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CONTAS PÚBLICAS/OUTRO LADO
Segundo Luiz Tacca Júnior, São Paulo vem quitando parte dos precatórios a cada ano
Secretário afirma que governo paga dívidas
DA REPORTAGEM LOCAL
O ajuste fiscal paulista não tem
precedentes no país, segundo
Luiz Tacca Júnior, secretário da
Fazenda do Estado. Ele nega que o
governo venha contendo o pagamento de precatórios, mas reconhece que existe um estoque de
R$ 13 bilhões que não foi pago.
"Desde 2002, o governo vem
quitando parte desse estoque",
afirma. Segundo o secretário, se
fosse acelerado o pagamento dos
precatórios atrasados, São Paulo
não teria superávit primário nem
pagaria sua dívida, que consome
R$ 6 bilhões por ano.
A seguir, os principais trechos
da entrevista do secretário.
(SB)
Folha - O ajuste fiscal não é mérito de todos os Estados e, em última
instância, da Lei de Responsabilidade Fiscal?
Luiz Tacca Júnior - Dizer que o
ajuste fiscal aconteceu a partir da
lei, no caso de São Paulo, não é razoável. A Lei de Responsabilidade
Fiscal veio consolidar o ajuste iniciado em 1995 pelo governo Covas. O ajuste paulista foi sem precedentes, pois é preexistente à lei
de refinanciamento das dívidas
dos Estados e à LRF. E também
pela magnitude: estamos falando
do maior Estado da federação, do
maior PIB [Produto Interno Bruto] e do maior problema na ocasião -uma dívida muito grande.
Folha - O grosso do esforço fiscal
ocorreu no governo Covas?
Tacca Júnior - É, aí começa o movimento de estabelecimento de
um regime de responsabilidade
fiscal no Estado. Ele assume com
déficit de R$ 11 bilhões por ano
entre 1991 e 1994. Em 1996, praticamente zera o déficit e, de 1997
em diante, já com o refinanciamento da dívida pelo acordo com
o governo federal, tem-se assegurado permanentemente o superávit primário do Estado.
Folha - A contenção do pagamento de precatórios é uma das razões
do superávit primário do Estado?
Tacca Júnior - Todo ano temos
um orçamento de precatórios a
pagar -são os precatórios que
entraram no período. Há, ainda,
os que ficaram do passado que estamos carregando. Estamos conseguindo pagar um fluxo de precatórios maior do que aquele orçado anualmente. Isso significa
que o estoque está caindo -hoje
é de R$ 13 bilhões, em valores
atualizados. Desde 2002, estamos
quitando parte do estoque.
Folha - Se o governo acelerar o
pagamento desse estoque continuará tendo superávit?
Tacca Júnior - Aumentar o pagamento de precatórios significa
cortar despesas. Não estou tendo
dinheiro equivalente a isso sendo
acumulado no meu caixa. O superávit primário que nós estamos
fazendo está sendo usado para
pagar a dívida com o governo federal -são R$ 6 bilhões por ano.
Se aumentar o ritmo do pagamento de precatórios, não faço
superávit e não pago a dívida.
Folha - Uma crítica que se faz a
Alckmin é que ele não deu um segundo passo após o ajuste feito por
Covas, pois o investimento é baixo.
A crítica tem fundamento?
Tacca Júnior - Não é verdade. O
investimento como porcentagem
da receita corrente líquida subiu
em 2004/5. Na lei orçamentária
para 2006, os investimentos correspondem a 10% dessa receita.
Folha - Mas o Estado ficou com
saldo de caixa de R$ 9 bilhões em
2005, quase o dobro dos R$ 5 bilhões de investimento. Por quê?
Tacca Júnior - Uma boa gestão de
caixa se faz tendo recursos que assegurem o cumprimento das
obrigações. Tenho de ter uma gestão prudente para enfrentar qualquer dificuldade temporária. Numa situação dessas, tenho de ter
caixa para pagar salários e outros
pagamentos de curto prazo.
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