São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

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NO CAMPO

Câmbio, seca e queda de preços provocam crise

Financiamento do BNDES para a agropecuária cai 41% em 2005

LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

O fraco desempenho do setor agropecuário neste ano se refletiu nos desembolsos da área de operações indiretas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Os recursos destinados ao segmento foram reduzidos de R$ 6,6 bilhões para R$ 3,9 bilhões, uma queda de 41% em comparação a 2004.
A área de operações indiretas do banco, cujos recursos são repassados pelos agentes financeiros, inclui o Finame, o BNDES Automático e o cartão BNDES. Os desembolsos da área cresceram 6% em relação ao ano passado. Somaram R$ 15,7 bilhões, o que representa cerca de 35% do desembolso total do banco.
Segundo o diretor da área de Inclusão Social, Maurício Borges Lemos, o desempenho do setor agrícola foi resultado da seca, do câmbio desfavorável e da queda nos preços internacionais das commodities. Além disso, explicou, a área passa por uma acomodação cíclica, ou seja, como já havia realizado investimentos em máquinas e equipamentos nos últimos anos, era esperado que neste ano houvesse alguma retração. Para o ano que vem, é estimada alguma recuperação do setor.
"O Brasil deve ter orgulho do ramo agropecuário, com alta competitividade. O setor foi uma vítima neste ano", disse Lemos.
Sem contabilizar os recursos para a área agrícola, as operações indiretas do banco cresceram 44%, de R$ 8 bilhões para R$ 11,6 bilhões.
Na linha Finame agrícola, os desembolsos caíram 52% -de R$ 4,6 bilhões em 2004 para R$ 2,2 bilhões neste ano. O chamado Finame não agrícola, linha destinada ao financiamento de equipamentos de fabricação nacional, cresceu 45%, de R$ 6,8 bilhões para R$ 9,8 bilhões.
O BNDES Automático registrou alta de 19% em relação a 2004. Os desembolsos passaram de R$ 1,5 bilhão para R$ 1,8 bilhão. O BNDES Automático para a área agrícola, porém, caiu 3,6%. O destaque positivo da linha foi o programa de Geração de Emprego e Rendas (Progeren), que liberou R$ 385 milhões, principalmente para setores intensivos em mão-de-obra. O Progeren, que deveria ter terminado neste ano, foi prorrogado até dezembro de 2006.
O cartão BNDES, voltado para as microempresas, teve desembolso de R$ 71,7 milhões, ante R$ 12,1 milhões no ano passado. Foram emitidos 49,3 mil cartões neste ano e o valor médio das operações foi de R$ 13,5 mil.

Energia alternativa
A diretoria do BNDES aprovou R$ 1 bilhão para 16 financiamentos no âmbito do Proinfa (Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Energia Elétrica). De acordo com o banco, as operações de crédito se destinam a instalar pequenas centrais de produção de eletricidade nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
As obras para instalação de usinas e linhas de transmissão devem gerar investimentos totais de R$ 1,4 bilhão, segundo o BNDES. O prazo médio para que as usinas entrem em operação está estimado em dois anos. A capacidade total instalada será de 380 MW.


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