São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO GLOBAL

Vendas mais que dobram; receitas não crescem no mesmo ritmo

Emergentes ampliam exportações

DA REDAÇÃO

Os países em desenvolvimento mais do que dobraram sua participação no comércio internacional de produtos industrializados, mas a receita obtida com as exportações de tais itens não cresceu no mesmo ritmo. A conclusão é de um estudo da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), divulgado ontem.
Em 1980, segundo a Unctad, a parcela dos países em desenvolvimento nas exportações de manufaturados era de 10,6%. Em 97, a participação saltou para 26,5%. No mesmo período, a porcentagem da receita gerada nesse comércio cresceu de 16,6% para 23,8%.
A explicação para esse aparente paradoxo, afirma o estudo, é que, apesar de cada vez mais produzir equipamentos de alta tecnologia, os países em desenvolvimento ainda estão condenados a oferecer mão-de-obra barata e pouco qualificada. Os ricos, em contrapartida, concentram setores de elevado valor agregado, como pesquisa tecnológica e científica, mercado financeiro, logística e marketing.
Na divisão internacional do trabalho, antes de ser embalados e chegar às lojas, os produtos passam por vários países, desde a concepção até a linha de montagem. Nesse processo, a maior parte do valor agregado acaba indo para os países desenvolvidos.
O quadro é ainda mais crítico na América Latina. Embora a região tenha ampliado sua participação na exportação de manufaturados de 1,5% para 3,5% entre 1980 e 97, a parcela da receita global encolheu de 7,1% para 6,7%.
Para o Brasil especificamente, as quase duas décadas não se traduziram em grandes mudanças. Se em 80 o país exportava 0,7% dos produtos industrializados vendidos no mercado internacional, em 97 o percentual era o mesmo. A parcela na receita caiu no período, de 2,9% para 2,7%.
De acordo com a entidade, os números mostram que a abertura comercial por si só não é suficiente para aumentar a renda dos países mais pobres.
"Embora os países industrializados tenham visto sua participação nas exportações de manufaturados cair de 80% para 70% nos últimos anos, eles conseguiram aumentar o valor agregado", disse o secretário-geral da Unctad, o embaixador Rubens Ricupero. "Com os países em desenvolvimento ocorreu o oposto."


Com agências internacionais


Texto Anterior: Opinião Econômica - Benjamin Steinbruch: O trabalho é nosso
Próximo Texto: Estudo: País cai em ranking da competitividade
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.