São Paulo, sábado, 29 de dezembro de 2007

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Preço do gás industrial sobe 15% no Ano Novo

Petrobras comunica distribuidoras, mas não se pronuncia sobre reajuste

Valor do GLP era o mesmo desde 2003; aumento causa surpresa, provoca impacto no comércio, mas não incide sobre botijões residenciais

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras comunicou ontem a distribuidoras que aumentará o preço do GLP (Gás Liqüefeito de Petróleo) industrial em 15% a partir de 1º de janeiro. O aumento foi confirmado pelas distribuidoras, mas a estatal afirmou que não se pronunciaria sobre o reajuste.
O preço do GLP industrial não tinha aumento desde 2003. Analistas ouvidos pela Folha esperam repasse integral aos clientes. O reajuste tem impacto para a indústria e o comércio como restaurantes, padarias, entre outros.
Segundo Sérgio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP), o aumento surpreendeu o setor. "Não tínhamos expectativa de aumento do preço porque não houve nenhum indicativo da Petrobras de que o GLP pudesse ser reajustado. Havia sempre uma indicação de que ele teria tratamento diferenciado. A data também nos causou estranheza", disse.
O repasse dependerá das negociações entre clientes e distribuidoras mas, segundo ele, os estoques das empresas são baixos e o impacto sobre os custos será quase imediato. Apesar do aumento, o Sindigás ressalta que o produto continuará competitivo.
Segundo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Estudos em Infra-Estrutura, o aumento está em linha com a política do governo Lula por ter poupado os consumidores do gás de botijão, usado em residências. "O preço está defasado, mas, desde 2003, quando o Lula assumiu, ele não sobe", disse ele.
Para Pires, a medida também favorece o equilíbrio entre GLP e gás natural. A estatal já indicou que pretende reajustar os preços do gás natural nos próximos meses.
Segundo Amaro Helfstein, diretor comercial da Copagás, as grandes indústrias que migraram do GLP para o gás natural estão fazendo estoques de segurança em GLP em razão das ameaças no abastecimento do gás natural.
O impacto dependerá de cada setor. De acordo com ele, no caso do setor de cerâmica, o GLP chega a representar 40% dos custos. "Vamos ter de repassar o aumento. A Petrobras está buscando adequar sua planilha de custos porque o preço internacional do GLP é maior do que o preço brasileiro", disse.
A coordenadora do núcleo de energia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Goret Paulo, disse que o reajuste do GLP segue a tendência internacional da alta do petróleo e lembra que a Petrobras é responsável por 99% do refino do país.


Colaborou RAQUEL ABRANTES


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