São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

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COMÉRCIO

Reunião acaba em impasse

Indústria têxtil pára de negociar com Argentina

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

A Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) suspendeu ontem as negociações com industriais do setor têxtil argentino que pediam uma restrição voluntária das exportações brasileiras.
O anúncio foi feito pelo presidente da Abit, Paulo Skaf, após uma reunião de cerca de 4 horas, no Rio, com representantes argentinos dos segmentos de acrílicos, algodão, tapetes e toalhas.
"Não estou de acordo em continuarmos nessa trajetória sem fim de reclamações infundadas", disse Skaf à Folha, irritado. "Onde não há dano não tem conversa", afirmou. "São setores que estão a pleno vapor com sua produção."
Empresários têxteis argentinos reclamam de uma suposta invasão de produtos brasileiros nos últimos dois anos. Na sexta passada, após mais de três meses de negociação, os empresários chegaram a um acordo preliminar no segmento de "denim", segundo o qual o Brasil reduziria as exportações de 20 milhões de metros lineares (registrados em 2003) para 15 milhões neste ano. Ontem seriam discutidos acordos para os demais segmentos.
O entendimento da semana passada foi definido depois que o governo argentino anunciou que passaria a aplicar um sistema de licenças não-automáticas para a importação de produtos têxteis do Brasil. A medida foi publicada, mas ainda não entrou em vigor porque falta ser regulamentada.
"É como uma ameaça", queixou-se Skaf, para quem os empresários argentinos têm apresentado propostas "indecorosas", respaldados pela medida. "Eles [os argentinos] não estão com a faca e o queijo na mão, e eu não vou negociar sob pressão", disse.
Skaf afirmou que terá uma reunião hoje com o ministro interino do Desenvolvimento [Márcio Fortes] para tratar do impasse.
"Vou solicitar ao governo que solicite no tribunal de arbitragem do Mercosul a retirada da medida. Nós não podemos negociar nada com a faca no pescoço."


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