inflação no
contexto dos planos de congelamento de preços.
Lisboa, por outro lado, tem especialização maior em temas da
chamada microeconomia e seu
nome deverá sintetizar as principais mudanças na orientação de
política econômica do governo
petista. Estuda, por exemplo, temas como política industrial, tarifas, criminalidade, sistemas de
saúde e escolaridade.
É economista, com graduação e
mestrado concluídos na UFRJ
(Universidade Federal do Rio de
Janeiro). E fez doutorado na Universidade da Pensilvânia.
Recentemente, coordenou a
formulação de um trabalho batizado de "Agenda Perdida" e que
teve a participação de economistas ilustres como José Alexandre
Sheinkman (Princeton), Affonso
Celso Pastore (FGV) e Ricardo
Paes de Barros (Ipea).
O objetivo do trabalho era chamar a atenção, durante o debate
que se desenrolava na campanha
para as eleições presidenciais, para temas considerados "esquecidos" nos últimos anos.
A "Agenda Perdida" trazia propostas para a retomada do crescimento econômico combinada
com uma maior justiça social.
Dentre os assuntos focados, estão o combate à desigualdade social, políticas industrial e de expansão de crédito.
Não por acaso, Lisboa defende,
por exemplo, a implementação de
uma política industrial, desde que
não seja generalizada (ou horizontal), mas focada em determinados setores nos quais haja falhas de mercado.
O economista também é favorável a um aumento do fluxo de comércio externo do país. Segundo
o texto da Agenda Perdida, um
volume maior de exportações e
importações garantiria uma redução da dependência do Brasil a capitais externos.
Combinação
Segundo amigos de Levy, uma
de suas maiores qualidades é a extrema dedicação ao trabalho.
Para o economista Sergio Werlang, tanto Levy quanto Lisboa
são economistas de tendência liberal: "O Levy, que é um macroeconomista, representará uma boa
complementação para o Marcos
Lisboa, que é um dos melhores
microeconomistas do país", disse.
Ainda segundo Werlang, a indicação de Lisboa é positiva porque
ele poderá analisar a eficácia das
políticas sociais propostas pelo
governo Lula.
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