São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

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Crédito para empresa com dívida externa sai na próxima semana, afirma Meirelles

MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que anunciará na próxima semana o início do processo para a concessão de linhas de crédito a empresas brasileiras que tenham dívida externa, com recursos das reservas internacionais. Inicialmente, só bancos já autorizados a operar câmbio no Brasil terão as linhas.
A medida, já anunciada pela autoridade monetária para o final deste mês, atrasou em razão da dificuldade de implementação, que requer análise da legislação de liquidação bancária de outros países. Para Meirelles, a demanda pelas linhas será de cerca de US$ 20 bilhões, que virão das reservas internacionais aplicadas nos bancos brasileiros e estrangeiros, que emprestarão a companhias nacionais.
A concessão de linhas funcionará como a de ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio), que é feita por um banco que analisa o perfil de risco da companhia. Quando o BC faz reservas em um banco do país, a instituição que recebe a aplicação faz empréstimo a empresas brasileiras e dá em garantia as reservas.
"É importante que se possa exercer essa garantia, que os recursos das reservas tenham prioridade, no caso improvável de um banco de primeira linha vir a ter problemas", afirmou o presidente do BC. "Só faremos com bancos de primeira linha."
Só depois entrarão outras instituições, ainda não autorizadas a operar câmbio no Brasil. Além das linhas que serão criadas para empréstimos a empresas brasileiras, garantidos pelas aplicações das reservas, já foram liberados US$ 30 bilhões em linhas à exportação.
"Com essas medidas, o Brasil será um dos únicos países do mundo onde a oferta de crédito estará normalizada quantitativamente", disse.
Meirelles comentou a apreciação do dólar, depois de participar como palestrante de uma sessão sobre o tema no Fórum Econômico Mundial. Segundo ele, a opinião predominante em Davos é que o dólar seguirá tendo um papel importante na economia global, mesmo com a crise nos EUA. "Não há muitas candidatas a moedas de reserva. Há dúvidas se o euro poderá exercer esse papel." A maior parte das reservas internacionais do Brasil é em dólar.
Sobre a crise global, Meirelles observou que ela "não afeta as diversas regiões da mesma maneira; a China, que depende das exportações para os EUA, não está comprando papel, ajudando banco".
"O Brasil agiu rapidamente quando atuou nos compulsórios, no leilão de linhas para exportação e quando vendeu dólar spot [à vista] e futuro nos mercados domésticos, num total de US$ 33 bilhões, além do corte do IPI", afirmou.
Com relação à taxa de juros, que caiu um ponto percentual, para 12,75% ao ano, na semana passada, Meirelles disse que a medida foi tomada no momento adequado e que "o importante é não substituir a crise externa por uma crise interna, como ocorreu no passado".
Já a projeção do BC para o PIB deste ano, de 3,2%, segundo Meirelles, será revisada em março, na divulgação trimestral do Relatório de Inflação, conforme "o estado da economia no momento".


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