São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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FARINHA SALGADA

TEC fica como está Governo decide não mexer na taxa do trigo

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro se recusou a atender o pedido da indústria de trigo nacional de redução ou suspensão temporária da TEC (Tarifa Externa Comum) do Mercosul nas importações do produto feitas de países de fora do bloco.
O objetivo do setor era tornar as importações de trigo de outros mercados mais baratas.
A indústria de moagem de trigo está preocupado com um eventual desabastecimento do produto no Brasil por causa da crise na Argentina. Mais de 90% do trigo que o país importa vem do país vizinho.
Mas o ministro da Agricultura, Marcus Pratini de Moraes, afirmou que, por enquanto, não haverá alteração na TEC, hoje com alíquota de 12,5%. Portanto, o país deverá continuar importando o produto da Argentina.
Segundo Pratini, só haverá alteração na TEC se houver problemas de desabastecimento.

Voto de confiança
"Houve atraso nos embarques de trigo na Argentina porque os produtores estavam pressionando o governo, que já atendeu aos pedidos dos produtores. Portanto as mercadorias já estão sendo embarcadas", disse Pratini.
Na semana retrasada, a Câmara de Gestão de Comércio do Ministério do Desenvolvimento aprovou a criação de um grupo de acompanhamento de desabastecimento com poderes para modificar a TEC temporariamente.
O projeto foi apresentado pelo Ministério da Fazenda, mas o caso do trigo ainda não foi avaliado.
A falta do produto no mercado local pode causar aumento no preço do pão -e dos produtos feitos com farinha de uma maneira geral- e pressionar a inflação. O Brasil importa mais de 70% do trigo que consome.
Quando o governo argentino instituiu um imposto que incide sobre as exportações do país, há cerca de dois meses, para aumentar a arrecadação no país, os produtores argentinos começaram a segurar as exportações em protesto. No caso do trigo, o imposto é de 20%.

Pãozinho caro
De acordo com a Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria de Trigo), depois da adoção do imposto, o preço da tonelada do trigo argentino aumentou de US$ 122 para US$ 140.
Como dentro do Mercosul não há imposto que incidam sobre importações, mesmo com o repasse do prejuízo para as exportações, o trigo argentino ainda é mais barato do que o americano ou canadense, que custam cerca de US$ 160 a tonelada.
"A redução da TEC não é boa para o Mercosul, mas é boa para a concorrência, porque podemos comprar de outros mercados e não ficamos reféns da situação na Argentina", disse o diretor da Abitrigo, Reino Pécala Rae.



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