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MERCADO ABERTO
Populismo pauta América Latina
Mais que a economia global,
a principal vítima da atual
agenda política populista
da América Latina é a própria população desses países. O
diagnóstico é de Jean Pierre Lehmann, professor de estratégia e
economia global do IMD (International Institute for Management Development).
Lehmann cita a região norte da
América do Sul como a mais
preocupante: países como Peru,
Bolívia, Colômbia, Equador e
Venezuela são os países mais
problemáticos. "A Argentina
também preocupa", diz o professor, que compara a situação do
país com o alcoolismo. "O peronismo vai e volta como alguém
que pára de beber, mas logo sucumbe. As pessoas têm medo de
investir em um país assim."
O maior exemplo da volta maciça do populismo é o início da
gestão de Evo Morales na Bolívia.
"Ainda é cedo para avaliar Morales, mas dá a impressão de que a
eleição se baseou no desespero
do público", diz.
O Brasil divide com o Chile a
posição mais confortável. "Ainda
é muito cedo para dizer, mas Michele Bachelet [presidente do
Chile] passa uma boa imagem
para os outros países", diz.
Já o Brasil tem um cenário interessante para investidores desde
a primeira gestão de Fernando
Henrique Cardoso (1994-1998).
"O país passou por uma irreversível mudança política, que mantém até hoje com o governo Lula", afirma o professor.
Por outro lado, Lehmann diz
que sente "frustração" pela não-exploração do país como deveria
ser feito. "O que direi agora é óbvio, mas há muita corrupção",
diz. O professor defende também
que as classes mais ricas paguem
um imposto maior. "E esse é o tipo de coisa que não depende só
do presidente, mas de toda a sociedade."
Lehmann considera praticamente impossível uma aliança
entre o Mercosul e a União Européia. O motivo são os conflitos na
agricultura. "Pessoalmente, eu
estou do lado do Brasil, mas não
há como negar que esse é um
ponto crucial de desentendimento para a aliança."
Luxo segue em alta
O mercado de luxo no Brasil
deve crescer 35% ao ano. A
previsão é do consultor Carlos
Ferreirinha, que ministra curso sobre o setor na próxima
semana em São Paulo. Leia
trechos da entrevista a seguir.
Folha - Como o comércio de
luxo cresce no país?
Carlos Ferreirinha - Eu prevejo, nos próximos dois anos,
que teremos um significativo
crescimento no segmento. Temos mantido uma meta de
35%. Vamos ter incremento
de fora chegando ao país. As
próprias marcas já estabelecidas vão expandir no mercado
nacional e ganharão outros
mercados. E vamos ter também outras marcas nacionais
que buscarão esse mesmo caminho.
Folha - O que pode acontecer
com a Daslu?
Ferreirinha - A Daslu deve
observar e analisar todas as alternativas de mercado. Aliás,
qualquer um tem que considerar todas as oportunidades.
Poucas empresas e marcas, no
entanto, construíram uma relação emocional tão forte com
os clientes como a Daslu. Isso
confere a ela uma capacidade
de recuperação muito grande,
e que é percebida por todos.
Folha - Há outros casos de sonegação fiscal na importação
de produtos de luxo? Isso é comum?
Ferreirinha - Não, não é comum.
Folha - Com o dólar no patamar atual, vale mais a pena ir a
Miami, Nova York ou Europa
para comprar esses produtos?
Ferreirinha - No segmento de
luxo tradicional o que mais
impacta é o euro, porque lida
com marcas européias. Depois, é muito importante perceber que a manifestação do
consumo de luxo não se dá na
programação de agenda, e sim
com impulso. "Se tenho desejo, compro agora." Se a marca
está no Brasil, eu não penso
em Miami, não penso na Europa. Evidentemente, em um
país como o Brasil, vai ser
mais caro. Tem tributos, tem
importação.
Folha - Há constrangimento
em consumir produtos de luxo
num país pobre como o Brasil?
Ferreirinha - Há, mas não deveria. O mercado de luxo é um
negócio e tem que ser visto como tal. Essa visão do rico exclusivista tem que ficar para
trás. O mercado de luxo movimenta US$ 210 bilhões de dólares no mundo por ano [No Brasil, o setor movimenta cerca de US$ 2,2 bilhões por ano].
É uma atividade de negócios.
Folha - O brasileiro rico é ostentatório?
Ferreirinha - Ostentação não
tem a ver com a riqueza. A ostentação é uma manifestação
humana, não brasileira.
Folha - Quais grifes que ainda
não estão aqui e querem entrar?
Ferreirinha - Há muitas. Gucci, Prada, Dolce Gabanna, todas querem estar no Brasil, seja com investimentos diretos
ou franquia.
PERSONALIDADE DA COMUNICAÇÃO
Octavio Frias de Oliveira, "publisher" do Grupo Folha, recebe na
próxima quarta-feira o Prêmio Personalidade da Comunicação
2006. O prêmio é uma homenagem "às pessoas que decidem os rumos da mídia", segundo o jornalista Eduardo Ribeiro, diretor da
Mega Brasil. A empresa edita a publicação "Jornalistas & Cia." e organiza o 9º Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas, que será realizado em São
Paulo, nos dias 3, 4 e 5 de maio. Frias de Oliveira foi escolhido, de
acordo com Ribeiro, por dirigir um grupo no qual a independência
econômica garante a independência jornalística. A premiação ocorrerá no Centro de Convenções Rebouças, em cerimônia para convidados. O Grupo Folha é formado pelos jornais Folha, "Agora São
Paulo" e "Valor Econômico" (em parceria com as Organizações
Globo) e pelo portal de internet UOL (em sociedade com a Portugal
Telecom).
NO COLDRE
Na falta de verdinhas, o carioca saca o cartão de crédito.
Pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio-RJ mostra
que até em lanchonetes é cada
vez mais comum jogar o pagamento para o mês seguinte.
Em março de 2006, o cartão de
crédito representou 30,4% do
faturamento desses estabelecimentos. Há dois anos, o percentual era de 22,1%.
RECORDE
Os ingressos para o Skol
Beats 2006, dia 13, em São
Paulo, já bateram recorde de
vendas. Há quinze dias do
evento, já foram vendidos 10%
a mais do que em 2005. Somente no primeiro dia de venda 2.000 ingressos foram vendidos.
CRUZADA
A Previ segue na sua cruzada
pela instalação de conselhos
fiscais permanentes nas empresas. Mais quatro atenderam à solicitação do fundo do BB e decidiram instalar os
conselhos. São elas: Forjas
Taurus, WEG, Coteminas e
Grupo Ipiranga
SUPERTOSCANA
O enólogo italiano Renzo Cotarella, da Vinícola Marchesi Antinori, veio ao Brasil na última semana para comemorar os 30 anos do Tignanello, precursor dos supertoscanos
CATA-VIDA
Uma equipe independente
de vídeo da Venezuela desembarca em São Paulo na terça
para registrar a experiência do
programa Cata-Vida, patrocinado pela Petrobras desde
2003 e implantado em dez
municípios da região de Sorocaba (SP). Os 365 catadores incorporados ao programa por meio de cooperativas regionais utilizam a coleta seletiva
de lixo e comercializam o material reciclável, gerando receita para a rede. Há casos de cooperativas que conseguiram elevar em até 51% a renda
familiar de seus catadores. A
equipe venezuelana vai produzir um programa especial
para a TV para levar o exemplo para o país.
CRÉDITO PARA MBA
A Caixa Econômica Federal
lança na terça uma linha de
crédito para financiar cursos
de Pós-Graduação e MBA. O
prazo de financiamento será
de até 36 meses e A taxa de juros de 2,35% ao mês. O valor
do crédito mínimo é de
R$ 1.000,00, e o máximo, de
R$ 30.000,00.
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