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CUT é atacada por apoio ao governo petista
DA REPORTAGEM LOCAL
A CUT, maior central sindical
do país, é alvo de críticas de sindicalistas e estudiosos. Eles consideram que a central está mais distante de suas bandeiras históricas,
com a perda de autonomia em relação ao governo petista. Como
prova disso, citam o fato de o ex-presidente da CUT, Luiz Marinho, ter assumido o cargo de ministro do Trabalho. Mencionam
ainda os elogios da direção da
central ao governo do PT.
"Estou satisfeito quando olho o
passado e com muita expectativa
quanto ao futuro. A implementação de um projeto de mudança só
é possível com Lula", afirmou
João Felício, presidente da CUT.
O que a CUT critica é a falta de
crescimento sustentado do país.
"O país precisa crescer entre 5% e
6% ao ano para absorver milhões
de jovens que querem entrar no
mercado de trabalho. Mas não há
dúvida que esse governo foi bem
melhor que o anterior", diz.
Para José Maria de Almeida,
presidente do PSTU e um dos dirigentes da Conlutas, entidade
formada por movimentos populares e sindicatos que deixaram a
CUT desde 2003, o sindicalismo
passa por uma "profunda" crise.
"Essa crise se expressa com a ausência gritante da CUT nas mobilizações mais importantes do
país, como as contra a corrupção
no governo Lula. A central deixou
de ser um instrumento de defesa
dos interesses dos trabalhadores
quando resolveu se bandear para
o governo. Várias entidades de
servidores saíram da central."
"A CUT está no poder e as pessoas acham que isso é o fim do
mundo. A central está alinhada ao
seu partido. Mas enfrenta um dilema: defende os trabalhadores e
apóia o governo." Apesar das críticas, Cardoso diz que a CUT não
perdeu espaço no governo Lula.
Em 2002, a CUT representava
3.309 entidades. No primeiro ano
do governo Lula, o número aumentou para 3.341. Até março
deste ano, chegou a 3.490.
"A perda de autonomia pode
comprometer a CUT no futuro,
mas a central mantém a hegemonia", diz Arnaldo Mazzei Nogueira, professor da PUC-SP e da USP.
"Reconheço que não conseguimos avançar como oposição. Mas
vamos crescer. Desde 2003, registramos 150 sindicatos a mais por
ano", diz Paulo Pereira da Silva,
presidente da Força Sindical.
Para Nogueira, houve um retrocesso no movimento sindical.
"Em vez de os sindicatos se unirem, se organizarem por ramo de
produção, por exemplo, como defendiam os cutistas e os sindicalistas que estão hoje no poder, a
fragmentação aumentou. O número de sindicatos cresce, mas
sem a devida representatividade.
Essa fragmentação propicia o "peleguismo" sindical." No primeiro
ano do governo Lula, 339 novos
sindicatos foram registrados no
ministério. Em 2005, o número
subiu para 398. O MTE informa
que tem de registrar as entidades,
como determina a portaria de
343, de 2000.
(CR e FF)
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