São Paulo, segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

PIB de 4% não deve ser obsessão, diz Tendências

O governo não deve perseguir a qualquer custo um crescimento do PIB de 4% em 2009, sob o risco de sacrificar os anos seguintes com mais inflação e um ritmo menor de expansão. A melhor resposta para enfrentar a crise seria a redução dos juros, e não uma política fiscal expansionista.
A análise é do economista Juan Jensen, da consultoria Tendências, que acaba de fazer uma revisão do cenário para 2009. Segundo ele, o Brasil deve registrar um crescimento de 5,5% em 2008 e 2,6% em 2009. A inflação deve fechar em 4,8% no ano que vem e depois cai para a meta de 4,5% em 2010.
"2009 será um ano de ajuste para a economia brasileira", afirma Jensen.
O grande risco para o próximo ano, na opinião do economista, é o de o governo fazer a máquina pública trabalhar para o país crescer. Uma coisa, a seu ver, é o governo fazer uma aposta de 4% para o crescimento do PIB e outra é levar a ferro e fogo essa previsão.
Segundo Juan Jensen, para atingir esse objetivo de 4%, o governo teria que aumentar significativamente o gasto público e reduzir o superávit primário, o que seria uma injeção na veia da atividade econômica, mas também poderia provocar uma alta da inflação.
Para o economista, a melhor forma de gastar, agora, é através do investimento em infra-estrutura, que cria as bases para o crescimento sustentável. O aumento dos gastos públicos em custeio só iria prejudicar ainda mais o desempenho das contas do governo, que já devem ser afetadas com a queda na arrecadação.
Em razão da queda na arrecadação tributária, conseqüência da crise, Jensen prevê que o superávit primário feche 2009 em 3,5% do PIB, depois de ter registrado 4,5% neste ano.
O ideal, para o economista, é o governo usar a política monetária para encarar a crise. Os efeitos da alta do dólar sobre a inflação devem ser mais do que compensados com a retração da atividade econômica e a queda nos preços das commodities. Além disso, o Brasil tem muito espaço para cortar os juros, os mais altos do mundo.
Apesar da retração da atividade neste quarto trimestre, Jensen afirma que 2008 ficará marcado não só pela crise, mas também como um ano muito favorável para a economia brasileira. Não fosse o quarto trimestre, o país iria registrar neste ano um crescimento superior a 6%, o melhor resultado desde 1986, ano do Plano Cruzado, quando o país cresceu 7,5%. A diferença é que o Cruzado não passou de mais um "vôo de galinha".

Mercado imobiliário volta a atrair investidor

O turbulento mercado de capitais já está atraindo investidores ao mercado imobiliário em São Paulo, segundo Roseli Hernandes, responsável pela área de locação e vendas da Lello.
Em novembro, a Lello registrou alta de 40% no número de consultas feitas por pessoas a procura de imóveis para comprar e colocar no mercado de locação.
Casas e galpões para locação comercial entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões são os mais procurados.
Para Roseli , além da possível rentabilidade mensal com recebimento de aluguel, os investidores estão apostando na valorização do patrimônio no futuro. "Historicamente o imóvel representa, no Brasil, uma alternativa segura para investidores. Mas nos últimos anos houve intensiva migração de investimentos para o mercado de capitais, que agora está passando por muita volatilidade. Alguns investidores já passaram a buscar alternativas menos arriscadas."
Mas em tempos de aperto, Roseli diz que é preciso ter cautela para não aumentar as perdas. "Uma opção são imóveis já alugados, para evitar o risco de ter que arcar com despesas como IPTU e condomínio, enquanto a nova locação não for fechada."

SOCIAL
Pedro Suarez, presidente da Dow Brasil e integrante do corpo diretivo do grupo +Unidos, que acaba de receber estudo sobre o investimento social privado de organizações americanas no Brasil; o trabalho abordou 765 programas e o beneficiamento de 38 milhões de brasileiros por investimento de organizações americanas em 2006; segundo o estudo, 55% das empresas não se valem de orçamentos em investimento social para leis de incentivo fiscal; 44% das ações foram em educação; o +Unidos, que tem foco em responsabilidade social, é uma parceria que envolve a missão diplomática dos EUA, mais de cem empresas americanas que atuam no Brasil e outros

CONTROLE REMOTO
Em 2008, o mercado de TV por assinatura conquistou mais de 1 milhão de novos assinantes. Hoje, 159 municípios são atendidos por uma operadora de cabo e 205 recebem sinal de TV paga por MMDS. Os dados estão na nova edição do "Anuário de Mídias Digitais Pay TV 2009", levantamento sobre a TV paga brasileira, que a Converge Comunicações acaba de lançar. O material mostra desde cidades como São Paulo, atendida por operações como NET Serviços e TVA, em TV a cabo, e Telefônica, por MMDS, com 1.013.920 assinantes, até Caruaru (PE), com 35 assinantes, que recebe sinais de MMDS da Mais TV. A partir desta edição, o anuário terá análise sobre mídias como internet e celular.

ANIMADO
A Walt Disney Company Latin America criou uma nova unidade de negócios, a Disneymedia+, para oferecer todas as oportunidades comerciais da Disney. Para Rita Ferro, vice-presidente de vendas publicitárias e promocionais, a nova unidade é adequada à crise pois os anunciantes estão mais cautelosos com o resultado dos investimentos. Antes, a companhia tinha foco na venda de espaço publicitário em seus canais a cabo. Agora as ofertas de produtos, serviços e promoções cresceram para os anunciantes. Haverá criação de conteúdo em todas as linhas de negócios, incluindo cinema, televisão, rádio, DVD e outros.

ON THE ROCKS
O projeto Buchanan's Forever terá sua primeira ação no Brasil com o show de Elton John, dia 17, em SP. Buchanan's, patrocinador oficial do show no Brasil, criou pacote com CD do músico, cuja renda arrecadada com a venda será destinada ao Projeto Bartender, programa da Diageo de educação e capacitação, que prepara jovens de baixa renda para a carreira em bar, restaurante, hotel e a cadeia turística em geral.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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