São Paulo, segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

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Crédito é a nova barreira para o avanço de obras

DA REPORTAGEM LOCAL

A timidez dos investimentos do PAC até agora foi justificada por burocracias, greves de órgãos federais, pela diversidade de estágios dos projetos. Mas, vencidas essas barreiras, o risco é o programa não arrancar em 2009 por escassez de crédito.
"Se há um problema que nos preocupa, fora todos os problemas da burocracia e do marco legal que ainda precisam ser resolvidos, é o crédito", avisa Paulo Godoy, diretor-presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e da Indústria de Base).
Para ele, talvez o governo devesse escolher os projetos mais relevantes e de maior alcance econômico e social. Com a carteira mais enxuta, concentrar esforços para evitar a asfixia por falta de crédito. Segundo ele, há hoje projetos anunciados e acordados mediante assinatura de contratos que dependem de R$ 220 bilhões em operações financeiras de curto, médio e longo prazos.
Segundo Godoy, esse pacote de projetos aguarda a volta de agentes financeiros ao mercado de crédito, reclusos desde a piora da crise, em setembro, quando o Lehman Brothers ruiu. O governo afirma que dará todas as garantias para o financiamento dos projetos, mas tem as rédeas dos bancos oficiais, principalmente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a maior fonte de recursos de longo prazo no país.
O problema, alerta Godoy, é que o BNDES é o esteio do sistema de crédito de longo prazo, mas não poderá ser o único para os volumes de investimentos necessários para cumprir as metas do PAC até 2010.
A Abdib defende medidas governamentais que criem um novo canal das reservas bilionárias de capital que estacionaram em fundos de investimentos ou nos títulos do governo para os canteiros de obras. Godoy cobra incentivos tributários, medidas que exijam que reais alforriados dos depósitos compulsórios cheguem a projetos de infra-estrutura.
A reportagem falou com um executivo de um grande banco brasileiro sobre as perspectivas para 2009. Na avaliação dele, o capital retornará aos investimentos até o fim do primeiro trimestre. Diante da incerteza no mercado financeiro global, os fundos e os bancos adotaram uma atitude cautelosa, restringiram as operações de crédito e elevaram os volumes de reservas em caixa. Motivo: garantir liquidez em caso de uma corrida para resgates. (AB)


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