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Perspectiva para o setor depende da negociação entre Varig e governo
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma perspectiva mais realista
do que acontecerá com o setor aéreo em 2005, alertam especialistas, depende do que vai ocorrer
com a Varig, que hoje negocia
com o governo federal seu processo de reestruturação.
A solução estudada hoje para a
empresa prevê a entrada em cena
de novos investidores. Desde que
a aérea ganhou uma ação na Justiça -que lhe dá direito a uma indenização do governo, pelos prejuízos causados à empresa pelo
congelamento dos preços das
passagens aéreas entre 1985 e
1992-, há muitas propostas de
compradores, como o caso de um
grupo europeu, que já manifestou
interesse na companhia.
Acionistas em potencial, no entanto, esperam, para se posicionar com mais firmeza, uma certeza maior de que ocorrerá o comentado encontro de contas entre o montante dessa ação (R$ 2
bilhões) e as dívidas da companhia aérea com o governo federal.
Outro ponto é que a legislação
brasileira prevê que um grupo estrangeiro pode ter, no máximo,
20% de participação em uma empresa do setor aéreo.
Na quinta-feira, o ministro da
Defesa e vice-presidente da República, José Alencar, afirmou que a
solução para a companhia passa
por uma estatização temporária
da Varig, que viria com a conversão de dívidas de credores em
ações da aérea, já que o governo é
o principal credor da empresa.
Entretanto, essa estatização indireta é vista como extremamente
improvável por envolvidos na negociação ouvidos pela Folha.
Isso porque o grosso da dívida
do governo com a companhia
-cerca de US$ 1 bilhão (o equivalente a R$ 3 bilhões), com a Previdência e com a Receita- não
poderia, pela legislação, ser transformado em ações da empresa.
Já os débitos da companhia aérea com estatais como o Banco do
Brasil, a BR Distribuidora e a Infraero somam US$ 150 milhões,
menos do que os US$ 162,5 milhões que a privada GE, por exemplo, tem a receber da Varig.
Na reunião de anteontem com
Alencar, o Unibanco, contratado
para conduzir o processo de reestruturação, não apresentou uma
proposta muito definida para a
Varig. Aguarda alguns posicionamentos do próprio governo.
Um é se a União vai recorrer da
ação ganha na Justiça pela aérea.
E, se a decisão for por não recorrer, se o governo vai optar pelo tão
falado encontro de contas ou se
vai pagar diretamente à empresa.
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