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Preço do gás industrial sobe 15% no Ano Novo
Petrobras comunica distribuidoras, mas não se pronuncia sobre reajuste
Valor do GLP era o mesmo
desde 2003; aumento causa
surpresa, provoca impacto
no comércio, mas não incide
sobre botijões residenciais
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras comunicou ontem a distribuidoras que aumentará o preço do GLP (Gás
Liqüefeito de Petróleo) industrial em 15% a partir de 1º de janeiro. O aumento foi confirmado pelas distribuidoras, mas a
estatal afirmou que não se pronunciaria sobre o reajuste.
O preço do GLP industrial
não tinha aumento desde 2003.
Analistas ouvidos pela Folha
esperam repasse integral aos
clientes. O reajuste tem impacto para a indústria e o comércio
como restaurantes, padarias,
entre outros.
Segundo Sérgio Bandeira de
Mello, presidente do Sindigás
(Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP),
o aumento surpreendeu o setor. "Não tínhamos expectativa
de aumento do preço porque
não houve nenhum indicativo
da Petrobras de que o GLP pudesse ser reajustado. Havia
sempre uma indicação de que
ele teria tratamento diferenciado. A data também nos causou estranheza", disse.
O repasse dependerá das negociações entre clientes e distribuidoras mas, segundo ele,
os estoques das empresas são
baixos e o impacto sobre os
custos será quase imediato.
Apesar do aumento, o Sindigás
ressalta que o produto continuará competitivo.
Segundo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Estudos em Infra-Estrutura, o
aumento está em linha com a
política do governo Lula por ter
poupado os consumidores do
gás de botijão, usado em residências. "O preço está defasado, mas, desde 2003, quando o
Lula assumiu, ele não sobe",
disse ele.
Para Pires, a medida também
favorece o equilíbrio entre GLP
e gás natural. A estatal já indicou que pretende reajustar os
preços do gás natural nos próximos meses.
Segundo Amaro Helfstein,
diretor comercial da Copagás,
as grandes indústrias que migraram do GLP para o gás natural estão fazendo estoques de
segurança em GLP em razão
das ameaças no abastecimento
do gás natural.
O impacto dependerá de cada setor. De acordo com ele, no
caso do setor de cerâmica, o
GLP chega a representar 40%
dos custos.
"Vamos ter de repassar o aumento. A Petrobras está buscando adequar sua planilha de
custos porque o preço internacional do GLP é maior do que o
preço brasileiro", disse.
A coordenadora do núcleo de
energia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Goret Paulo, disse que o reajuste do GLP segue
a tendência internacional da
alta do petróleo e lembra que a
Petrobras é responsável por
99% do refino do país.
Colaborou RAQUEL ABRANTES
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