São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 2005 |
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SALTO NO ESCURO Furnas chega a quase 100% da capacidade, ante 7% na época do racionamento, e pode começar a verter água Reservatórios de hidrelétricas atingem limite
PEDRO SOARES DA SUCURSAL DO RIO O Brasil -ou pelo menos a região Sudeste- vive hoje uma situação exatamente inversa à do período do racionamento: os reservatórios das usinas estão tão cheios que há o risco de terem de verter água, que poderia ser utilizada para a geração de energia elétrica. De acordo com o presidente da Eletrobrás, Aloisio Vasconcelos, o reservatório da usina de Furnas (MG), no Rio Grande, é emblemático. Seu lago está praticamente com 100% da capacidade, algo que "nunca ocorreu na história". Em 2001, chegou a armazenar apenas 7% do volume previsto, e o resultado foi que a hidrelétrica teve de parar as máquinas. O lago ainda não está vertendo, mas, se as chuvas forem intensas nos próximos 45 dias, as comportas terão de ser abertas. O final de dezembro e o mês de janeiro é o período mais chuvoso na região. Segundo o presidente da Eletrobrás, outros reservatórios da região Sudeste, como o da usina de Três Marias (MG), da Cemig, e Emborcação, da estatal Furnas, estão numa situação semelhante. Ou seja: bem cheios e prestes a verter água. "Temos uma condição hidrológica que está ajudando muito atualmente, bastante favorável", disse Teixeira. Em razão das chuvas, o risco de apagão no curto prazo está afastado. Mas o executivo afirmou que são necessários investimentos das companhias públicas, que hoje encontram limitações (estas impostas pelo governo) para tomar empréstimo. Vasconcelos disse que o CMN (Conselho Monetário Nacional) "encontrará uma solução" para liberar investimentos da Eletrobrás. Atualmente, as estatais têm limites de endividamento e só podem investir com autorização do Tesouro Nacional, além de conter gastos para colaborar com o superávit primário. Mineiro de São Lourenço, Vasconcelos não disse qual a solução, mas assegurou que será encontrada uma fórmula que permita ampliar investimentos. No caso da Petrobras, por exemplo, parte dos gastos em investimento não é contabilizada como despesas no cálculo do superávit primário. Vasconcelos afirmou ainda que busca recursos no BNDES para financiar a usina de Simplício (na divisa de MG e RJ). Trata-se de um investimento de R$ 1,2 bilhão. "Eles disseram que vão financiar em até 80% qualquer investidor. Já que é para qualquer investidor, também quero o financiamento", disse o presidente da Eletrobrás. Para Vasconcelos, mais do que investir no país, é necessário internacionalizar o grupo Eletrobrás -controlador das geradoras Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletronuclear (usinas de Angra 1 e 2). Para tal, a Casa Civil prepara, de acordo com ele, um projeto de lei que deve ser enviado em breve ao Congresso Nacional que altera a lei de 1962, que criou a Eletrobrás e proibia investimentos da estatal fora do país. Aprovado o projeto de lei, a Eletrobrás planeja investir, por meio da subsidiária Furnas, na construção de uma hidrelétrica capaz de gerar 240 MW. O custo estimado da usina é de US$ 600 milhões. El Salvador Em conjunto com a construtora Andrade Gutierrez, o grupo Eletrobrás investirá US$ 250 milhões em outra hidrelétrica em El Salvador. Também planeja construir uma linha de transmissão na Argentina, cujos detalhes do projeto Vasconcelos não revelou. Sobre a construção de Angra 3 -projeto orçado em US$ 1,5 bilhão-, disse que o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, já se manifestou em favor da conclusão da usina, que, se sair do papel, será feita em parceria entre o grupo Eletrobrás e sua subsidiária para a geração nuclear. "Sozinha, a Eletronuclear não tem dinheiro." Texto Anterior: No campo: Financiamento do BNDES para a agropecuária cai 41% em 2005 Próximo Texto: Crise no ar: Varig paga parcela de dívida de aeronaves Índice |
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