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COLAPSO DA ARGENTINA
Lavagna resiste ao primeiro teste; intervenção do Banco Central e falta de liquidez seguram cotação da moeda
Dólar volta a ser negociado e cai 6,4%
JOÃO SANDRINI
FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES
O novo ministro da Economia,
Roberto Lavagna, sobreviveu ao
primeiro teste de sua gestão com a
expressiva queda do dólar ontem
na Argentina. A relativa calma do
mercado somada ao monitoramento do Banco Central resultaram no recuo de 6,4% que a moeda dos EUA registrou, vendida a
3,07 pesos no fim do dia.
Na reabertura dos negócios
após o feriado cambial que paralisou o mercado durante toda a semana passada, os sinais eram de
que o dia seria tenso. Na manhã
de ontem, o dólar chegou a subir
3%. Mas o número de compradores caiu rapidamente e possibilitou a baixa. O BC interveio com a
venda de aproximadamente US$
20 milhões, segundo informação
de operadores de câmbio. A venda de 170 milhões em papéis prefixados e de US$ 60 milhões em
papéis cambiais também foi decisiva para a queda do preço do dólar.
"A liquidez do mercado está
bastante reduzida devido ao feriado bancário da semana passada e
à nova lei que ao menos retarda a
saída de recursos bloqueados pelo
curralzinho e que vinham, em
grande parte, sendo utilizados para a compra de dólares", afirma o
diretor de mercados do banco
Itau Buen Ayre, Sergio D'Amico.
Nas operações em que o BC
vende dólares diretamente ao público, por meio de bancos e casas
de câmbio cadastrados, a moeda
dos EUA fechou a 3 pesos.
"Não duvido que o Banco Central consiga manter o dólar próximo dos 3 pesos nas próximas semanas. Mas se o acordo com o
FMI e o novo "Plano Bonex" não
saírem, o câmbio vai se descontrolar rapidamente", diz o economista e diretor da consultoria
Exante, Aldo Abram.
O economista explica que devido ao sistema de "clearing" -por
meio do qual os cheques são compensados- ter ficado parado
com o feriado, muitas pessoas e
empresas tiveram de vender dólares para cobrir suas dívidas e contas vencidas.
Definições
O governo argentino vai definir
em até 15 dias como será o novo
projeto que prevê a devolução de
títulos públicos e dos bancos aos
correntistas no lugar dos depósitos a prazo fixo bloqueados pelo
curralzinho. Lavagna se reuniu
ontem com banqueiros e parlamentares para discutir a melhor
forma de implementar a proposta. Segundo o deputado peronista
Alberto Coto, ligado a Lavagna e
que participa das negociações, os
banqueiros se mostraram animados com a proposta.
A medida seria mandada ao
Congresso por meio de decreto de
urgência e, com isso, todo o desgaste político da medida ficaria
com o governo. Desta forma, Coto acredita que o plano não seria
rechaçado pelos parlamentares,
como no episódio da semana passada que culminou na renúncia
do ex-ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov.
Em reunião com embaixadores
do G-7 (grupo dos sete países
mais ricos do mundo), Mercosul,
Espanha, Rússia e México, Lavagna e Carlos Ruckauf ratificaram a
posição do país em seguir os trabalhos com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Além disso,
Lavagna também pediu aos países
ricos que seus mercados "se
abram para as exportações argentinas".
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse ontem que desconhece qualquer proposta do governo argentino no sentido de obter algum tipo de apoio financeiro
do Brasil.
Sobre a crise do país vizinho, Malan comentou que o mais importante para a Argentina no momento é reativar o sistema de pagamentos. "O sistema financeiro precisa de crédito.A Argentina está atravessando uma grave crise, mas acho que há saída. O custo será alto."
Colaborou a Sucursal de Brasília
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