São Paulo, terça, 29 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRÉDITO
Programa permite que agricultor pague dívida com títulos do Tesouro
Adesão ao "Proer agrícola" é prorrogada até março/99

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

O governo decidiu prorrogar para março o prazo para o setor agrícola devedor do Banco do Brasil decidir se adere ao programa de saneamento dos seus débitos. O programa permite ao agricultor quitar a dívida pagando ao BB com títulos do Tesouro comprados a 10,36% do valor real.
O prazo final para adesão ao chamado "Proer agrícola" (referência ao programa de saneamento do setor bancário, já concluído) era o dia 23 deste mês, mas, dada a baixa adesão, o governo resolveu esperar até que os agricultores concluam a comercialização da safra.
O diretor de crédito geral do BB, Édson Soares Ferreira, disse que o banco tem cerca de R$ 5 bilhões em créditos passíveis de serem incluídos no programa.
Ele afirmou também que desse total o banco espera receber R$ 3 bilhões via programa de saneamento, devendo mandar o restante para cobrança judicial.
Na realidade, o BB vai receber em troca das dívidas papéis do Tesouro com prazo de vencimento de 20 anos. Os papéis pagarão juros de 6% a 8% ao ano, mais correção com base no IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado).
Caso se confirme a previsão do diretor do BB de receber R$ 3 bilhões, significa que os agricultores pagarão ao Tesouro R$ 310,8 milhões pelos títulos necessários a saldar esse valor com o banco.
O BB receberá do Tesouro o rendimento dos papéis e limpará seu balanço dos créditos duvidosos correspondentes. O banco poderá esperar os 20 anos para resgatar os títulos com o Tesouro, ou vendê-los no mercado com o desconto que os investidores aceitarem pagar por eles.
² Usineiros
O diretor disse que o BB vai se associar a empresas privadas para fazer a cobrança de outros cerca de R$ 6 bilhões que tem a receber de diversas outras fontes, inclusive dos usineiros de açúcar e álcool.
A idéia é formar empresas chamadas SPEs (Sociedades de Propósitos Especiais). Dessas, o banco ficará com 49% e venderá 51% à empresa privada que oferecer a menor taxa de desconto sobre o valor em cobrança por cada SPE.
O total arrecadado por essas empresas, inclusive o dinheiro pago pela empresa privada para entrar na associação, será dividido entre o BB e o seu sócio na proporção da parcela de cada um no capital da sociedade.
Ferreira disse que, como experiência, serão licitadas no primeiro semestre de 99 quatro SPEs para cobrar dívidas de US$ 300 milhões.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.