São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2005

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Perspectiva para o setor depende da negociação entre Varig e governo

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma perspectiva mais realista do que acontecerá com o setor aéreo em 2005, alertam especialistas, depende do que vai ocorrer com a Varig, que hoje negocia com o governo federal seu processo de reestruturação.
A solução estudada hoje para a empresa prevê a entrada em cena de novos investidores. Desde que a aérea ganhou uma ação na Justiça -que lhe dá direito a uma indenização do governo, pelos prejuízos causados à empresa pelo congelamento dos preços das passagens aéreas entre 1985 e 1992-, há muitas propostas de compradores, como o caso de um grupo europeu, que já manifestou interesse na companhia.
Acionistas em potencial, no entanto, esperam, para se posicionar com mais firmeza, uma certeza maior de que ocorrerá o comentado encontro de contas entre o montante dessa ação (R$ 2 bilhões) e as dívidas da companhia aérea com o governo federal.
Outro ponto é que a legislação brasileira prevê que um grupo estrangeiro pode ter, no máximo, 20% de participação em uma empresa do setor aéreo.
Na quinta-feira, o ministro da Defesa e vice-presidente da República, José Alencar, afirmou que a solução para a companhia passa por uma estatização temporária da Varig, que viria com a conversão de dívidas de credores em ações da aérea, já que o governo é o principal credor da empresa.
Entretanto, essa estatização indireta é vista como extremamente improvável por envolvidos na negociação ouvidos pela Folha.
Isso porque o grosso da dívida do governo com a companhia -cerca de US$ 1 bilhão (o equivalente a R$ 3 bilhões), com a Previdência e com a Receita- não poderia, pela legislação, ser transformado em ações da empresa.
Já os débitos da companhia aérea com estatais como o Banco do Brasil, a BR Distribuidora e a Infraero somam US$ 150 milhões, menos do que os US$ 162,5 milhões que a privada GE, por exemplo, tem a receber da Varig.
Na reunião de anteontem com Alencar, o Unibanco, contratado para conduzir o processo de reestruturação, não apresentou uma proposta muito definida para a Varig. Aguarda alguns posicionamentos do próprio governo.
Um é se a União vai recorrer da ação ganha na Justiça pela aérea. E, se a decisão for por não recorrer, se o governo vai optar pelo tão falado encontro de contas ou se vai pagar diretamente à empresa.

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