São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

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Foco deve ser contra importação da China, afirma especialista

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para evitar a deterioração da balança comercial, a preocupação do governo deve estar focada nas importações chinesas e na readequação das políticas de fomento às exportações, afirmam analistas.
De acordo com José Augusto Castro, diretor da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), embora a crise tenha efeito generalizado sobre o comércio exterior, a tendência é que as importações caiam mais lentamente do que as exportações, daí a pressão maior sobre a balança comercial.
Isso porque o país importa itens manufaturados que obedecem a contratos já firmados -o que os torna menos sujeitos a reduções de preços. Já o valor das commodities exportadas já foi rebaixado.
"Por essa razão, devemos recuperar o superávit somente em março ou abril", afirma Castro. Outra razão para a queda mais acentuada das exportações agora, segundo ele, é que o princípio do ano é um período de entressafra para parte das commodities agrícolas.
Nas quatro primeiras semanas do mês, houve queda de 21,8% nas exportações e de 8,8% nas importações em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Para Castro, a China é a maior ameaça para o equilíbrio da balança comercial. "Os produtos chegam a preços fora do mercado. E, obviamente, com a redução da demanda nos Estados Unidos e na Europa, esses produtos virão para cá. Nesse caso, é preciso impor alguma restrição. Não se trata de protecionismo, mas de preservação da indústria do país", diz.
Entre 2007 e 2008, as importações chinesas cresceram 58%, e a China já detém 11,57% de participação nas importações brasileiras, diz Castro.
Segundo o economista Antônio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP, o governo deve estudar políticas tarifárias para resolver desequilíbrios nas importações. "Mas precisamos também acelerar as exportações. Somos a 10ª economia do mundo e o 24º exportador. É preciso aprofundar a política industrial para ganharmos competitividade."


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