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Crédito é a nova barreira para o avanço de obras
DA REPORTAGEM LOCAL
A timidez dos investimentos
do PAC até agora foi justificada
por burocracias, greves de órgãos federais, pela diversidade
de estágios dos projetos. Mas,
vencidas essas barreiras, o risco
é o programa não arrancar em
2009 por escassez de crédito.
"Se há um problema que nos
preocupa, fora todos os problemas da burocracia e do marco
legal que ainda precisam ser resolvidos, é o crédito", avisa
Paulo Godoy, diretor-presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e da
Indústria de Base).
Para ele, talvez o governo devesse escolher os projetos mais
relevantes e de maior alcance
econômico e social. Com a carteira mais enxuta, concentrar
esforços para evitar a asfixia
por falta de crédito. Segundo
ele, há hoje projetos anunciados e acordados mediante assinatura de contratos que dependem de R$ 220 bilhões em operações financeiras de curto,
médio e longo prazos.
Segundo Godoy, esse pacote
de projetos aguarda a volta de
agentes financeiros ao mercado de crédito, reclusos desde a
piora da crise, em setembro,
quando o Lehman Brothers
ruiu. O governo afirma que dará todas as garantias para o financiamento dos projetos, mas
tem as rédeas dos bancos oficiais, principalmente do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), a maior fonte de recursos de longo prazo no país.
O problema, alerta Godoy, é
que o BNDES é o esteio do sistema de crédito de longo prazo,
mas não poderá ser o único para os volumes de investimentos
necessários para cumprir as
metas do PAC até 2010.
A Abdib defende medidas governamentais que criem um
novo canal das reservas bilionárias de capital que estacionaram em fundos de investimentos ou nos títulos do governo
para os canteiros de obras. Godoy cobra incentivos tributários, medidas que exijam que
reais alforriados dos depósitos
compulsórios cheguem a projetos de infra-estrutura.
A reportagem falou com um
executivo de um grande banco
brasileiro sobre as perspectivas
para 2009. Na avaliação dele, o
capital retornará aos investimentos até o fim do primeiro
trimestre. Diante da incerteza
no mercado financeiro global,
os fundos e os bancos adotaram
uma atitude cautelosa, restringiram as operações de crédito e
elevaram os volumes de reservas em caixa. Motivo: garantir
liquidez em caso de uma corrida para resgates.
(AB)
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