São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

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CUT é atacada por apoio ao governo petista

DA REPORTAGEM LOCAL

A CUT, maior central sindical do país, é alvo de críticas de sindicalistas e estudiosos. Eles consideram que a central está mais distante de suas bandeiras históricas, com a perda de autonomia em relação ao governo petista. Como prova disso, citam o fato de o ex-presidente da CUT, Luiz Marinho, ter assumido o cargo de ministro do Trabalho. Mencionam ainda os elogios da direção da central ao governo do PT.
"Estou satisfeito quando olho o passado e com muita expectativa quanto ao futuro. A implementação de um projeto de mudança só é possível com Lula", afirmou João Felício, presidente da CUT.
O que a CUT critica é a falta de crescimento sustentado do país. "O país precisa crescer entre 5% e 6% ao ano para absorver milhões de jovens que querem entrar no mercado de trabalho. Mas não há dúvida que esse governo foi bem melhor que o anterior", diz.
Para José Maria de Almeida, presidente do PSTU e um dos dirigentes da Conlutas, entidade formada por movimentos populares e sindicatos que deixaram a CUT desde 2003, o sindicalismo passa por uma "profunda" crise. "Essa crise se expressa com a ausência gritante da CUT nas mobilizações mais importantes do país, como as contra a corrupção no governo Lula. A central deixou de ser um instrumento de defesa dos interesses dos trabalhadores quando resolveu se bandear para o governo. Várias entidades de servidores saíram da central."
"A CUT está no poder e as pessoas acham que isso é o fim do mundo. A central está alinhada ao seu partido. Mas enfrenta um dilema: defende os trabalhadores e apóia o governo." Apesar das críticas, Cardoso diz que a CUT não perdeu espaço no governo Lula.
Em 2002, a CUT representava 3.309 entidades. No primeiro ano do governo Lula, o número aumentou para 3.341. Até março deste ano, chegou a 3.490.
"A perda de autonomia pode comprometer a CUT no futuro, mas a central mantém a hegemonia", diz Arnaldo Mazzei Nogueira, professor da PUC-SP e da USP. "Reconheço que não conseguimos avançar como oposição. Mas vamos crescer. Desde 2003, registramos 150 sindicatos a mais por ano", diz Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical.
Para Nogueira, houve um retrocesso no movimento sindical. "Em vez de os sindicatos se unirem, se organizarem por ramo de produção, por exemplo, como defendiam os cutistas e os sindicalistas que estão hoje no poder, a fragmentação aumentou. O número de sindicatos cresce, mas sem a devida representatividade. Essa fragmentação propicia o "peleguismo" sindical." No primeiro ano do governo Lula, 339 novos sindicatos foram registrados no ministério. Em 2005, o número subiu para 398. O MTE informa que tem de registrar as entidades, como determina a portaria de 343, de 2000. (CR e FF)

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