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Ciclo inflacionário está longe, afirma Palocci
DO ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse que o aumento de preços verificado no final do
ano passado e neste mês -que levou o Banco Central a manter a
taxa básica de juros (Selic) em
16,5% ao ano- "está longe de
constituir uma situação de retomada do ciclo inflacionário".
A declaração foi dada por Palocci após encontro com investidores estrangeiros na sede européia
da ONU (Organização das Nações
Unidas). Já era final de tarde na
capital suíça e o ministro ainda
não havia lido a ata do Copom.
Segundo ele, a alta de preços
neste começo de ano está relacionada sobretudo a fatores temporários, como aumento das mensalidades escolares e elevação dos
preços de produtos básicos (commodities) no mercado externo,
que se tornam mais caros também no mercado doméstico.
Mas o ministro reconheceu que
a pressão inflacionária decorre
ainda do aumento da demanda
interna, causado pelo crescimento das exportações e pela recuperação do consumo.
"Felizmente, estamos em um
período de crescimento no mercado interno, crescimento vigoroso", disse. "Isso [volta do ciclo inflacionário] não é uma coisa que
está dada neste momento. É evidente que esses fenômenos têm
de ser observados", completou.
Ao ser informado pelos jornalistas sobre o conteúdo da ata do
Copom, Palocci disse que a "interrupção temporária [na queda
dos juros que vinha desde meados do ano passado]" foi para observar e acompanhar os efeitos
das últimas medidas monetárias.
Juros dos EUA
Palocci se mostrou tranqüilo
também em relação à possibilidade de o Fed (o banco central dos
Estados Unidos) vir a aumentar
os juros básicos da economia
americana e às conseqüências para a economia brasileira. "Eu tenho certeza de que a consolidação
dos instrumentos e dos fundamentos da economia brasileira
são fortes o suficiente para acompanhar acontecimentos que possam significar alguma mudança
de cenário internacional", disse.
Para ele, o aumento de juros pelo Fed "não tende a ocorrer num
curto espaço de tempo nem numa
dimensão que possa criar dificuldades aos mercados emergentes",
disse ele à Folha.
A opinião é compartilhada pelo
presidente da Gradiente e membro do Conselho de Administração do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social), Eugênio Staub, para
quem uma possível alta dos juros
nos EUA é "irrelevante" para o
Brasil e não afetará a demanda
por títulos brasileiros no exterior.
"Nós temos um juro real tão alto
que eu acho que esse pequeno incidente [a provável alta dos juros]
não nos afeta", afirmou.
Já o presidente do BNDES, Carlos Lessa, afirmou que "é evidente
que um cenário internacional
mais restritivo é um risco". Disse,
porém, que "nenhum país pode
ficar travado em razão de prováveis futuros cenários".
Colaborou a Sucursal do Rio
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