São Paulo, terça, 29 de dezembro de 1998

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TELEVISÃO
Investidores teriam desistido
Pactual deixa negociações da Manchete

Patricia Santos/Folha Imagem
Funcionários da Rede Manchete durante protesto em frentye ao prédio onde mora Jack Kapeller, presidente da emissora


TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio

O banco Pactual deixou as negociações para reestruturar a Rede Manchete. O banco alega que os dois últimos investidores interessados na emissora desistiram do negócio e viajaram para o exterior. O banco não revelou quem seriam esses investidores.
Segundo executivos do banco, a família Bloch, atual administradora da Manchete, estaria colocando empecilhos no contrato com o objetivo de ganhar tempo e obter propostas melhores para a venda.
Essa situação se arrastaria até maio, quando o Congresso poderá votar a Proposta de Emenda Constitucional do deputado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) que, se aprovada, permitirá a entrada de grupos estrangeiros na administração de emissoras de rádio e TV, campo hoje restrito a brasileiros.
O presidente da Manchete, Pedro Jack Kapeller, negou essa versão. Ele disse que havia fechado na véspera do Natal o acordo final que permitiria a entrada do Pactual na administração da Manchete. "Eu quero é vender a Manchete. Eu não nasci para deixar de pagar salários", disse. Os funcionários estão sem receber desde setembro.
Kapeller disse que fora surpreendido anteontem, quando teria recebido uma ligação de Edson Macedo, executivo do Pactual, afirmando que o banco havia se retirado das negociações devido à desistência dos interessados.
Ontem, funcionários da Manchete fizeram protesto em frente ao prédio onde mora Kapeller, em Copacabana (zona sul do Rio). Os funcionários pediam que ele assinasse o acordo com o Pactual.
Kapeller mostrou à Folha um e-mail do Pactual, do dia 24, com os termos do contrato que teriam sido fechados. A folha onde estava impresso o e-mail havia sido rasgada e parte dos pontos do contrato estavam ausentes.
"Eu tirei (esse pedaço do papel) porque havia pontos que não foram acertados", disse Kapeller. Segundo ele, um desses pontos se referia ao prédio da emissora. Kapeller queria receber um aluguel, caso o Pactual usasse as instalações da emissora na Glória (zonal sul do Rio) para fazer funcionar a nova empresa que seria criada para sanear a verdadeira Manchete.
O contrato também não previa a cessão da produtora Bloch Som e Imagem, responsável pela produção de telenovelas. Segundo os termos do contrato, o Pactual negociava com a família Bloch um contrato que entregaria a produção da emissora para uma produtora, a Super TV1, por seis meses.
Sem dívidas e sem processos judiciais, a produtora recuperaria a programação da Manchete e pagaria aos poucos parte da dívida da emissora, avaliada pelo mercado em mais de R$ 500 milhões.
Conforme a produtora fosse saldando parte das dívidas da verdadeira Manchete, a família Bloch passaria ações da empresa para os controladores da produtora.
No final de seis meses, a concessão seria passada para uma terceira empresa, a Super TV 2.



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