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Indústria critica expansão da malha de gasodutos no país
Divulgação/Agência Petrobras
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Funcionário no gasoduto Paulínia-Jacutinga, inaugurado ontem
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Em meio a um cenário de
preço elevado do gás natural,
sobra do produto e críticas do
setor industrial, a Petrobras
iniciou ontem a operação do
primeiro de uma série de seis
gasodutos incluídos no PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) e com previsão
de entrega para este ano.
As novas obras representarão um crescimento de 47,3%
na malha atual da Petrobras,
com 2.437 km de novos gasodutos. O Paulínia-Jacutinga, com
93 km de extensão, inaugurado
ontem pela ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil), pré-candidata à Presidência pelo PT,
levará gás para indústrias da região sul de Minas Gerais.
Mas a expectativa da Petrobras é que, em 2011, apenas
10% de sua capacidade de
transporte diário de 5 milhões
de metros cúbicos seja efetivamente usada. De acordo com a
estatal, a oferta existe, mas o
consumo depende de ações do
Estado e dos municípios.
Segundo a Abegás (Associação Brasileira das Empresas
Distribuidoras de Gás Canalizado), o consumo médio no
Brasil, em 2009, foi de 36,7 milhões de metros cúbicos por
dia, uma retração de 26% no
consumo médio do energético
em relação a 2008. A Petrobras
prevê, para 2012, um consumo
de 49 milhões de metros cúbicos por dia. Hoje, cerca de 9 milhões são queimados diariamente, porque não são usados.
Elefante branco
A expansão recorde da malha
prevista para este ano é criticada pela Abrace (Associação
Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia
e de Consumidores Livres).
Frederico Paixão Almeida,
especialista do departamento
de energia térmica da entidade,
diz que há risco de criação de
"elefantes brancos" -gasodutos com aproveitamento bem
abaixo de sua capacidade plena.
Ele lembra que, no início de
dezembro, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli,
disse que não havia garantia de
disponibilidade de gás firme,
aquele com fornecimento ininterrupto, justamente a demanda das grandes indústrias.
"Ficamos sem entender. O
governo construindo gasodutos, mas sem disponibilidade
de gás firme", diz Almeida.
A diretora de Gás e Energia
da Petrobras, Graça Foster, argumenta que os investimentos
em gasodutos são de longo prazo e que as obras são fruto de
uma aposta no crescimento.
""Entre pensar em fazer um
gasoduto, decidir, licenciar,
construir, conclui-lo e operar,
leva de três a quatro anos. É para fazer o quê? Esperar faltar o
gás? Não sustentar a tendência
do crescimento econômico?",
disse Foster, via assessoria.
Segundo Almeida, a construção de gasodutos também contribui para elevar o preço do gás
natural no Brasil, o segundo
mais alto do mundo, de acordo
com a Abrace.
A razão, segundo o especialista, é a existência de uma parcela fixa na composição do preço para remunerar investimentos da estatal, como a construção de novos gasodutos.
A Petrobras não comentou as
críticas da Abrace sobre a composição do preço.
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