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Crédito para empresa com dívida externa sai na próxima semana, afirma Meirelles
MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse
que anunciará na próxima semana o início do processo para
a concessão de linhas de crédito
a empresas brasileiras que tenham dívida externa, com recursos das reservas internacionais. Inicialmente, só bancos já
autorizados a operar câmbio no
Brasil terão as linhas.
A medida, já anunciada pela
autoridade monetária para o final deste mês, atrasou em razão
da dificuldade de implementação, que requer análise da legislação de liquidação bancária de
outros países. Para Meirelles, a
demanda pelas linhas será de
cerca de US$ 20 bilhões, que virão das reservas internacionais
aplicadas nos bancos brasileiros e estrangeiros, que emprestarão a companhias nacionais.
A concessão de linhas funcionará como a de ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio), que é feita por um banco
que analisa o perfil de risco da
companhia. Quando o BC faz
reservas em um banco do país,
a instituição que recebe a aplicação faz empréstimo a empresas brasileiras e dá em garantia
as reservas.
"É importante que se possa
exercer essa garantia, que os recursos das reservas tenham
prioridade, no caso improvável
de um banco de primeira linha
vir a ter problemas", afirmou o
presidente do BC. "Só faremos
com bancos de primeira linha."
Só depois entrarão outras
instituições, ainda não autorizadas a operar câmbio no Brasil. Além das linhas que serão
criadas para empréstimos a
empresas brasileiras, garantidos pelas aplicações das reservas, já foram liberados US$ 30
bilhões em linhas à exportação.
"Com essas medidas, o Brasil
será um dos únicos países do
mundo onde a oferta de crédito
estará normalizada quantitativamente", disse.
Meirelles comentou a apreciação do dólar, depois de participar como palestrante de uma
sessão sobre o tema no Fórum
Econômico Mundial. Segundo
ele, a opinião predominante em
Davos é que o dólar seguirá tendo um papel importante na
economia global, mesmo com a
crise nos EUA. "Não há muitas
candidatas a moedas de reserva. Há dúvidas se o euro poderá
exercer esse papel." A maior
parte das reservas internacionais do Brasil é em dólar.
Sobre a crise global, Meirelles observou que ela "não afeta
as diversas regiões da mesma
maneira; a China, que depende
das exportações para os EUA,
não está comprando papel, ajudando banco".
"O Brasil agiu rapidamente
quando atuou nos compulsórios, no leilão de linhas para exportação e quando vendeu dólar spot [à vista] e futuro nos
mercados domésticos, num total de US$ 33 bilhões, além do
corte do IPI", afirmou.
Com relação à taxa de juros,
que caiu um ponto percentual,
para 12,75% ao ano, na semana
passada, Meirelles disse que a
medida foi tomada no momento adequado e que "o importante é não substituir a crise externa por uma crise interna, como
ocorreu no passado".
Já a projeção do BC para o
PIB deste ano, de 3,2%, segundo Meirelles, será revisada em
março, na divulgação trimestral do Relatório de Inflação,
conforme "o estado da economia no momento".
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