|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONSUMO
Grifes chegam ao Brasil com "jeans premium", que podem custar até R$ 4.000; procura elevada surpreende vendedores
Novas lojas aquecem o mercado de luxo
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A globalização da moda, que levou marcas internacionais como
a Levi's a buscar a mão-de-obra
barata da Ásia para reduzir preços
e atrair mais clientes, "desglamourizou" o jeans. O contra-ataque chegou ao Brasil na forma de
lançamentos de grifes com modelos de calça que podem custar até
R$ 4.000.
A cifra parece proibitiva para
bolsos brasileiros, mas a voracidade dos consumidores pelos
chamados "jeans premium" surpreendeu o mercado. Inaugurada
em novembro do ano passado na
nova ala do Shopping Iguatemi,
em São Paulo, a D&G (linha esportiva da italiana Dolce & Gabbana) vendeu mais de mil pares
de calça -com preços na faixa de
R$ 900- nos 20 dias seguintes à
inauguração. "Tivemos que fazer
um pedido extra de jeans feminino, que deve chegar na semana
que vem. O estoque ficou praticamente zerado", conta Patrícia
Gaia, uma das responsáveis pela
representação da marca no Brasil.
O apetite pelos jeans da marca
italiana foi tamanho que 70% da
coleção, planejada para ser vendida em cinco meses, foi arrematada em 45 dias. A pré-coleção de
verão, que deveria estar nas vitrines em meados do ano, já estará
na loja em fevereiro. Mesmo uma
das peças mais caras, uma calça
com aplicações de cristais Swarovski de R$ 4.000, sumiu rapidamente das araras da loja.
O furor por esse tipo de jeans
"gourmet" também atinge a Emporio Armani, que já está no Brasil desde o final dos anos 90. Em
2000, o volume de vendas de jeans
representava aproximadamente
20% do total de peças vendidas
pelo grupo Armani no país. Em
2004, essa fatia subiu para 40%. O
preço de uma calça da linha Giorgio Armani (considerada a primeira linha do estilista italiano)
também oscila na faixa de R$
1.000.
Gosto por novidades
Mas quem está disposto a pagar
quase cinco salários-mínimos por
um jeans que, numa boa grife nacional, poderia custar R$ 200?
A classe A, obviamente, mas o
privilégio não é exclusividade de
milionários. "O nosso cliente é
bem informado, culto, viaja para
a Europa. Mas prefere aproveitar
os passeios ao exterior para programas culturais. As compras, ele
deixa para fazê-las no Brasil, onde
pode pagar parcelado", diz Gaia.
Mesmo optando pelo pagamento em prestações, os consumidores desse tipo de produto tem um
know-how para moda que os diferencia dos demais clientes. Prova disso é o gosto desse público
por marcas de jeans praticamente
desconhecidas no grande varejo
como as americanas Seven for all
Mankind, Paper Denin, True Religion e a japonesa Evisu.
Inaugurada em novembro do
ano passado no Shopping Iguatemi, em São Paulo, a loja multimarcas Jeans Hall investe nesse
nicho de mercado. A faixa de preço dos produtos também oscila
entre R$ 650 e R$ 1.200. Mas atrás
do valor, defende André Piedade,
sócio da loja, está o diferencial.
"Esses jeans têm uma lavagem especial, a maioria é feita na Itália, o
corte é diferenciado e a fabricação
é quase artesanal", argumenta.
Esse discurso que destaca a novidade do produto cai exatamente
no gosto do brasileiro. A atração
pelo novo é o principal combustível do consumo de artigos de luxo
no Brasil, na avaliação de Carlos
Ferreirinha, da consultoria MCF
Fashion. "A diferença de comportamento do consumidor brasileiro é que ele é muito impulsivo, tudo o que é inédito, que é lançamento, tem grande apelo", diz.
Por ano, de acordo com a consultoria, esse mercado de luxo
movimenta US$ 2,2 bilhões (R$
5,84 bilhões) no Brasil e exibe taxas de crescimento de 38%.
Mas, apesar do fôlego, o Brasil
ainda não é uma potência do consumo de luxo, diz Ferreirinha. Em
Hong Kong, por exemplo, o consumo de luxo cresce até 80% por
ano em algumas marcas.
"Não há um boom de consumo
e muitas marcas importantes ainda, mas o mercado é bastante forte e tem espaço", avaliou.
Além de roupas, os segmentos
de acessórios como bolsas e óculos de sol e o de jóias estão na mira
das marcas internacionais que já
estão no Brasil e também das que
pretendem se instalar. A joalheria
Tiffany, que já tem loja em São
Paulo, estuda abrir uma filial no
Rio. A Christian Dior e a inglesa
Burberry também.
Texto Anterior: Artigo: Sucessão de Greenspan vira problema para Bush Próximo Texto: Demanda por iPod no Brasil supera oferta Índice
|