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FARINHA SALGADA
TEC fica como está Governo decide não mexer na taxa do trigo
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro se recusou
a atender o pedido da indústria de
trigo nacional de redução ou suspensão temporária da TEC (Tarifa Externa Comum) do Mercosul nas importações do produto feitas de países de fora do bloco.
O objetivo do setor era tornar as
importações de trigo de outros
mercados mais baratas.
A indústria de moagem de trigo
está preocupado com um eventual desabastecimento do produto no Brasil por causa da crise na
Argentina. Mais de 90% do trigo
que o país importa vem do país
vizinho.
Mas o ministro da Agricultura,
Marcus Pratini de Moraes, afirmou que, por enquanto, não haverá alteração na TEC, hoje com
alíquota de 12,5%. Portanto, o
país deverá continuar importando o produto da Argentina.
Segundo Pratini, só haverá alteração na TEC se houver problemas de desabastecimento.
Voto de confiança
"Houve atraso nos embarques
de trigo na Argentina porque os
produtores estavam pressionando o governo, que já atendeu aos
pedidos dos produtores. Portanto
as mercadorias já estão sendo embarcadas", disse Pratini.
Na semana retrasada, a Câmara
de Gestão de Comércio do Ministério do Desenvolvimento aprovou a criação de um grupo de acompanhamento de desabastecimento com poderes para modificar a TEC temporariamente.
O projeto foi apresentado pelo
Ministério da Fazenda, mas o caso do trigo ainda não foi avaliado.
A falta do produto no mercado
local pode causar aumento no
preço do pão -e dos produtos
feitos com farinha de uma maneira geral- e pressionar a inflação.
O Brasil importa mais de 70% do
trigo que consome.
Quando o governo argentino
instituiu um imposto que incide
sobre as exportações do país, há
cerca de dois meses, para aumentar a arrecadação no país, os produtores argentinos começaram a
segurar as exportações em protesto. No caso do trigo, o imposto é
de 20%.
Pãozinho caro
De acordo com a Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria
de Trigo), depois da adoção do
imposto, o preço da tonelada do
trigo argentino aumentou de US$
122 para US$ 140.
Como dentro do Mercosul não
há imposto que incidam sobre
importações, mesmo com o repasse do prejuízo para as exportações, o trigo argentino ainda é
mais barato do que o americano
ou canadense, que custam cerca
de US$ 160 a tonelada.
"A redução da TEC não é boa
para o Mercosul, mas é boa para a
concorrência, porque podemos
comprar de outros mercados e
não ficamos reféns da situação na
Argentina", disse o diretor da
Abitrigo, Reino Pécala Rae.
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