São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

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Para CNI, custos e lucro podem pressionar preço

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pressão nos custos e aumento da lucratividade podem ser os motivos para a onda de remarcação de preços por parte dos empresários, segundo avaliação da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Para o coordenador de Política Econômica da entidade, Flávio Castelo Branco, o próprio mercado pode não aceitar tais reajustes devido à queda na renda do brasileiro.
Ontem, a CNI divulgou a Sondagem Industrial, uma pesquisa trimestral com grandes, médios e pequenos empresários sobre a situação da indústria no último trimestre e as expectativas para o próximo semestre.
Entre os indicadores está a lucratividade das empresas no último trimestre de 2003. De acordo com a pesquisa, a relação preço-custo atingiu 39,9 pontos no período (valores acima de 50 indicam evolução positiva, e abaixo, negativa). No último trimestre de 2002, a lucratividade estava em 41,9 pontos.
Além disso, a pesquisa mostra que entre os principais problemas apontados pelos empresários na atividade industrial está o alto custo da matéria-prima. Esse é o quinto maior problema na avaliação dos empresários, perdendo apenas para a carga tributária, a competição acirrada, a taxa de juros e a falta de demanda.
"Existem dois pontos que podem estar pressionando os preços. Há pressão nos custos, o que, para os grandes empresários, pode ser até resultado do aumento da Cofins. E a lucratividade da indústria está prejudicada com as crises dos últimos dois a três anos", avaliou Castelo Branco.
Segundo ele, é um erro avaliar o aumento da lucratividade da indústria como algo negativo. "Falar que isso é uma ameaça para a economia é dizer que o lucro é ruim. Mas somente com lucro a empresa tem capacidade de investimento", afirmou.

Processo inflacionário
Ele acrescentou ainda que não se sabe qual o nível de intensidade dos aumentos que as empresas pretendem promover. "Mesmo que sob controle, existe ainda um processo inflacionário no país. Se o reajuste que o empresário pretende fazer for de apenas 2%, não se pode dizer que estamos caminhando para uma explosão inflacionária."
A Sondagem Industrial da CNI também mostra que, no último trimestre de 2003, o desempenho da indústria não caracterizou a retomada da atividade econômica.
"Houve uma recuperação, não há dúvida, mas com características marcadamente sazonais", disse Castelo Branco.
Nesse período, a atividade industrial historicamente aumenta para atender à demanda das festas de fim de ano. Já a expectativa da indústria para os primeiros seis meses deste ano é melhor que a registrada no início do ano passado.
A pesquisa da CNI foi feita, no entanto, antes da decisão do Banco Central, na semana passada, de manter a taxa básica de juros em 16,5% ao ano.


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