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Colômbia eleva tom no FMI contra o Brasil
Após demissão de representante colombiana por Paulo Nogueira Batista Jr., Bogotá indica que Brasil não fala mais em seu nome
Colômbia faz parte de grupo de países representado pelo Brasil e, conforme as regras do FMI, tem direito a indicar nome para o posto de vice
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
No aprofundamento de uma
contenda com o Brasil, que demitiu a representante colombiana no FMI (Fundo Monetário Internacional), a Colômbia
indicou ao órgão que o país não
fala mais em seu nome, segundo a Folha apurou. Até agora, a
Colômbia faz parte de um grupo votante liderado pelo Brasil
e encabeçado desde 2007 pelo
diretor-executivo Paulo Nogueira Batista Jr.
Dado o inusitado da situação,
não estão claras quais são as
consequências imediatas do
comunicado. Se confirmada, a
saída da Colômbia significaria
perda de percentual de voto -e
de poder- para o grupo do Brasil, que tem hoje 2,42% (os
EUA têm, sozinhos, 16,74%).
Mas a saída efetiva da Colômbia é considerada pouco
factível no curto prazo. O país é
signatário de um acordo constitutivo do grupo (também
composto por República Dominicana, Equador, Guiana,
Haiti, Panamá, Suriname e Trinidad e Tobago), e seria preciso
renegociá-lo. Os colombianos
também teriam de encontrar
outro grupo de países para se
agregar e manter, assim, alguma representatividade, pois
não têm votos suficientes para
agir individualmente. Além
disso, se a Colômbia se unir a
outro grupo que vota alinhado
ao dos brasileiros, o efeito prático da ação pode ser limitado.
A tendência por enquanto é
que o caso fique paralisado até
o final de abril, quando ocorrerão reuniões dos grupos constituintes do Fundo em Washington. É esperada a presença do
ministro Guido Mantega (Fazenda), que comanda a posição
do Brasil no organismo, e haverá chance de conversas diretas
com autoridades colombianas.
A disputa começou em fevereiro, quando Batista Jr. demitiu a representante da Colômbia no FMI, María Ines Agudelo, do cargo de diretora-adjunta
do grupo. Pelas regras do Fundo, o posto cabe a um colombiano -a Colômbia tem o segundo maior número de votos
no grupo, depois do Brasil- e
Bogotá insistia em manter
Agudelo. No site do FMI, o cargo continua em aberto.
Nova eleição
Segundo relatos feitos à Folha, o relacionamento entre
Batista Jr. e Agudelo já vinha se
deteriorando no último ano
com um acúmulo de divergências, e nos últimos meses o contato se tornou menos frequente. A demissão causou uma saia
justa e levou a contatos de vários níveis entre Brasil e Colômbia, sem que fosse possível
um acordo. Teme-se agora que
a contenda influencie a escolha
do novo diretor do grupo liderado pelo Brasil no FMI, a partir de outubro.
A Folha entrou em contato
com Nogueira Jr. ontem, mas
ele não quis se pronunciar sobre o tema. Agudelo não foi encontrada, e a Embaixada da Colômbia não fez comentários.
Colunista da Folha, Batista
Jr. foi indicado pelo Brasil em
2007 e assumiu o lugar do ex-diretor do BC Eduardo Loyo. O
quadro de diretores é responsável pela condução dos negócios no dia a dia do Fundo. É
composto por 24 diretores, designados ou eleitos pelos países
ou por um grupo de países.
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