São Paulo, segunda-feira, 30 de março de 2009

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Pressão do governo derruba chefe da GM

No cargo há 8 anos, Rick Wagoner pediria demissão; saída seria uma das exigências do novo pacote de Obama ao setor

Substituto seria apontado pela Casa Branca como um "reestruturador" da empresa, com o objetivo de sanar as finanças


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Horas antes do anúncio do plano de Barack Obama para resgate das montadoras norte-americanas, vazou à imprensa na tarde de ontem que o presidente de uma das chamadas três grandes está deixando o cargo. A saída de Rick Wagoner, 56, do comando da GM seria uma das exigências do pacote que o democrata anuncia hoje pela manhã em Washington.
Se confirmada, a defenestração do executivo, no cargo há oito anos, marca uma nova fase na presença do governo na economia norte-americana, desta vez num setor da chamada "economia real", que vem sofrendo com a queda de vendas desde que o derretimento do mercado financeiro, acelerado em setembro passado, congelou o crédito ao consumidor.
Wagoner, que trabalhou na subsidiária da GM no Brasil nos anos 80 e início dos 90, seria substituído por alguém apontado pela "força-tarefa" montada pela Casa Branca para lidar com a crise no setor. Essa pessoa não teria o mesmo cargo, mas assumiria como um "reestruturador" da empresa. Tomaria o posto dentro de 30 dias e cuidaria de sanar as finanças da montadora, no que se caracterizaria como uma intervenção com data para terminar.
Não ficou claro se medida semelhante será tomada em relação à Chrysler, outra das montadoras em crise.
Em dezembro do ano passado, GM e Chrysler receberam US$ 17,4 bilhões em empréstimos federais para evitar a concordata, divididos em US$ 13,4 bilhões para a primeira e US$ 4 bilhões para a segunda. Agora, as empresas pediram, respectivamente, US$ 16,6 bilhões e US$ 5 bilhões mais. A Ford não requisitou dinheiro público.
A liberação da segunda injeção de dinheiro estaria condicionada à implantação de uma série de medidas que sanariam as finanças das duas empresas, qualificadas como mal geridas e antiquadas pela administração obamista. Essas medidas serão detalhadas no plano que Obama anuncia hoje. Uma delas seria a saída de Wagoner.
Em entrevista na manhã de ontem a um programa da emissora CBS, antes que a saída do CEO vazasse à imprensa, Obama comentou o plano para as montadoras e reforçou a intenção de garantir a sobrevivência da indústria norte-americana.
Havia rumores de que sua administração deixaria as companhias americanas quebrarem, dando lugar às asiáticas, consideradas mais eficientes.
"Mas [essa nova indústria automotiva norte-americana] tem de ser desenhada realisticamente para enfrentar essa tempestade e para emergir do outro lado muito mais enxuta, agressiva e competitiva do que é hoje", disse ele.
"E isso vai significar uma série de sacrifícios de todas as partes envolvidas -gerenciamento, operários, acionistas, credores, fornecedores, vendedores", completou Obama.

Troca na Peugeot
Também ontem, o Conselho de Vigilância da PSA Peugeot Citroën destituiu o presidente do grupo Christian Streiff. A partir de 1º de junho, Philippe Varin, ex-dirigente da siderúrgica Corus, será o substituto.


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