São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

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MERCADO ABERTO

Investidor está inseguro, diz Leme

Os investidores estrangeiros receberam com cautela a indicação e as primeiras declarações do novo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Eles ainda esperam uma definição mais clara de Mantega a respeito dos rumos que ele pretende dar à política econômica.
A afirmação é do economista Paulo Leme, da Goldman Sachs, que, na terça-feira, participou de uma conferência com mais de 150 investidores estrangeiros para analisar a troca do comando no Ministério da Fazenda.
Segundo Leme, a mudança na economia já provocou reflexo nos investimentos de fora em títulos de renda fixa no país. De acordo com ele, as aplicações caíram de US$ 12 bilhões para US$ 9 bilhões, e uma das razões, a seu ver, foi a desconfiança por parte do investidor em relação à política econômica.
Uma das maiores incertezas dos investidores externos, de acordo com Leme, é saber se Mantega irá ou não manter a política fiscal restritiva adotada pela equipe de Palocci e se terá força política para resistir à pressão de gastos num ano eleitoral. Há também muitas dúvidas sobre juros e câmbio. "Não está clara a posição do novo ministro em relação a esses temas", afirma.
Para ele, o que deixou os investidores inseguros foram as declarações de Mantega, consideradas controversas. Segundo o economista, o mercado não entendeu muito bem o ministro quando ele disse que o Brasil precisava de taxas civilizadas de juros ou também quando afirmou que mantém suas idéias históricas. "Essas declarações levaram o investidor a acender o sinal amarelo para o Brasil", afirma Leme.
O economista diz que dois passos serão importantes no curto prazo para avaliar melhor a política a ser desenvolvida por Mantega. Em primeiro lugar, a escolha da equipe. E, em segundo, a fixação, amanhã, da nova TJLP, na reunião do Conselho Monetário Nacional, da qual fará parte.

DEZ ANOS NA TV
Conhecido pelos seriados de comédia americanos, como "Desperate Housewives" e "Seinfeld", o canal Sony comemora dez anos no Brasil com festa em São Paulo hoje. Sergio Pizzolante, vice-presidente e co-gerente dos canais da Sony Pictures Entertainment, veio ao Brasil especialmente para o evento e diz que o mercado brasileiro está longe da saturação. "Ainda temos muito espaço para crescer." O canal espera expandir em 70% o número de espectadores neste ano e em 40% o faturamento em dólares. Para isso, a estratégia é deixar de investir apenas em "sitcoms" (comédias de situação), criar formatos, reinventar programas antigos e pensar na "atitude" do canal, explica o executivo. "O primeiro mercado que nos notou foi o brasileiro, ele significa o mundo para nós", diz. Segundo Pizzolante, em termos de afiliados, qualquer crescimento seria orgânico, pois o Sony já está em todas as bases de operadoras.

SEM REGISTRO
A ANP (Agência Nacional do Petróleo) decidiu cancelar o registro de cinco distribuidoras por irregularidades e descumprimento das portarias que regulamentam as atividades dessas empresas. Foram cancelados os registros das distribuidoras FC, Nascar, LM, Geraes e Química Paulista. Na ANP, é grande a preocupação com o crescente número de liminares concedidas a distribuidoras no PR e em SC para que funcionem sem a sua autorização. Desde 2003, já foram concedidas 12 liminares.

QUALIFICAÇÃO
Melhorou nos últimos anos o perfil do estrangeiro que vem ao Brasil para trabalhar no mercado formal. Em 1998, só 31% dos 13,8 mil trabalhadores do exterior que vieram ao país tinham formação superior completa, contra 46% de um total de 24,1 mil profissionais de fora no ano passado, segundo levantamento do escritório Libertuci Advogados com dados do Ministério do Trabalho. Na outra ponta, eram 63 trabalhadores estrangeiros só com o primeiro grau completo em 2005, contra 280 em 1998.

NA MÍDIA
Com investimento de R$ 1 milhão, a OceanAir estréia hoje sua maior campanha institucional na mídia, com o slogan "Você Faz a Gente Crescer". A ação começa com inserções nos intervalos do "Jornal Nacional" e da novela "Belíssima", na Globo.

CHEIA DE ENERGIA
A cúpula da BR Distribuidora está muito entusiasmada com o próximo leilão de energia, que será em junho. A idéia, que conta com a aprovação do governo federal, é entrar pesado na disputa.

CRISE DE IDENTIDADE
O presidente Lula chamou várias vezes o principal executivo da Fiat, Luca di Montezemolo, de Montesinos, durante o Fórum Brasil-Itália, ontem, em SP. Vladimiro Montesinos foi braço-direito do ex-presidente Fujimori no Peru e acabou preso.

EM MARTE
A GM promove no fim de semana megafeirão com mais de 5.000 veículos novos e seminovos, em área no Campo de Marte, em SP. Será a segunda vez que a montadora utilizará o espaço.

FREADA
As montadoras esperam que o novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, adote medidas com o objetivo de desvalorizar o real em relação ao dólar. Se o câmbio se mantiver no atual patamar, as exportações de automóveis devem despencar neste ano. A Volks, por exemplo, está neste exato momento reavaliando o volume de exportação do Fox para 2006, carro que é produzido exclusivamente no Brasil até agora. Em 2005, foram exportados 100 mil Fox, e a previsão para este ano era de 105 mil. Segundo Richard Schües, diretor da Volks e vice-presidente de logística da Anfavea, a exportação do Fox deve ter uma queda de até 20% neste ano. "O Brasil está perdendo competitividade com o câmbio atual", diz.


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