São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2007

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Dólar vai a R$ 2,04, menor valor desde 2001

Moeda norte-americana sofre queda de 1,16%, influenciada por fechamento do mês, e analistas prevêem mais recuo

Risco-país também tem recuo de 1,16% e, ao longo do dia, fica abaixo do patamar de 170 pontos pela primeira vez na história


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o mercado internacional mais tranqüilo, o dólar não encontrou resistências e desceu a seu mais baixo valor desde março de 2001. Encerrados os negócios de ontem, o dólar era cotado a R$ 2,045 para venda, com queda de 1,16%.
O risco-país brasileiro também quebrou marcas ontem, ao romper o piso dos 170 pontos pela primeira vez na história (chegou a 169 pontos). No fim do dia, fechou em 170 pontos (baixa de 1,16%). Risco-país em queda representa maior facilidade e custos menores na hora de os setores público e privado captarem recursos no exterior.
No ano, a desvalorização da moeda americana alcança os 4,31% -sendo 3,58% de queda apenas em março.
Apesar de ter caído a seu mais baixo valor em seis anos, o dólar ainda não encontrou seu piso, avaliam analistas.
A rota de apreciação do real apenas sofreu uma parada com o mercado global mais turbulento entre o fim de fevereiro e o começo de março, com as preocupações em torno da China e da economia americana. Afastadas as nuvens, o dólar retomou sua trajetória de queda.
O Banco Central manteve sua política dos últimos meses e realizou leilão para comprar moeda estrangeira dos bancos.
"O dólar é para baixo, mesmo", disse Darwin Dib, economista-sênior do Unibanco. "O que segurou o câmbio recentemente foi a volatilidade externa. Quando o estresse diminuiu lá fora, voltou ao ritmo de apreciação [do real]", afirmou o economista.
Com o dólar nos patamares praticados há seis anos, segmentos do setor exportador devem voltar a reclamar e pedir alguma atitude do governo para tentar estancar a desvalorização da moeda americana. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou conformismo com a situação (leia texto abaixo).
Muitos exportadores se dizem prejudicados pelo atual nível do câmbio, que encarece seus produtos lá fora, derrubando exportações. Outra crítica comum é a de que o dólar baixo amplia as importações, o que pode ser nocivo a setores da indústria nacional.
Por enquanto, o governo não deu sinais de que tomará alguma medida diferente da atual.
Nos últimos meses, o Banco Central realiza, praticamente todos os dias, leilões para comprar moeda no mercado à vista -atitude que tem, no máximo, evitado que o dólar caia mais rapidamente.
Neste ano, o BC já comprou cerca de US$ 20 bilhões. Em todo o ano passado, foram adquiridos US$ 34,3 bilhões.
Oficialmente, a posição do BC ao comprar dólares não é a de interferir na cotação da moeda, mas a de elevar as reservas internacionais do país, que estão em quase US$ 110 bilhões -maior nível da história.
"Sem a colocação de "swap" cambial reverso, não dá para segurar o dólar", avalia Dib.
Até cerca de um ano atrás, o BC vinha oferecendo periodicamente no mercado contratos de "swap cambial reverso" -que têm o efeito de compras de dólares no mercado futuro.
Mas, das últimas vezes em que ofertou esse tipo de título, o BC visou apenas a rolagem de papéis que estavam vencendo.
A chegada do fim do mês, com o vencimento de contratos futuros de câmbio, ajudou o dólar a recuar um pouco mais. Isso porque a Ptax (média do dólar medida pelo BC) serve de parâmetro para a liquidação dos contratos futuros. Como a maioria do mercado se beneficia de uma Ptax menor, forçaram o recuo da moeda.


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