São Paulo, terça, 29 de dezembro de 1998

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EUROPA
Para Hans Tietmeyer, presidente do Bundesbank, corte de taxa não cria emprego
BC alemão defende juro à véspera do euro


das agências internacionais

A integração européia pode ser comprometida em virtude do conflito entre o Banco Central Europeu e as nações que vão aderir ao euro a partir desta sexta-feira.
O alerta foi feito ontem pelo presidente do Bundesbank (o banco central alemão), Hans Tietmeyer. É uma falácia, segundo ele, a crença de que mais empregos serão criados se houver um relaxamento da política monetária.
O desemprego atinge, na média, 11,5% da população economicamente ativa dos 11 países que vão adotar a moeda única. Governos sociais-democratas, entre os quais o alemão, vêm insistindo para que o Banco Central Europeu reduza seus juros para estimular a economia da região, o que levaria a um aumento da oferta de emprego.
A instituição, que assumirá a partir desta sexta-feira o controle sobre a política monetária dos 11 países, reluta em diminuir juros porque acredita que a medida pode pôr em risco a estabilidade dos preços.
"A melhor contribuição da política monetária para que haja mais crescimento e emprego é oferecer orientação clara para garantir a estabilidade e facilitar o planejamento econômico", escreveu Tietmeyer em artigo que será publicado no dia 1º na imprensa alemã.
Tietmeyer afirma que o desemprego na Europa se deve a fatores estruturais, e a política monetária não pode assumir responsabilidades de outras áreas.
As diferentes opiniões a respeito do papel da política monetária e a prioridade da estabilidade podem levar a tensões graves, de acordo o dirigente do Bundesbank. "Isso não se deve permitir que ocorra", completa.
² Cortes
Os 11 países da Europa que vão adotar o euro, a moeda única, haviam surpreendido o mercado internacional ao anunciar um corte conjunto de suas taxas de juros de curto prazo no último dia 3.
Os juros, que chegavam a até 3,75%, passaram na ocasião a 3% ao ano -com exceção da Itália, que reduziu de 4% para 3,5% ao ano naquele dia, mas acabou anunciando nova taxa, de 3% ao ano, na semana passada. É a primeira vez que os 11 países possuem uma taxa de juros comum.
Quando o corte dos juros foi anunciado, Hans Tietmeyer afirmou que a decisão havia sido tomada com o objetivo de baratear os custos do crédito e, assim, combater uma perspectiva econômica "nublada" para a economia da região. Dias antes, o presidente do Banco Central Europeu, Wim Duisenberg, afirmara que estava certo de que, em virtude da crise mundial, o crescimento da zona do euro se limitará a 2,5% em 99, contra a taxa de 3% prevista para este ano.



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