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Para CNI, custos e lucro podem pressionar preço
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressão nos custos e aumento
da lucratividade podem ser os
motivos para a onda de remarcação de preços por parte dos empresários, segundo avaliação da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria). Para o coordenador de
Política Econômica da entidade,
Flávio Castelo Branco, o próprio
mercado pode não aceitar tais
reajustes devido à queda na renda
do brasileiro.
Ontem, a CNI divulgou a Sondagem Industrial, uma pesquisa
trimestral com grandes, médios e
pequenos empresários sobre a situação da indústria no último trimestre e as expectativas para o
próximo semestre.
Entre os indicadores está a lucratividade das empresas no último trimestre de 2003. De acordo
com a pesquisa, a relação preço-custo atingiu 39,9 pontos no período (valores acima de 50 indicam evolução positiva, e abaixo,
negativa). No último trimestre de
2002, a lucratividade estava em
41,9 pontos.
Além disso, a pesquisa mostra
que entre os principais problemas
apontados pelos empresários na
atividade industrial está o alto
custo da matéria-prima. Esse é o
quinto maior problema na avaliação dos empresários, perdendo
apenas para a carga tributária, a
competição acirrada, a taxa de juros e a falta de demanda.
"Existem dois pontos que podem estar pressionando os preços. Há pressão nos custos, o que,
para os grandes empresários, pode ser até resultado do aumento
da Cofins. E a lucratividade da indústria está prejudicada com as
crises dos últimos dois a três
anos", avaliou Castelo Branco.
Segundo ele, é um erro avaliar o
aumento da lucratividade da indústria como algo negativo. "Falar que isso é uma ameaça para a
economia é dizer que o lucro é
ruim. Mas somente com lucro a
empresa tem capacidade de investimento", afirmou.
Processo inflacionário
Ele acrescentou ainda que não
se sabe qual o nível de intensidade
dos aumentos que as empresas
pretendem promover. "Mesmo
que sob controle, existe ainda um
processo inflacionário no país. Se
o reajuste que o empresário pretende fazer for de apenas 2%, não
se pode dizer que estamos caminhando para uma explosão inflacionária."
A Sondagem Industrial da CNI
também mostra que, no último
trimestre de 2003, o desempenho
da indústria não caracterizou a retomada da atividade econômica.
"Houve uma recuperação, não
há dúvida, mas com características marcadamente sazonais", disse Castelo Branco.
Nesse período, a atividade industrial historicamente aumenta
para atender à demanda das festas de fim de ano. Já a expectativa
da indústria para os primeiros
seis meses deste ano é melhor que
a registrada no início do ano passado.
A pesquisa da CNI foi feita, no
entanto, antes da decisão do Banco Central, na semana passada, de
manter a taxa básica de juros em
16,5% ao ano.
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