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MEMÓRIA
Falta paixão,
afirma Lula
ao comentar
sindicalismo
da Reportagem Local
Há 20 anos, o Brasil enfrentou a maior greve de trabalhadores de sua história.
Em abril de 1980, cerca de 140
mil metalúrgicos da região do
ABC paulista fizeram uma paralisação durante 42 dias. A
manifestação, que ficou conhecida como "greve pipoca", pois
estourou em diversas fábricas
da região, cresceu e tornou-se
um dos mais importantes movimentos políticos do fim da
ditadura militar.
Na época, os trabalhadores
reclamavam melhores condições de trabalho, como maior
salário, e pediam liberdade e
democracia.
O presidente era o general
João Batista Figueiredo, que assumira o cargo havia pouco
mais de um ano, e o país assistiu a uma manifestação espontânea de apoio aos grevistas.
Enquanto vários dirigentes de
sindicatos eram presos, os trabalhadores se reuniram, no dia
1º de maio, em um ato público
para mostrar indignação contra a ditadura militar.
Luiz Inácio Lula da Silva, que
surgiu como liderança sindical
na greve de 1978, ficou preso
durante 31 dias em abril.
"Em 80, para entrar na
Volkswagen, por exemplo, você tinha de estourar o cadeado
do portão", disse Lula na sexta-feira passada. "Hoje o sindicalista é recebido com tapete vermelho pela comissão de fábrica
e pode até tomar um chá com
eles lá dentro. Por outro lado,
acredito que falta paixão no
movimento sindical."
Em abril de 1980, a direção do
Sindicato dos Metalúrgicos de
São Bernardo e Diadema foi
cassada e, em 1 º de maio, os
trabalhadores se reuniram, no
estádio de Vila Euclides, em
São Bernardo do Campo, para
protestar contra a repressão
política.
O governador do Estado de
São Paulo era Paulo Maluf, que
pôs 12 mil policiais nas ruas do
ABC paulista para controlar a
situação. Onze dias depois da
manifestação de 1º de maio, a
greve acabou. Havia o temor
dos trabalhadores de serem
substituídos e perder o emprego. Em 12 de maio, uma assembléia geral, em São Bernardo,
decidiu pela volta dos empregados ao trabalho. Mas o sindicalismo ganhou força.
(AM)
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