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GOVERNO E TRABALHADOR
Ministro da Fazenda teria prometido "corrigir distorções" e promover "justiça tributária"
Palocci estuda mudar o IR, diz sindicalista
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) prometeu ontem a
sindicalistas ligados à CUT (Central Única dos Trabalhadores)
que dentro de dez dias apresentará uma proposta de mudança na
tabela do Imposto de Renda que
"corrija distorções e promova justiça tributária".
O anúncio foi feito pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo.
Antes do encontro, em uma audiência na Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados, o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, foi contrário a
qualquer mudança na tabela.
Rachid esclareceu aos deputados que recebeu uma "demanda"
por estudos de mudanças na tabela. Como técnico, porém, fez
questão de dizer que apenas 6,6%
da PEA (População Economicamente Ativa) paga Imposto de
Renda no país.
Segundo estudos da Receita, salários entre R$ 1.500 e R$ 2.500
por mês têm alíquota efetiva de
3%. Os metalúrgicos do ABC, que
fizeram manifestação pedindo a
correção da tabela ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, ganham
em média R$ 2.000.
Na tabela atual, salários até R$
1.058 mensais são isentos. Acima
de R$ 1.058 e até R$ 2.115, pagam
15%. Acima disso, pagam 27,5%.
Mas, considerando a média das
deduções feitas pelos trabalhadores, a alíquota que de fato é aplicada sempre é menor. Assim, quem
está na faixa de 15% paga, no máximo, 7,5% (a explicação para isso
é simples: dos R$ 2.115, metade é
isenta). Da mesma forma, quem
está na de 27% nunca pagará efetivamente esses 27,5%.
Rachid disse que não adianta
criar a alíquota de 35% para salários acima de R$ 10 mil ou R$ 12
mil para compensar uma eventual correção.
"As empresas pagam 34% de IR
e quem ganha acima de R$ 10 mil
paga 21,5% de maneira efetiva. Se
elevarmos muito essa alíquota, a
pessoa foge da tributação e até
muda de pátria", disse. Segundo
ele, só 60 mil pessoas no país ganham mais que R$ 12 mil mensais
declarados.
Por ano, mais R$ 6,3 bi
Feijóo pediu a Palocci que a tabela seja corrigida em 55,3% para
cobrir perdas do governo anterior
(1995-2002) e deste. Ele explicou
que a inflação faz com que a Receita arrecade R$ 6,3 bilhões a
mais por ano.
Todos os contribuintes seriam
beneficiados por uma eventual
correção mesmo que não mudem
de alíquota. Isso porque a faixa do
salário que é isenta aumentaria e
também a que é tributada em
15%. Além disso, parte da que hoje paga 27,5% pagaria 15%.
Os estudos que a Receita vem
fazendo desde o ano passado tinham o objetivo de corrigir a tabela em cerca de 10%.
Para que a Receita não perdesse
dinheiro, seriam modificadas as
deduções com saúde, educação e
dependentes. Essas mudanças fariam com que os contribuintes
que estão na faixa de 27,5% descontassem menos.
Rachid ainda argumentou que o
limite de isenção atual não deveria ser reajustado porque ele já representa uma vez e meia a renda
per capita do país.
O presidente da CUT, Luiz Marinho, ressaltou que a correção favoreceria o crescimento do país
pois elevaria a renda das famílias.
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