São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Equilibrar contas ganhará espaço nas eleições

DA REPORTAGEM LOCAL

O equilíbrio das contas públicas deverá ganhar importância na disputa eleitoral deste ano: os candidatos terão de deixar claro onde vão cortar gastos, já que o ajuste via aumento das receitas está esgotado.
Agora, o desafio é equilibrar o orçamento reduzindo o ônus sobre o contribuinte. Nesse quesito, Geraldo Alckmin tem pontos a favor, mas carrega alguns esqueletos, segundo analistas.
Um dos grandes problemas do Estado é o crescimento dos gastos com inativos (funcionários aposentados e pensionistas), segundo o consultor Clóvis Panzarini. "O Estado tira do Tesouro R$ 9,2 bilhões por ano para pagar inativos. Isso não tem solução e qualquer ajuste será feito no longo prazo."
As despesas com inativos no ano passado totalizaram R$ 11,8 bilhões, segundo dados da Secretaria da Fazenda. As receitas da previdência estadual cobriram apenas R$ 2,5 bilhões desse gasto, sendo que, desse valor, R$ 1,79 bilhão veio das contribuições recolhidas dos servidores. O rombo foi coberto pelo Tesouro estadual. No ano passado, o governo aumentou as contribuições dos funcionários ao sistema previdenciário. Os efeitos da medida, contudo, só ocorrerão no longo prazo.
Outro problema do governo Alckmin é que ele não conseguiu segurar as despesas de custeio, que saltaram de R$ 10,5 bilhões em 2003 para R$ 13,4 bilhões em 2005 -uma expansão de 30%.
O dado positivo é que o investimento também cresceu no período, "mas ainda é baixo, não chega aos níveis de 1998", diz José Roberto Afonso, economista ligado ao PSDB. Os investimentos totalizaram R$ 5 bilhões em 2005, quase um terço do gasto com custeio.
A pedido da Folha, Afonso analisou a execução orçamentária do Estado nos últimos 11 anos e concluiu que "a virtude de Alckmin é que, quando ocorreu a queda das receitas em 2003, por conta da redução da atividade econômica, ele ajustou rapidamente as despesas, provavelmente não repassando a inflação aos salários".

Programa
Segundo Afonso, a questão fiscal deve ser um dos tópicos mais importantes do programa de governo de um candidato tucano. E ela é "muito grata a Alckmin e encontra eco entre os economistas que têm sido ouvidos por ele". Alckmin tem consultado um amplo leque de economistas, mas ainda não se definiu por nenhuma corrente.
Na opinião de Afonso, o embate em torno de um programa econômico não se dará no discurso -que é igual tanto no governo como na oposição e entre as correntes econômicas. "O que vai ocorrer é um debate em torno da credibilidade -o que cada candidato falou e o que fez. E aí conta a experiência de Alckmin como administrador público."
Para os críticos da gestão tucana, entretanto, Alckmin apenas teria dado seqüência à obra de Covas, que é considerado por eles o "pai" do ajuste fiscal. (SB)


Texto Anterior: Contas públicas/Outro lado: Secretário afirma que governo paga dívidas
Próximo Texto: Eletrônicos: Preço da TV de plasma cai depois da Copa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.