São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

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Ciclo inflacionário está longe, afirma Palocci

DO ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA

O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse que o aumento de preços verificado no final do ano passado e neste mês -que levou o Banco Central a manter a taxa básica de juros (Selic) em 16,5% ao ano- "está longe de constituir uma situação de retomada do ciclo inflacionário".
A declaração foi dada por Palocci após encontro com investidores estrangeiros na sede européia da ONU (Organização das Nações Unidas). Já era final de tarde na capital suíça e o ministro ainda não havia lido a ata do Copom.
Segundo ele, a alta de preços neste começo de ano está relacionada sobretudo a fatores temporários, como aumento das mensalidades escolares e elevação dos preços de produtos básicos (commodities) no mercado externo, que se tornam mais caros também no mercado doméstico.
Mas o ministro reconheceu que a pressão inflacionária decorre ainda do aumento da demanda interna, causado pelo crescimento das exportações e pela recuperação do consumo.
"Felizmente, estamos em um período de crescimento no mercado interno, crescimento vigoroso", disse. "Isso [volta do ciclo inflacionário] não é uma coisa que está dada neste momento. É evidente que esses fenômenos têm de ser observados", completou.
Ao ser informado pelos jornalistas sobre o conteúdo da ata do Copom, Palocci disse que a "interrupção temporária [na queda dos juros que vinha desde meados do ano passado]" foi para observar e acompanhar os efeitos das últimas medidas monetárias.

Juros dos EUA
Palocci se mostrou tranqüilo também em relação à possibilidade de o Fed (o banco central dos Estados Unidos) vir a aumentar os juros básicos da economia americana e às conseqüências para a economia brasileira. "Eu tenho certeza de que a consolidação dos instrumentos e dos fundamentos da economia brasileira são fortes o suficiente para acompanhar acontecimentos que possam significar alguma mudança de cenário internacional", disse.
Para ele, o aumento de juros pelo Fed "não tende a ocorrer num curto espaço de tempo nem numa dimensão que possa criar dificuldades aos mercados emergentes", disse ele à Folha.
A opinião é compartilhada pelo presidente da Gradiente e membro do Conselho de Administração do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Eugênio Staub, para quem uma possível alta dos juros nos EUA é "irrelevante" para o Brasil e não afetará a demanda por títulos brasileiros no exterior.
"Nós temos um juro real tão alto que eu acho que esse pequeno incidente [a provável alta dos juros] não nos afeta", afirmou.
Já o presidente do BNDES, Carlos Lessa, afirmou que "é evidente que um cenário internacional mais restritivo é um risco". Disse, porém, que "nenhum país pode ficar travado em razão de prováveis futuros cenários".


Colaborou a Sucursal do Rio


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