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Dólar vai a R$ 2,04, menor valor desde 2001
Moeda norte-americana sofre queda de 1,16%, influenciada por fechamento do mês, e analistas prevêem mais recuo
Risco-país também tem
recuo de 1,16% e, ao longo do dia, fica abaixo do patamar de 170 pontos pela primeira vez na história
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o mercado internacional mais tranqüilo, o dólar não
encontrou resistências e desceu a seu mais baixo valor desde março de 2001. Encerrados
os negócios de ontem, o dólar
era cotado a R$ 2,045 para venda, com queda de 1,16%.
O risco-país brasileiro também quebrou marcas ontem, ao
romper o piso dos 170 pontos
pela primeira vez na história
(chegou a 169 pontos). No fim
do dia, fechou em 170 pontos
(baixa de 1,16%). Risco-país em
queda representa maior facilidade e custos menores na hora
de os setores público e privado
captarem recursos no exterior.
No ano, a desvalorização da
moeda americana alcança os
4,31% -sendo 3,58% de queda
apenas em março.
Apesar de ter caído a seu
mais baixo valor em seis anos, o
dólar ainda não encontrou seu
piso, avaliam analistas.
A rota de apreciação do real
apenas sofreu uma parada com
o mercado global mais turbulento entre o fim de fevereiro e
o começo de março, com as
preocupações em torno da China e da economia americana.
Afastadas as nuvens, o dólar retomou sua trajetória de queda.
O Banco Central manteve
sua política dos últimos meses
e realizou leilão para comprar
moeda estrangeira dos bancos.
"O dólar é para baixo, mesmo", disse Darwin Dib, economista-sênior do Unibanco. "O
que segurou o câmbio recentemente foi a volatilidade externa. Quando o estresse diminuiu
lá fora, voltou ao ritmo de apreciação [do real]", afirmou o economista.
Com o dólar nos patamares
praticados há seis anos, segmentos do setor exportador devem voltar a reclamar e pedir
alguma atitude do governo para
tentar estancar a desvalorização da moeda americana. Mas o
ministro da Fazenda, Guido
Mantega, mostrou conformismo com a situação (leia texto
abaixo).
Muitos exportadores se dizem prejudicados pelo atual nível do câmbio, que encarece
seus produtos lá fora, derrubando exportações. Outra crítica comum é a de que o dólar
baixo amplia as importações, o
que pode ser nocivo a setores
da indústria nacional.
Por enquanto, o governo não
deu sinais de que tomará alguma medida diferente da atual.
Nos últimos meses, o Banco
Central realiza, praticamente
todos os dias, leilões para comprar moeda no mercado à vista
-atitude que tem, no máximo,
evitado que o dólar caia mais
rapidamente.
Neste ano, o BC já comprou
cerca de US$ 20 bilhões. Em todo o ano passado, foram adquiridos US$ 34,3 bilhões.
Oficialmente, a posição do
BC ao comprar dólares não é a
de interferir na cotação da
moeda, mas a de elevar as reservas internacionais do país,
que estão em quase US$ 110 bilhões -maior nível da história.
"Sem a colocação de "swap"
cambial reverso, não dá para
segurar o dólar", avalia Dib.
Até cerca de um ano atrás, o
BC vinha oferecendo periodicamente no mercado contratos
de "swap cambial reverso"
-que têm o efeito de compras
de dólares no mercado futuro.
Mas, das últimas vezes em
que ofertou esse tipo de título,
o BC visou apenas a rolagem de
papéis que estavam vencendo.
A chegada do fim do mês,
com o vencimento de contratos
futuros de câmbio, ajudou o dólar a recuar um pouco mais. Isso porque a Ptax (média do dólar medida pelo BC) serve de
parâmetro para a liquidação
dos contratos futuros. Como a
maioria do mercado se beneficia de uma Ptax menor, forçaram o recuo da moeda.
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