|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUMO A 2004
Fim da bolha da internet e escândalos contábeis deixaram investidor inseguro; desequilíbrios podem trazer volatilidade
Bolsas reagem, mas os riscos continuam
DA FRANCE PRESSE
As Bolsas mundiais celebraram
com champanhe o crescimento
de 2003, depois de três anos de depreciação, graças a uma recuperação econômica finalmente tangível. Mas os desequilíbrios da economia mundial ameaçam arruinar a festa, afirmam analistas.
"O ano termina bem, o que é
inesperado se lembrarmos que
em março todo o mundo queria
atirar-se pela janela", diz aliviado
o estrategista de uma corretora de
Paris. Wall Street se prepara para
terminar o ano com altas de 46%
para o Nasdaq, que reúne empresas de tecnologia, e de 24% para o
Dow Jones. Em Frankfurt, a alta
será de 35% e em Londres, Paris e
Milão de 12% a 14%.
Hugues de Montvalon, economista da Oddo Pinatton, festeja:
"Os negócios se recuperaram depois de três anos negros, colocamos a cabeça fora da água e os
mercados encontraram finalmente certa serenidade".
No começo do ano, as preocupações provocadas por uma iminente guerra no Iraque, a epidemia de Sars (síndrome respiratória aguda grave) na Ásia e os temores de deflação afundaram os
mercados. O ano de 2003 teve três
fases e, no primeiro trimestre, a
débil atividade econômica, os temores exacerbados em relação à
situação geopolítica e o medo de
que disparassem os preços do petróleo empurraram para baixo as
Bolsas no mês de março.
"Até seu início, a guerra no Iraque era uma espada de Dâmocles", resume um vendedor de
ações de um banco francês.
O Nasdaq caiu a 1.300 pontos no
começo de março, perdendo 74%
desde o recorde de 5.048 pontos
atingido três anos antes, quando
os negócios relacionados à internet estava no auge. O Dow Jones
perdeu 35% de seu valor e os mercados europeus retrocederam ao
nível de seis ou sete anos atrás.
Depois do início da guerra, as
Bolsas se recuperaram e melhoraram os resultados das companhias. O caminho ascendente ficou patente no fim do ano, quando o índice Dow Jones superou os
10 mil pontos.
Desconfiança
Mas alguns já duvidam dessa
bonança. Os investidores ficaram
marcados pela explosão da bolha
da internet e pelos escândalos
contábeis, o último deles do grupo italiano Parmalat.
Nesse cenário, a volatilidade dos
mercados "continua sendo forte,
alimentada por incertezas reais",
acredita Jean-Noel Vieille, diretor
de investigação em Aurel Leven.
Sérios riscos aparecem no horizonte, sustentam os economistas.
Continuam existindo "desequilíbrios", como o excesso de capacidade ociosa da indústria no mundo, os déficits interno e externo
dos Estados Unidos, e os esforços
das empresas para aumentar sua
produtividade, o que pressiona o
emprego, destaca Pascal Blanqué,
economista do banco francês Crédit Agricole.
A alta do euro em relação ao dólar -de 51,25% desde outubro de
2000- pode frear o crescimento
europeu, sobre o qual já pesa a
ameaça de alta de juros em 2004.
Por último, a adoção de novas
regras contábeis internacionais
até 2005 terá impacto sobre o balanço das empresas, como ressaltou a agência de classificação de
risco Standard & Poors.
Mas da Ásia chegaram sinais
positivos, graças ao vigor da economia chinesa. Além disso, o Japão foi a "maior surpresa do
ano", com crescimento do PIB,
sem descontar a inflação, de 2,7%
em 2003, ao invés do 0,4% esperado, destaca o administrador de
ativos britânico Schroders.
Entretanto, como aprenderam
os investidores escaldados, pagando um alto preço, nas Bolsas
as conquistas do passado não implicam necessariamente bons resultados no futuro.
Texto Anterior: Conflito linguístico: Petrobras se recusa a usar português Próximo Texto: Curto-circuito: Socorro do BNDES a elétricas não sai do papel Índice
|