São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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PESQUISA

Tomateiro "Finestra" pode ser cultivado em apartamentos com pouco espaço

Embrapa lança tomate ornamental

ALEXA SALOMÃO
DA REDAÇÃO

O tomatinho cereja está ganhando um concorrente, o tomate "Finestra", desenvolvido pela divisão de hortaliças da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Além das proporções diminutas (o fruto é um pouco menor que uma ameixa), o novo tomate tem outro diferencial: vem no pé, como na horta, acomodado em um vaso, para ser utilizado na decoração de ambientes. Essa característica rendeu-lhe o nome: "finestra" em italiano significa janela.
"Os tomates são comestíveis. No entanto, podem ser utilizados para decorar apartamentos, como se fossem flores expostas na janela", diz o engenheiro agrônomo Assis Carvalho, da área de Comunicação e Negócios da Embrapa.

Um "bonsai"
O nome científico desse tipo de planta é tomate de crescimento determinado -pára de se desenvolver quando atinge a altura média de 40 centímetros. Seria uma espécie de tomateiro "bonsai" (pequenas árvores japonesas, podadas para não crescer).
Cada "Finestra" pode dar entre 40 e 50 frutos, com até 40 gramas. Os frutos têm um alto Brix (unidade de medida que exprime o índice de açúcar dos alimentos), por isso, o sabor é mais adocicado e menos ácido -assemelha-se ao dos tomates silvestres.
O cultivo do Finestra é simples, mas exige cuidados. As mudas só podem ser transferidas para os vasos 25 dias após o plantio. Os frutos brotam depois de aproximadamente dois meses. O tomateiro oferece uma única colheita.
"Em um tomateiro normal, novas ramificações permitem muitas colheitas, mas em uma planta de crescimento determinado isso não é possível", explica o engenheiro agrônomo Assis Carvalho.
O tomateiro da Embrapa foi desenvolvido como uma planta ornamental que também pudesse oferecer opção alimentar ao consumidor final das grandes cidades, que quer produtos mais naturais, mas não tem espaço em casa para cultivar alimentos. Também foi pensado como alternativa de mercado para os pequenos produtores e floristas. A equipe do pesquisador Leonardo Giordano levou quatro anos para desenvolvê-lo.

Mercado
O potencial de mercado do novo tomate vem sendo avaliado em Brasília pela In Vitro, empresa voltada ao desenvolvimento e comercialização de mudas. A venda do primeiro lote, com 3.000 unidades, mostrou que era preciso aprimorar os vasos e os métodos de transporte, para evitar danos no carregamento.
Por enquanto, está em destaque o apelo ornamental. Os vasos só podem ser encontrados em floriculturas da cidade, a preços que variam de R$ 5 a R$ 6 a unidade.
Atacadistas que respondem pela distribuição da In Vitro no Distrito Federal também apresentaram o "Finestra" para redes de supermercados nacionais, que estão avaliando a viabilidade para a venda em maior escala, informa o diretor da In Vitro, Cleison Duval.
Em São Paulo, a gerência de qualidade da Veiling Holambra, cooperativa agroindustrial, já tem sementes do "Finestra" e está selecionando um produtor para realizar o plantio e acompanhar o desenvolvimento da planta. "O Finestra tem um nicho bem específico de mercado", diz o gerente de qualidade da cooperativa, Paulo Van Den Broek. Testes também estão sendo realizados em outros Estados, como Goiás e Rio Grande do Sul, diz Carvalho, da Embrapa.



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