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Pressão do governo derruba chefe da GM
No cargo há 8 anos, Rick Wagoner pediria demissão; saída seria uma das exigências do novo pacote de Obama ao setor
Substituto seria apontado
pela Casa Branca como
um "reestruturador" da
empresa, com o objetivo
de sanar as finanças
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Horas antes do anúncio do
plano de Barack Obama para
resgate das montadoras norte-americanas, vazou à imprensa
na tarde de ontem que o presidente de uma das chamadas
três grandes está deixando o
cargo. A saída de Rick Wagoner,
56, do comando da GM seria
uma das exigências do pacote
que o democrata anuncia hoje
pela manhã em Washington.
Se confirmada, a defenestração do executivo, no cargo há
oito anos, marca uma nova fase
na presença do governo na economia norte-americana, desta
vez num setor da chamada
"economia real", que vem sofrendo com a queda de vendas
desde que o derretimento do
mercado financeiro, acelerado
em setembro passado, congelou o crédito ao consumidor.
Wagoner, que trabalhou na
subsidiária da GM no Brasil nos
anos 80 e início dos 90, seria
substituído por alguém apontado pela "força-tarefa" montada
pela Casa Branca para lidar
com a crise no setor. Essa pessoa não teria o mesmo cargo,
mas assumiria como um "reestruturador" da empresa. Tomaria o posto dentro de 30 dias e
cuidaria de sanar as finanças da
montadora, no que se caracterizaria como uma intervenção
com data para terminar.
Não ficou claro se medida semelhante será tomada em relação à Chrysler, outra das montadoras em crise.
Em dezembro do ano passado, GM e Chrysler receberam
US$ 17,4 bilhões em empréstimos federais para evitar a concordata, divididos em US$ 13,4
bilhões para a primeira e US$ 4
bilhões para a segunda. Agora,
as empresas pediram, respectivamente, US$ 16,6 bilhões e
US$ 5 bilhões mais. A Ford não
requisitou dinheiro público.
A liberação da segunda injeção de dinheiro estaria condicionada à implantação de uma
série de medidas que sanariam
as finanças das duas empresas,
qualificadas como mal geridas e
antiquadas pela administração
obamista. Essas medidas serão
detalhadas no plano que Obama anuncia hoje. Uma delas seria a saída de Wagoner.
Em entrevista na manhã de
ontem a um programa da emissora CBS, antes que a saída do
CEO vazasse à imprensa, Obama comentou o plano para as
montadoras e reforçou a intenção de garantir a sobrevivência
da indústria norte-americana.
Havia rumores de que sua
administração deixaria as companhias americanas quebrarem, dando lugar às asiáticas,
consideradas mais eficientes.
"Mas [essa nova indústria automotiva norte-americana]
tem de ser desenhada realisticamente para enfrentar essa
tempestade e para emergir do
outro lado muito mais enxuta,
agressiva e competitiva do que
é hoje", disse ele.
"E isso vai significar uma série de sacrifícios de todas as
partes envolvidas -gerenciamento, operários, acionistas,
credores, fornecedores, vendedores", completou Obama.
Troca na Peugeot
Também ontem, o Conselho
de Vigilância da PSA Peugeot
Citroën destituiu o presidente
do grupo Christian Streiff. A
partir de 1º de junho, Philippe
Varin, ex-dirigente da siderúrgica Corus, será o substituto.
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