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COMÉRCIO GLOBAL
Vendas mais que dobram; receitas não crescem no mesmo ritmo
Emergentes ampliam exportações
DA REDAÇÃO
Os países em desenvolvimento
mais do que dobraram sua participação no comércio internacional de produtos industrializados,
mas a receita obtida com as exportações de tais itens não cresceu
no mesmo ritmo. A conclusão é
de um estudo da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre
Comércio e Desenvolvimento),
divulgado ontem.
Em 1980, segundo a Unctad, a
parcela dos países em desenvolvimento nas exportações de manufaturados era de 10,6%. Em 97, a
participação saltou para 26,5%.
No mesmo período, a porcentagem da receita gerada nesse comércio cresceu de 16,6% para
23,8%.
A explicação para esse aparente
paradoxo, afirma o estudo, é que,
apesar de cada vez mais produzir
equipamentos de alta tecnologia,
os países em desenvolvimento
ainda estão condenados a oferecer mão-de-obra barata e pouco
qualificada. Os ricos, em contrapartida, concentram setores de
elevado valor agregado, como
pesquisa tecnológica e científica,
mercado financeiro, logística e
marketing.
Na divisão internacional do trabalho, antes de ser embalados e
chegar às lojas, os produtos passam por vários países, desde a
concepção até a linha de montagem. Nesse processo, a maior parte do valor agregado acaba indo
para os países desenvolvidos.
O quadro é ainda mais crítico na
América Latina. Embora a região
tenha ampliado sua participação
na exportação de manufaturados
de 1,5% para 3,5% entre 1980 e 97,
a parcela da receita global encolheu de 7,1% para 6,7%.
Para o Brasil especificamente, as
quase duas décadas não se traduziram em grandes mudanças. Se
em 80 o país exportava 0,7% dos
produtos industrializados vendidos no mercado internacional,
em 97 o percentual era o mesmo.
A parcela na receita caiu no período, de 2,9% para 2,7%.
De acordo com a entidade, os
números mostram que a abertura
comercial por si só não é suficiente para aumentar a renda dos países mais pobres.
"Embora os países industrializados tenham visto sua participação nas exportações de manufaturados cair de 80% para 70% nos
últimos anos, eles conseguiram
aumentar o valor agregado", disse
o secretário-geral da Unctad, o
embaixador Rubens Ricupero.
"Com os países em desenvolvimento ocorreu o oposto."
Com agências internacionais
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